
Por fim, com grande confiança em sua
infinita misericórdia, dirás: “Senhor, que és todo amor e perdão,
perdoa-me, e não mais permitas que eu me separe de ti, nem te ofenda!”.
Feito isso, não fiques imaginando se Deus te perdoou ou não, pois isso
seria soberba, desassossego, perda de tempo e engano do demônio.
Abandona-te simplesmente nas amorosas mãos de Deus e continua o teu
exercício como se nunca tivesses caído. E se voltares a cair várias
vezes ao longo do dia, e te sentires ferida no combate, faz o mesmo, com
a mesma confiança, na segunda, na terceira e até na última como na
primeira; e, humilhando-te cada vez mais e odiando cada vez mais o
pecado, esforça-te para agir de maneira mais prudente.
Essa prática desagrada muito ao demônio,
tanto por ver-se derrotado, quanto por saber que a tua vitória agrada
muito a Deus. Por isso, ele usa de diversos truques para fazer-nos
abandonar o bem, conseguindo-o às vezes pelo nosso descuido e pouca
vigilância
sobre
nós mesmos; essa é a razão pela qual, quanto mais dificuldade
encontrares nesse exercício, mais empenho deverás colocar em repeti-lo
várias vezes, ainda que tenhas caído apenas uma vez.

E se, depois da queda, te sentes
confusa, inquieta e desconfiada, a primeira coisa que deves fazer é
recuperar a paz, a tranquilidade do coração e a confiança, e com estas
armas recorrer à ajuda de Deus.
O modo de recuperar a paz é deixar de
pensar na falta para considerar a bondade inefável de Deus, que está
sempre totalmente disposto a perdoar qualquer pecado, por mais grave que
seja, chamando o pecador de mil maneiras e por mil caminhos diferentes
para santificá-lo com Sua graça nesta vida e fazê-lo eternamente feliz
na glória eterna.
Uma vez que, com semelhantes
considerações, tenhas tranquilizado o teu espírito, volta a pensar em
tua falta, para dela te arrependeres. E, quando chegar o momento da
confissão sacramental- que aconselho-te a praticar com frequência-,
volta ao exame de tuas faltas e, com renovada dor e arrependimento pela
ofensa a Deus e propósito de não voltar a ofendê-lo, relata ao confessor
de tuas quedas.
Retirado do livro “O Combate Espiritual”, de Lorenzo Scupoli
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