quarta-feira, 28 de agosto de 2013

52,8% da população têm peso acima do ideal

A frequência de obesidade na Capital passou de 12%, em 2006, para 18%, afirma o Ministério da Saúde
A universitária Rebecca Fontenele perdeu 45 kg após cirurgia bariátrica e reeducação alimentar. Espera não "achá-los" novamente. Deu fim à vida de obesa e segue hoje uma outra leve, bem mais saudável, dentro das medidas ideais. Mas essa não é a realidade da maioria da população de Fortaleza: a Capital tem hoje 52,8% da população com excesso de peso, considerando o Índice de Massa Corpórea (IMC).

Além da busca por saúde, o problema tem lotado consultórios e aumentado a procura por nutricionistas para readequação alimentar FOTO: KIKO SILVA

Esse dado reflete uma situação nacional, aponta pesquisa, divulgada ontem, de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2012), realizada pelo Ministério da Saúde.

Conforme o referido estudo, a frequência de obesidade e excesso de peso na população da Capital passou de 12% e 42,5%, em 2006, para 18,8% e 52,8%, respectivamente. O aumento ocorre tanto em homens quanto mulheres. Em Fortaleza, o percentual de homens obesos subiu de 14,1% para 18,7% e com excesso de peso de 49,5% para 56,5%.

Entre as mulheres, os índices de obesidade aumentaram de 10% para 18,8% e de excesso de peso de 35,8% para 49,6%, segundo Vigitel. Rebecca Fontenele já esteve nesta estatística, hoje luta para continuar longe dela.

A capital com maior taxa de adultos com excesso de peso é Campo Grande (56%), seguida de Porto Alegre e do Rio Branco, com 54%, Recife, com 53,3% e de Fortaleza, com 52,8%.

Mudanças
"Por eu estar acima do peso, minha saúde era muito debilitada. Sempre que praticava esporte, sentia dores em alguns pontos do meu corpo, como joelho, por exemplo, costas e demais locais que eu forçava. Fora o grande risco de diabetes e colesterol alto, que hoje, com a diminuição do peso, eu não corro mais tanto risco assim", desabafa Rebecca.

Feliz com sua nova forma, a universitária confessa: é difícil manter o peso, o mundo hoje nos seduz muito a comer fast-food e não se exercitar. "Depois que emagreci 45 kg, me sinto mais feliz, pois estou bem comigo mesma. Minha alimentação mudou. Eu só tenho a dizer que isso sim é vida saudável", diz.

O Vigitel retrata os hábitos da população e é um importante instrumento, segundo o Ministério da Saúde, para desenvolver políticas de saúde preventiva.

Nesta edição, foram entrevistados 45.448 mil adultos em todas as capitais, entre mês de julho de 2012 e fevereiro de 2013.

Gordura
Um dos vilões, segundo a pesquisa, é o consumo em excesso de gordura saturada. O estudo confirmou que 31,4% da população da Capital ingere carne gordurosa e 54,3% consomem leite integral regularmente. Os refrigerantes também têm consumidores fiéis em Fortaleza, 19,7% tomam esse tipo de bebida pelo menos cinco vezes por semana.

O cirurgião Luiz Moura, médico do Núcleo do Obeso do Ceará, avalia que a população está cada vez engordando mais, comendo de forma errada e se rendendo aos hábitos sedentários. "As pessoas têm que fazer uma reeducação comportamental, uma mudança de estilo de vida. Ter que se educar já dentro de casa. Se perguntar: ´o que tenho na geladeira, mais frutas ou refrigerantes?´", indaga o cirurgião.

Para ele, tudo passa por escolhas, opções de vida. "Existem 168 horas por semana, por exemplo, que tal dedicar 3,6% desse tempo, só seis horas semanais, para se exercitar?, questiona.

Doenças
Além do incômodo com a estética, a busca por saúde tem lotado os consultórios clínicos. A nutricionista Cristina Praciano observa essa mudança. Em 20 anos de profissão, nunca viu tanta gente preocupada com o peso ideal.

"A procura por um especialista é grande, estamos sempre lotados. Muitos recorrem à ajuda médica por temerem as enfermidades", relata a nutricionista. Segundo ela, uma média de 60% das doenças se dão por conta de erros alimentares, principalmente. "As pessoas vão deixando, se descuidando, quando veem, já estão obesas. O desafio é mudar a conduta e pensar no futuro".

IVNA GIRÃOREPÓRTER



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