Grupo de Pesquisa em Nutrição da Uece mostra que o consumo de frutas regionais também pode ser um aliado na prevenção e tratamento de doenças crônicas
Sapoti, cajá, maracujá, goiaba, tamarindo e água de coco. Quem de nós já não se deliciou com alguma dessas frutas regionais, extraídas do pé, que in natura ou geladinha aplacou a sede à beira-mar? Porém, mesmo que o consumo de frutas seja uma opção saudável, uma parcela da população deve moderar ou restringir a ingestão sob pena de elevar a glicemia. Quem tem diabetes sabe como é vital monitorar para que a glicemia não aumente.
Como a maioria das tabelas de Índice Glicêmico (IG) são internacionais, é difícil encontrar itens regionais, dificultando as prescrições de nutricionistas que desejam usar o IG na rotina de atendimentos.
Mas como ´evitar´ ou ´liberar´ o consumo sem o devido embasamento científico? Ciente da importância dessa ferramenta, o grupo de pesquisa em Nutrição e Doenças Crônicas da Universidade Estadual do Ceará (Uece) investigou alimentos cujo IG ainda não havia sido descoberto.
De uma lista de mais de 30 itens, o grupo divulgou os primeiros resultados, com destaque para as frutas, informa a pesquisadora Tatiana Uchôa Passos, nutricionista, mestre em Saúde Pública, professora da Uece e do Centro Universitário Estácio do Ceará. A coordenação do grupo é da nutricionista Helena Alves de Carvalho Sampaio, doutora em Farmacologia, Profa. Emérita da Uece.
O teste, realizado em voluntários saudáveis, observou como o organismo reagia após ingerir cada um dos alimentos de uma relação pré-estabelecida, comparando este efeito ao da ingestão da glicose (alimento padrão), ambas após um jejum de 12 horas. A escolha do cajá, goiaba, maracujá, sapoti, tamarindo e água de coco levou em consideração o hábito alimentar do cearense, tendo como parâmetro a classificação de IG de Brand Miller et al. (1999), que aponta como baixo os alimentos com IG menor que 55, moderado de 55 a 69 e alto, maior ou igual 70.
Resultados
Para Tatiana Passos, os resultados foram animadores, demonstrando que "em quantidades moderadas, podem ser consumidas, inclusive por diabéticos". Em relação às outras cinco frutas, a exceção foi a água de coco, cujo índice foi moderado.
Por protocolo, as quantidades testadas foram previamente determinadas, algumas acima do habitual de consumo, como a água de coco (cerca de 960ml). Detalhe: a média habitual de consumo pela maioria das pessoas é de um copo ou 240 a 300ml. "Mesmo que tenha obtido resultado moderado, pode-se afirmar que, se consumido moderadamente, dentro de um hábito diário saudável, não precisa ser proibido", diz. No caso do maracujá, cajá e tamarindo foi testado o suco concentrado (sem açúcar e coado), com 391, 244 e 73 gramas da fruta; a goiaba (417 gramas) e o sapoti (313 gramas) in natura.
Tatiana Passos lembra que "o consumo exagerado e/ou com adição excessiva de açúcar pode fazer com que este potencial, embora baixo, manifeste-se em resultados não saudáveis. Isso pode ocorrer, por exemplo, com frutas sazonais devido ao aumento natural no consumo".
GIOVANNA SAMPAIOEDITORA DO VIDA
Equilíbrio
"É importante tirar proveito destas descobertas, mas sempre com o acompanhamento periódico do nutricionista"
Tatiana uchôa PassosNutricionista, Mestre em Saúde Pública
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