Você já percebeu que o mundo está dominado pelo consumismo, pela vaidade do corpo, pelo amor à vanglória e pela busca do prazer (hedonismo).
O importante hoje é a “cultura do corpo”, não mais a do espírito; e esta inversão pôs o homem de cabeça para baixo. Por isto ele está desnorteado, sem rumo.
As academias de ginástica, os salões de beleza, os consultórios dos cirurgiões plásticos, se multiplicam a cada dia, mas os homens e as mulheres continuam infelizes. Falta-lhes algo invisível…
A indústria de cosméticos é uma das que mais fatura em todo o mundo…
O valor maior da pessoa humana é o espírito, a alma criada à imagem do Criador; depois vem o corpo, a bela morada da alma.
Se o corpo pesa sobre o espírito, este agoniza, e o homem fica aniquilado, frustrado, vazio.
Se você bater num tambor cheio de água, ele não fará barulho; mas se você bater num tambor vazio, vai fazer um barulhão.
Os homens também são assim, fazem muito barulho quando estão vazios…
Se a hierarquia de valores for invertida, a grandeza do homem fica comprometida.
Quando você permite que as paixões do corpo sufoquem o espírito, não há mais homem ou uma mulher em você, mas uma “caricatura” de homem ou de mulher.
O homem do século XX dominou a matéria e a tecnologia, mas lamentavelmente está de cabeça para baixo. É por isso que vimos a matança de dez milhões de irmãos na primeira guerra mundial, cinquenta milhões na Segunda e mais de cem milhões de vítimas do comunismo.
Além disso, saiba de uma realidade muito triste: neste século das maravilhas da tecnologia, não houve um dia sequer sem que houvesse, em algum lugar do planeta, uma guerra.
Em nenhum dia deste século XX que a pouco terminou, a humanidade conheceu cem por cento o gosto da paz!
Não é a toa que a nossa geração é a que mais consome antidepressivos e remédios para dormir, e necessita cada vez mais de psicólogos e psiquiatras.
Não é mais o corpo que está doente; é a alma. E quando o espírito adoece, toda a pessoa fica enferma.
A cultura do corpo, da glória e do prazer deixa um vazio; porque o homem só pode se satisfazer com aquilo que está acima dele, e não com o que está abaixo.
O prazer, sobretudo se é imoral, passa e deixa sabor de morte; a alegria, que é a satisfação do espírito, deixa gosto de vida.
Se você se frustar no nível biológico, porque tem algum defeito físico, pode sublimar esta frustração e ser feliz se realizando num nível mais alto, o da cultura, o do saber.
Se você não pode se realizar no nível racional, pode se realizar no nível espiritual, que é o mais elevado, numa relação íntima com Deus.
Mas se você desprezar o nível espiritual, não poderá se realizar porque acima deste não há outro onde possa buscar a compensação.
Lembre-se: “O essencial é invisível aos olhos”.
A razão é simples: tudo que é visível e material passa e acaba; o invisível, o espiritual, fica para sempre.
Você sabe que todos os seres criados voltam ao seu nada, voltam ao pó da terra. Por quê?
Porque a força que os mantém vivos está em cada um, mas não lhes pertence.
O poder de ser uma rosa está na rosa, mas não é da rosa.
Quando você vê uma bela flor murchar, é como se ela estivesse lhe dizendo: “a beleza estava em mim, mas não me pertencia; Deus a tinha me emprestado”.
Quando uma bela artista envelhece, e surgem as rugas, ela está dizendo que a beleza estava nela, mas não era propriedade sua.
Deus disse a Moisés: “Eu Sou Aquele que Sou! Yahweh!”. Isto quer dizer: Somente EU sou a fonte da vida, e todos os seres dependem de Mim para existir.
Se você ficar cultivando apenas o seu belo corpo e esquecer da sua alma, amanhã estará amargurado, pois, do mesmo jeito que a rosa murchou, o seu corpo também envelhecerá; e isto é para todos, de maneira inexorável.
Por outro lado, quanto mais você viver, mais a alma pode se tornar bela e jovem, mais o espírito pode se renovar.
São Paulo expressou muito bem esta mensagem cristã: “É por isso que não desfalecemos. Ainda que exteriormente se desconjunte nosso homem exterior, nosso interior renova-se de dia para dia… Porque não miramos as coisas que se veem, mas sim as que não se veem . Pois as coisas que se veem são temporais e as que não se veem são eternas”. (2Cor 4,16-17)
Você não foi criado apenas para esta vida transitória e passageira, onde tudo fica velho e se acaba. Você foi feito para a eternidade; para uma vida que nunca acaba.
Santo Agostinho, um dia chegou a esta conclusão: “De que vale viver bem, se não posso viver sempre?”. Para você viver sempre, vai precisar cultivar a sua alma, muito mais do que o seu corpo.
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