Dentro da Oitava de Natal e no coração do Mistério da Encarnação celebra-se a Festa da Sagrada Família. Foi proposta por Leão XIII a iniciativa de várias conferências episcopais, em especial a do Canadá, que já em 1893 viam ameaças e desejos de desconstruir a família cristã. Embora naquele tempo o principal desafio era a afirmação do individualismo contratualista que desmanchava o vinculo conjugal sem muitas cerimônias, hoje está em crise a própria idéia de família e de pessoa humana, o que causa certamente mais perplexidades e contradições.
O Evangelho da família está ancorado no Natal de Jesus Cristo, pois a encarnação exige a inserção numa família humana, para o desenvolvimento da pessoa, ter um nome e fazer parte de um povo e de uma cultura. Jesus inicia sua obra redentora santificando e salvando a família, tornando-a o primeiro espaço de humanização e evangelização. A liturgia da Palavra desta festa é muito rica para alimentar uma verdadeira espiritualidade conjugal e familiar centrada no amor, na compreensão, na autoridade servidora e edificadora dos pais, no perdão, na cooperação e na hospitalidade cristã, valores permanentes que fortalecem e enaltecem o grupo familiar.
Como afirma a oração coleta a Sagrada Família é um modelo a ser buscado e vivenciado por todas as famílias, mais que um protótipo estático e abstrato, que esqueceria as dificuldades, problemas e conflitos que o lar de Nazaré teve que assumir para proteger, educar e seguir a Jesus o Salvador.
Foi uma família perseguida de refugiados no Egito, e na própria cidade de Nazaré rejeitaram o Filho de Deus, sendo considerado louco pelos familiares do lugar. Isto prova que a família cristã, como comunidade de fé, esperança e caridade, sendo fiel a Jesus deverá passar também por tribulações, conflitos e confrontos com os Herodes do poder de cada época, porém encontrarão sempre a dita e a felicidade de estarem firmados na verdadeira Rocha que é o Cristo, Senhor das famílias.
A família cristã está chamada a revelar as outras a alegria e a beleza de ser e de se ter uma família, que para nós o Povo da Vida, será sempre a instituição que Deus quis e criou em primeiro lugar, a escola da mais rica e profunda humanidade, a célula básica da sociedade, o santuário da vida e o melhor eco sistema, o empreendimento da maior rentabilidade, o mais valioso recurso da sociedade e do estado, o patrimônio mais rico da humanidade.
Que Jesus esteja sempre com nossas famílias para abençoá-las e santificá-las tornando-as cada vez mais missionárias da paz e do amor. Deus seja louvado!
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
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