quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A Oração Mental

man-praying-to-GodTodos os cristãos costumamos falar com Deus: fazer oração.
Umas vezes utilizamos orações já existentes, como os Salmos, o Terço, as orações e os cânticos litúrgicos, outros hinos, poemas e cânticos religiosos: essa é a oração vocal. Outras vezes, falamos com Deus em silêncio, só com os nossos pensamentos e com os sentimentos do nosso coração, sem nenhuma fórmula fixa: é a oração mental. Hoje, vamos refletir um pouco sobre ela.
Penso que todos nós gostaríamos de ter com frequência um diálogo espontâneo com Deus, em que falássemos com Ele sobre a nossa vida, os nossos trabalhos, os nossos anseios, os desejos de servir; ou os problemas, dúvidas, indecisões… Mas a verdade é que nem sempre conseguimos. Pode até ser que tenhamos desistido de tentar porque achamos que “para mim, não dá”.
Hoje gostaria de lhe dizer que vale a pena fazer um esforço. Porque a oração mental, quando aprendemos a fazê-la (coisa que pode demorar um pouco), é uma fonte maravilhosa de paz, de luz, de perspectivas, de alegrias. Tente! Para ajuda-lo, vou começar sugerindo-lhe algumas ideias:
Primeiro, precisamos de uma hora e lugar certos. O Catecismo da Igreja Católica diz: <<A escolha do tempo e da duração da oração mental depende de uma vontade determinada… Não fazemos oração quando temos tempo: reservamos um tempo [...] com a firme determinação de [...] não o tomarmos de volta>> (n.2710).
Jesus disse: entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo (Mt 6,6). O lugar pode ser o seu quarto, uma igreja ou uma capela sossegada, ou um jardim ou uma montanha durante uma excursão… ; o importante é que possa estar só e tranquilo para se concentrar (não a faça deitado na cama, porque vai cochilar!. E a duração, para começar, pode ser, por exemplo, de dez minutos diários; depois pode ser conveniente aumentá-la.
Não esqueça, porém, que uma oração mental íntima, de “linha direta” com Deus, pode surgir a qualquer momento e em qualquer lugar. Aproveite todas as inspirações do Espírito Santo.
Continuemos tratando da oração habitual, em hora e lugar certos. Antes de falar nada, comece pensando no seu interlocutor, em Deus. Faça um ato de fé na presença d’Ele. Por exemplo: “Creio firmemente que estás aqui, que me vês, que me ouves”, “Senhor, que eu te veja com os olhos da fé!”
Inicie o diálogo com simplicidade. Diga-lhe mentalmente, por exemplo: “Senhor, me ajude a falar consigo”, ou “Jesus, não sei o que dizer”, ou “Meu Deus, me desculpe, mas hoje vou começar pedindo uma coisa que muito desejo”. Se não lhe ocorre nada, faça então como aquele rapaz, distribuidor de leite em domicílio – conhecido de são Josemaria -, que abria a porta da igreja e só dizia: “Jesus, aqui está João, o leiteiro!”.
“As palavras na oração – diz o Catecismo da Igreja – não são discursos, mas gravetos que alimentam o fogo do amor” (n. 2717).
Às vezes pense num assunto concreto, para falar dele com simplicidade, por exemplo, pergunte a Jesus: “Senhor, por que me irrito sempre com Fulano?” Peça-lhe luz e tente ser sincero diante d’Ele: “Será que eu não sou orgulhoso demais, e por isso não sei compreender esta pessoa?”
Leve sempre um livro de orações ou de reflexões espirituais. Quando se sentir seco, sem saber o que dizer, abra-o e leia um trechinho. Essa leitura breve poderá ser a “pista de decolagem” da oração mental e, às vezes, o levará a transformar a oração mental numa meditação mais reflexima.
Uns vão precisar de mais posta para decolar – ler um trecho mais longo -, outros de menos. O importante é que, quando uma ideia da leitura nos atinja, façamos o esforço de refletir um pouco e tentar descobrir alguma aplicação prática: “Isso é o que eu deveria fazer!” Se isso acontecer, peçamos a Deus forças para melhorar naquele ponto, e agradeçamos-lhe as inspirações que Ele despertou em nós.
Um exemplo de um texto brevíssimo, que poderia ser “pista de decolagem” de uma boa oração mental, é o ponto n. 814 do livro Caminho: “Um pequeno ato, feito por Amor, quanto não vale!”. Fale disso com Deus: “Senhor, quantos atos pequenos – como um sorriso, um pormenor de ordem material, uma pequena ajuda no trabalho – eu poderia ter feito hoje com amor, e não os fiz! Ajude-me a enxergar essas coisas e a fazê-las”.
Peça e proponha-se algumas dessas ações; por exemplo, dizer “bom dia” de modo mais cordial em casa, ou na escola, ou no escritório. Só isso já seria um bom fruto da oração mental.
FAUS, Francisco. Para estar com Deus, Conselhos de Vida Interior. 2ª ed. Editora Cultor de Livros: São Paulo, SP,2012.p.13

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