O Evangelho não fala de sete sacramentos, mas vai enumerando todos os sete, instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo:
O Batismo
Sua instituição e preceito estão positivamente
marcados nos seguintes textos: "Em verdade vos digo, disse Jesus a
Nicodemos, quem não renascer da água e do Espírito Santo, não pode
entrar no reino de Deus" (Jo 3, 5). "Ide, ensinai todas as gentes,
disse Jesus a seus discípulos, batizando-as, em nome do Pai, do Filho e
do Espírito Santo" (Mt 28,19). "O que crer e for batizado, será
salvo", (Mc 16, 61). "Recebe o batismo e lava os teus pecados", disse
Ananias a Saulo (At 22, 16). Os Apóstolos administravam o batismo a
todos os que desejavam alistar-se na religião nova. Três mil pessoas
receberam o batismo das mãos de S. Pedro, no dia de pentecostes (At 2,
38-41).
A Crisma
Os atos dos apóstolos provam que o seu rito
exterior consiste na imposição das mãos, diferente do batismo que
utiliza a água. Os apóstolos Pedro e João, enviados a Samaria, "punham
as mãos sobre os que tinham sido batizados", e recebiam estes o
Espírito Santo (At 8, 12-17). Do mesmo modo, S. Paulo, vindo a Éfeso,
batizou, em nome de Jesus Cristo, discípulos de João e a "eles impôs
as mãos, para que o Espírito Santo baixasse sobre eles" (At 19, 1-6).
Para que S. Paulo imporia as mãos sobre quem já era batizado se a
Crisma não fosse um sacramento que confirmasse o Batismo, completando
os dons do Espírito Santo? Segundo estes textos, compreende-se
claramente que Pedro e João de um lado, e Paulo de outro, deram o
Espírito Santo, pela imposição das mãos. Ora, uma tal prática seria
ridícula, se eles o fizessem fora da vontade e das prescrições do
Mestre. A Crisma é, pois, um sacramento instituído por Nosso Senhor.
A Eucaristia
A palavra "Eucaristia" provém de duas palavras
gregas "eu-cháris": "ação de graça", e designa a presença real e
substancial de Jesus Cristo sob as aparências de pão e vinho.
Essa presença não foi contestada nem mesmo por
Lutero. Em carta a seu amigo Argentino (De euch. dist. I, art.)
falando sobre o texto evangélico "Isto é o meu corpo", ele diz: "Eu
quereria que alguém fosse assaz hábil para persuadir-me de que na
Eucaristia não se contém senão pão e vinho: esse me prestaria um
grande serviço. Eu tenho trabalhado nessa questão a suar; porém
confesso que estou encadeado, e não vejo nenhum meio de sair daí. O
texto do Evangelho é claro demais".
Eis, em S. João, os termos de que Jesus Cristo
se serviu, falando a primeira vez deste grande sacramento: "Eu sou o
pão da vida; vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o
pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. Eu sou o
pão vivo, que desci do céu. Se alguém comer deste pão, viverá
eternamente, e o pão que eu darei é a minha carne, para a vida do mundo"
(Jo 6, 48-52).
Que clareza nessas palavras! Que quer dizer
isso: "Eu sou o pão vivo - o pão que eu darei é a minha carne". É ou
não é a carne de Cristo? É ou não é Cristo que será o pão que deve ser
comido? Será que Deus não saberia se expressar direito se desejasse
fazer uma simples alegoria?
E não é só isso! Nosso Senhor continua, cada
vez mais positivo e mais claro: "Se não comerdes a carne do Filho do
Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. O que
comer a minha carne e beber o meu sangue terá a vida eterna. Porque a
minha carne é verdadeiramente comida, e o meu sangue é verdadeiramente
bebida. O que come a minha carne e bebe o meu sangue, fica em mim e eu
nele. O que me come... viverá por mim. Este é o pão que desceu do
céu... O que come este pão, viverá eternamente!" (Jo 6, 54 - 59).
Eis um trecho claríssimo, que não deixa margem
à dúvidas. Nosso Senhor afirma categoricamente: "... minha carne é
verdadeiramente comida". É impossível negar algo tão claro: a carne de
Cristo, dada aos homens para remissão dos pecados, é para ser comida; e
quem comer desta carne "viverá eternamente".
Cristo afirma, repete, reafirma, e explica que
o pão que ele vai dar é o "seu próprio corpo" - que seu corpo é uma
"comida" - que seu sangue é uma "bebida" - que é um pão celeste que dá a
vida eterna.
Ao negar a presença eucarística, se nega as palavras de Cristo.
Cristo diz: "Este é o meu corpo".
Cristo ajunta: "Minha carne é verdadeiramente comida".
Cristo completa: "O que me come... viverá por mim.".
Cristo repete: "O que come a minha carne, fica em mim".
A posição daqueles que rejeitam as verdades dos
sacramentos, é igual a posição que tomaram os fariseus: "Como pode
este dar-nos a sua carne a comer?" (Jo 6, 53). Retiram-se murmurando:
"É duro demais, quem pode ouvir uma tal linguagem!" (Jo 6, 67).
Que fará Jesus, dissipa o equívoco e explica
que é simbólico o que Ele acaba de dizer, para que não se perdessem os
que se retiravam?
Não! Vira-se para seus Apóstolos e, num tom que
não admite réplica, pergunta: "E vós também quereis abandonar-me?" (Jo
6, 68). É como se afirmasse: quem não desejar aceitar a verdade, que
retire-se com os outros! A verdade é essa e não muda.
E S. Pedro lança este sublime brado de fé:
"Senhor, para quem havemos de ir? Tu tens as palavras de vida eterna. E
nós cremos e conhecemos que tu és Cristo, o Filho de Deus" (Jo 6,
67-70).
É a cena da promessa da eucaristia, que ia
sendo preparada por Nosso Senhor em seus Apóstolos, que acreditavam e
amavam mesmo sem entender!
Aos que não acreditam nessa graça, cabe uma
pergunta muito objetiva: Seria possível Cristo ser tão solene e tão
claro, utilizando palavras tão majestosas e escandalizando a tantos
incrédulos, apenas para prometer-nos um "pedaço de pão", que devemos
comer em sua lembrança?
Seria impossível.
Agora, examinemos a instituição da Eucaristia.
O dia escolhido é a véspera da morte do
Messias. Em meio das ternuras lacerantes do adeus, neste momento onde,
deixando aqueles que se amam, fala-se com mais coração e com mais
firmeza, porque, estando para morrer, não se estará mais para explicar
ou interpretar as próprias palavras. Neste momento, pois, num festim
preparado com solenidade (Lc 22, 12), impacientemente desejado (Lc 22,
15), eis que se passa:
" Tomou em seguida o pão e depois de ter dado
graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado
por vós; fazei isto em memória de mim. " (Lc 22, 19).
" Tomou depois o cálice, rendeu graças e
deu-lho, dizendo: Bebei dele todos, porque isto é meu sangue, o sangue
da Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão dos pecados.
" (Mt 26, 27-28)
Que magnífica simplicidade e previsão nos termos!
O original grego é mais forte ainda: "Isto é
o meu corpo, meu próprio corpo, o mesmo que é dado por vós - Isto é
meu sangue, meu próprio sangue da nova aliança, o sangue derramado por
vós em remissão dos pecados".
E no texto siríaco, tão antigo como o grego,
feito no tempo dos Apóstolos, diz-se: O que se nos dá "é o próprio
corpo de Jesus, seu próprio sangue".
Não há outro sentido possível nesses textos.
É a presença real afirmada, inequivocamente, pelo Messias, Redentor
nosso, que derramou seu sangue na Cruz por nossos pecados.
Que precisão nas palavras e que autoridade!
Quanto poder nestas palavras: "Lázaro, sai do sepulcro!" E Lázaro sai
imediatamente. "Mulher, estás curada!" E ela fica curada. "Isso é meu
corpo!" E esse é o corpo do Cristo.
E S. Paulo, na sua epístola aos Coríntios (11,
23 - 30): "Eu recebi do Senhor... que, na noite em que foi traído,
tomou o pão. E tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei: isto
é o meu corpo que será entregue por vós; fazei isto em memória de
mim. Do mesmo modo, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Esta é a
nova aliança no meu sangue, fazei isto, todas as vezes que comerdes
este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que
venha. Portanto, qualquer que comer este pão ou beber o cálice
indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se,
pois, o homem a si mesmo... Porque o que come e bebe indignamente,
como e bebe para si mesmo sua própria condenação, não discernindo o
corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes e
muitos que dormem (o sono da morte)" (I Cor 11, 23 - 30).
S. Paulo diz, com esta lógica que lhe é
peculiar: "Quem comer este pão ... indignamente, será culpado do corpo
do Senhor" (1 Cor 11, 27) - e ainda no mesmo sentido: "O que come
indignamente, come a sua própria condenação, não discernindo o corpo
do Senhor" (1 Cor 11, 29).
Ou seja, S. Paulo afirma que, comungando
indignamente, somos culpados do corpo de Jesus Cristo. Ora, como é que
alguém pode ser culpado do corpo de Cristo se este corpo não estiver
no pão que come?
Comer um pedaço de trigo, sem devoção e com a
alma manchada, pode ser um crime, o qual a vítima "come sua própria
condenação"?
Aliás, o que S. Paulo afirma acaba condenando o
protestantismo: É culpado do corpo do Senhor e come sua própria
condenação, quem não discerne o corpo de Cristo de um vulgar pedaço de
pão, e come este pão indignamente.
Eis a verdade irrefutável da Eucaristia.
Confissão
A confissão consiste em um sacramento
instituído por Jesus Cristo no qual o sacerdote perdoa os pecados
cometidos depois do batismo.
Sobre o sacramento da Confissão, devemos analisar o seguinte:
Os homens pecam
É necessário obter o perdão desses pecados
Nosso Senhor instituiu um sacramento para a remissão dos pecados
A confissão deve ser feita a um Padre.
Diferença entre "atrição" e "contrição"
O que é necessário para ser eficaz uma confissão?
Vamos às respostas:
1) Os homens pecam:
Diz a Sagrada Escritura: "O justo cai sete
vezes por dia" (Prov 24, 16). E se o próprio justo cai sete vezes, que
será do pobre que não é justo?
"Não há homem que não peque" (Ecl 7, 21).
"Aquele que diz que não tem pecado faz Deus mentiroso" (1 Jo 1, 10).
O "Livre Arbítrio" humano permite ao homem realizar atos contrários ao seu criador.
2) É necessário obter o perdão desses pecados:
"Nesta porta do Senhor, só o justo pode entrar" (Sl 117, 20).
"Não sabeis que os pecadores não possuirão o reino de Deus?" (1 Cor 6, 9).
Portanto, para entrar no Reino de Deus, é necessário obter o perdão dos pecados.
3) Nosso Senhor instituiu um sacramento:
Qual é o meio que existe para alcançar o perdão dos pecados?
Nos diz S. João: "Se confessarmos os nossos
pecados, diz o Apóstolos, ele é fiel e justo para nos perdoar os
pecados e purificar-nos de toda injustiça" (1 Jo 1, 8).
Todavia, "aquele que esconde os seus crimes
não será purificado; aquele, ao contrário, que se confessar e deixar
seus crimes, alcançará a misericórdia" (Prov. 38, 13). "Não vos
demoreis no erro dos ímpios, mas confessai-vos antes de morrer" (Ecl
17, 26).
A confissão não é nova, já existia no Antigo
Testamento, mas foi elevada à dignidade de Sacramento por Nosso
Senhor, que conhecia a fraqueza humana e desejava salvar seus filhos.
No dia da ressurreição, como para significar
que a confissão é uma espécie de ressurreição espiritual do pecador,
"apareceu no meio dos apóstolos... e, mostrando-lhes as mãos e seu
lado... lhes disse: A paz esteja convosco. Assim como meu Pai me
enviou, eu vos envio a vós. ... soprando sobre eles: recebei o
Espírito Santo... Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão
perdoados, e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (Jo
21, 21 - 23). O mesmo texto encontra-se em S. Mateus (Mt 28, 20).
Como tudo é claro! Nosso Senhor tinha o
poder de perdoar os pecados, como se desprende de S. Mateus (Mt 9,
2-7). Ele transmite esse poder aos seus Apóstolos dizendo: "assim como
o Pai me enviou", isto é, com o poder de perdoar os pecados, "assim
eu vos envio a vós", ou seja, dotados do mesmo poder. E para dissipar
qualquer dúvida, continua: "soprando sobre eles: Recebei o Espírito
Santo..." como se dissesse: Recebei um poder divino... só Deus pode
perdoar pecados: pois bem... "Àqueles a quem perdoardes os pecados,
ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão
retidos" (Jo 21, 21 - 23).
A conclusão é rigorosa: Cristo podia perdoar
os pecados. Ele comunicou este poder aos Apóstolos e por eles aos
sucessores dos Apóstolos: pois a Igreja é uma sociedade "que deve
durar até o fim do mundo" (Mt 28, 20).
O livro dos Atos dos Apóstolos refere que quem
se convertia "vinha fazer a confissão das suas culpas" (At 19, 18).
Aqui nós começamos a refutar uma
argumentação dos protestantes: cada um se confessa diretamente com Deus.
4) A confissão deve ser feita a um padre:
Pelo próprio livro dos Atos dos Apóstolos,
quando se afirma que o convertido "vinha fazer a confissão", fica
claro que era necessário um deslocamento da pessoa para realizar a
confissão junto aos Apóstolos, pois o verbo "vir" é usado por quem
recebe a visita do penitente.
Se a confissão fosse direta com Deus,
bastaria pedir perdão de seus pecados, sem precisar 'ir' até a Igreja.
Aliás, S. Tiago é explícito a esse respeito:
"confessai os vossos pecados uns aos outros, diz ele, e orai uns pelos
outros, a fim de que sejais salvos" (Tgo 5, 16). Isto é, confessai
vossos pecados a um homem, que tenha recebido o poder de perdoá-los.
De qualquer forma, a instituição do
Sacramento deixa claro o poder que Nosso Senhor conferiu à sua Igreja.
Sem a vontade de se confessar com um outro
homem, o pecador demonstra que seu arrependimento não é profundo, pois
ele não se envergonha mais de ofender a Deus do que de expor sua
honra. No fundo, ama a si mesmo mais do que a Deus e pode estar
cometer um outro pecado, ainda mais grave, contra o primeiro
mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas.
Mas, em não existindo um Padre, como confessar-se? E como ficam os homens no Antigo Testamento?
5) Contrição e Atrição
A Contrição consiste em pedir o perdão de
seus pecados por amor de Deus. A atrição, por sua vez, consiste em
pedir o perdão dos pecados por temor do inferno.
A primeira, contrição (chamada de contrição
perfeita), apaga os pecados da pessoa antes mesmo da confissão.
Todavia, só é verdadeira se há a disposição de se confessar com um
padre. Foi desta forma que se salvaram os justos do Antigo Testamento.
A atrição só é válida através do sacramento da
confissão, o qual é eficaz mesmo se há apenas "medo do inferno".
Ninguém duvida de que o sincero
arrependimento dos pecados, com firme propósito de não pecar mais, e
satisfação feita a Deus e aos prejudicados, eram, no Antigo Testamento,
condições necessárias e suficientes para obter o perdão de Deus. O
mesmo vale ainda hoje para todos os que desconhecem Nosso Senhor Jesus
Cristo e seu Evangelho (desde que sigam a Lei Natural) e para os que
não têm como se confessar (desde que tenham um ato de contrição
perfeita). Mas quem, em seu orgulho, não acredita nas palavras de
Cristo Ressuscitado, com as quais ele instituiu o sacramento da
penitência, e por isso não quer se confessar, não receberá o perdão,
pois não ama à Deus verdadeiramente.
Cada pecado é um ato de orgulho e
desobediência contra Deus. Por isso "Cristo se humilhou e tornou-se
obediente até a morte, e morte na Cruz" (Flp 2, 8) para expiar o
orgulho e a desobediência dos nossos pecados, e nos merecer o perdão.
Por isso ele exige de nós este ato de humildade e de obediência, na
Confissão sacramental, na qual confessamos os nossos pecados diante do
seu representante, legitimamente ordenado. E, conforme a sua
promessa: "Quem se humilha, será exaltado, e quem se exalta, será
humilhado" (Lc 18, 14).
Alguns protestantes aliciam os católicos
para sua seita com a promessa de que, depois do batismo (pela
imersão), estariam livres de qualquer pecado e nem poderiam mais
pecar! Conseqüentemente, concluem que não haveria necessidade de
confissão. Apóiam esta afirmação nas palavras bíblicas de (1 Jo 3, 6 e
9). Todavia, basta confrontar essa passagem com outra, do próprio
João Apóstolos (1 Jo 1, 8-10), para perceber que a conclusão é
precipitada: "Se dissermos que não temos pecado algum, enganamo-nos a
nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos
pecados, Ele é fiel e justo, e nos perdoa os nossos pecados, e nos
purifica de toda a iniqüidade. Se dissermos que não temos pecado,
taxamo-Lo de mentiroso, e a sua palavra não está em nós".
Portanto, todos os homens necessitam de
misericórdia divina; e os sinceros seguidores da Bíblia recebem-na,
agradecidos, no sacramento da Confissão.
6) O que é necessário para ser eficaz uma confissão?
exame de consciência
ter arrependimento (atrição ou contrição)
propósito de não recair no pecado e de evitar as circunstâncias que o favoreçam
confessar-se sem omitir nada
cumprir a penitência estabelecida pelo confessor
A Unção dos Enfermos
É o quinto sacramento instituído por Jesus
Cristo, sem que saibamos em que época o instituiu. A Sagrada
Escritura, como para a Crisma, nos transmite apenas o rito exterior e o
efeito produzido. O Evangelho diz que "à ordem do Senhor... os
apóstolos expeliam muitos demônios e ungiam com óleo a muitos
enfermos, e os curavam" (Mc 6, 13). Eis um fato, é a ordem do Senhor.
A instituição da extrema-unção decorre destas
palavras de S. Tiago: "Está entre vós alguém enfermo? Chame os
sacerdotes da Igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com
óleo, em nome do Senhor. E o Senhor o aliviará, e se estiver em algum
pecado ser-lhe-á perdoado" (Tgo 5, 14-15).
Nunca o Apóstolo teria prometido tais
efeitos a uma unção, na enfermidade, sem firmar-se na autoridade
divina da instituição deste sacramento. A extrema-unção é, pois,
verdadeiramente um sacramento.
A Ordem
A Ordem é o sacramento que dá o poder de
desempenhar as funções eclesiásticas, e a graça de fazê-lo santamente.
Em outros termos, é o sacramento que faz os sacerdotes, ou ministros
de Deus. Muitos textos da Sagrada Escritura provam a existência do
sacerdócio e indicam o rito de ordenação sacerdotal. Lemos de fato que
Nosso Senhor fez uma seleção entre os discípulos: "Não fostes vós que
me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi", diz Ele (Jo 15, 16). Aos
discípulos eleitos, chamados apóstolos, o divino Mestre confia as
quatro atribuições particulares do sacerdócio:
Oferecer o santo sacrifício:
"Fazei isto em memória de mim" (Lc 22, 19). É a ordem de reproduzir o
que ele tinha feito: mudar o pão em seu corpo e o vinho em seu sangue
divino.
Perdoar os pecados: Os pecados serão perdoados aos que vós os perdoardes (Jo 20, 23).
Pregar o Evangelho: Ide no mundo inteiro, pregando o Evangelho a todas as criaturas (Mc 16, 15).
Governar a Igreja: O Espírito Santo constituiu os bispos para governarem a Igreja de Deus (At 20, 28).
Eis os poderes dados por Nosso Senhor Jesus
Cristo a seus ministros ou sacerdotes, representados pelos primeiros
sacerdotes, que foram os apóstolos.
Quanto ao rito de ordenação, não é menos
claramente indicado: Consiste ela na imposição das mãos. S. Paulo
escreve: "Não desprezes a graça que há em ti e te foi dada por
profecia pela imposição das mãos do presbitério" (1 Tim 4, 14).
Chama-se presbitério a reunião dos bispos e padres que concorreram
para a ordenação de Timóteo, de que S. Paulo foi o principal ministro,
como se vê claramente na segunda epístola dirigida ao mesmo
discípulo. "Por este motivo, diz ele, te admoesto que reanimes a graça
de Deus, que recebestes pela imposição de minhas mãos" (2 Tim 1, 6).
O exemplo dos apóstolos nos mostra a
transmissão dos poderes sacerdotais pela ordenação. E por onde Paulo e
Barnabé passavam, "ordenavam sacerdotes para cada Igreja" (At 14,
22).
Tudo isso prova, claramente, que os apóstolos
tinham recebido de Jesus a divina investidura de poderes, que iam
assim distribuindo pela imposição das mãos; e esta investidura é o
sacramento da Ordem.
O Matrimônio
É o último na série dos sacramentos. O
casamento que era antes de Jesus Cristo mero contrato, é um verdadeiro
sacramento da nova lei. Não sabemos exatamente o tempo nem o lugar em
que Jesus Cristo instituiu este sacramento; pensam os teólogos que foi
nas bodas de Caná. Outros pensam que foi na ocasião em que o Salvador
restaurou a unidade e a indissolubilidade primitivas. Interrogado a
respeito do divórcio, Cristo responde que não era lícito por nenhum
motivo, que nem o direito de separar-se tem o homem e a mulher, exceto
o caso de adultério (Mt 19, 3-9).
Outros, ainda, pensam que foi instituído
depois da ressurreição, e promulgado por S. Paulo, na epístola aos
efésios (5, 25-33).
Pouco importa o tempo e o lugar, o certo é
que o matrimônio foi por Jesus elevado à dignidade de sacramento, como
resulta positiva e irrefutavelmente da Sagrada Escritura: "Não separe
o homem o que Deus uniu" (Mt 19, 6). Ou seja, Deus uniu os noivos!
Este mistério, ou sacramento, é grande em
relação a Cristo e à Igreja, diz S. Paulo (Ef 5, 32). Isso é grande,
em relação a Cristo, porque é instituição divina; grande em relação à
Igreja, que deve mantê-lo na sua unidade e indissolubilidade.
O rito externo foi indicado por S. Paulo: é a
mútua tradição e aceitação do direito sobre os corpos, em ordem aos
fins do casamento, formando uma união santa, como é "santa a união do
Cristo com a sua Igreja" (Ef 5, 25).
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