O porquê dos nossos desânimos. «Sião exclamou: 'O Senhor abandonou-me, o
Senhor esqueceu-me'.» É uma realidade que nos deixamos tentar muitas
vezes pelo desânimo. Podemos estar doentes, com tendência para ver tudo
com óculos escuros. Muitas vezes, porém, as causas são outras:
• Temos apego à nossa própria vontade. Queremos o que Deus não quer, ou fugimos do que Ele quer de nós.
•
Falta-nos a confiança em Deus. Só confiamos e estamos contentes quando o
Senhor nos faz a vontade. O mistério da cruz repugna-nos e
revoltamo-nos contra ele.
• Em última análise, na raiz de tudo isto encontra-se a nossa falta de fé.
Esquecemos
ou não temos presente a verdade fundamental da nossa filiação divina.
Esta solidão interior prejudica-nos e leva-nos ao desânimo. Fazemos
lembrar uma criança mergulhada no escuro, com a mãe ao seu lado que lhe
manifesta a sua presença falando-lhe carinhosamente, embora o filho não a
veja; indiferente a tudo isto, a criança chora inconsolável.
«Mas pode a mulher esquecer a criança que amamenta e não ter compaixão do fruto das suas entranhas?»
Antes
de nos pedir que confiemos n'Ele, o Senhor manifesta-nos a Sua bondade
pelo comportamento de algumas criaturas. Parece dizer-nos: «Abre os
olhos e vê!
As mães, mesmo tão limitadas nas suas possibilidades,
com defeitos, guardam intocável o afeto e carinho para com os filhos.
Até os animais nos dão exemplo disto, guiados pelo instinto, tratando
das crias, e mudando-as de lugar, quando algum perigo as ameaça.
Deus está conosco sempre para nos ajudar.
«Pois, ainda que ela o esquecesse, Eu não o esqueceria.»
Deus ama-nos sempre, seja qual for o caminho por onde andamos transviados. É o mistério insondável da Sua misericórdia.
Quanto
mais doentes, pequeninos e indefesos são os Seus filhos, mais lhes
manifesta o Seu Amor. Deus, nosso Pai, é mil vezes mais generoso para
conosco do que todas as mães da terra juntas. Sendo assim, nenhuma
situação neste mundo justifica o nosso desânimo, porque podemos contar
sempre com Ele.
Recolhamo-nos em oração, quando a escuridão do desânimo se abater sobre nós.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller
Bispo de Frederico Westphalen
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