Das mil vagas de internação prometidas durante a campanha, apenas 30 foram criadas pelo atual prefeito
Por trás da violência urbana que atinge as grandes capitais brasileiras, está o problema das drogas e, sobretudo, do crack. O perfil do usuário mudou. Saiu da população mais carente e atingiu todas as classes sociais. Saiu da juventude para atingir todas as idades. A droga começa a ser usada cada vez mais cedo. Não raro é possível encontrar crianças de 10, 11 anos dependentes de crack. Em contrapartida, apesar de alguns avanços, o que se vê são medidas apáticas sendo desenvolvidas pelo governo para atender esse público.
O número de vagas está muito aquém da demanda da Capital, cada vez mais crescente. Dos seis Caps, apenas dois são 24 horas Foto: Natasha Mota
Seis meses após ter assumido a Prefeitura, Roberto Cláudio ainda não cumpriu com a promessa de criação de mil vagas de internação para tratamento de dependentes químicos. Apenas 30 vagas foram criadas, totalizando 62 leitos. Dos seis Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (Caps-AD), apenas dois são 24 horas. Eles dispõem de 10 vagas cada.
Existem ainda 12 leitos conveniados com a Santa Casa de Misericórdia e, no último mês de junho, a Prefeitura inaugurou a primeira Unidade de Acolhimento Adulto voltada para o atendimento integral do dependente químico, no bairro José Walter, com 30 vagas. A entrega do equipamento representa algum avanço, mas a cidade ainda está muito aquém do necessário para atender a demanda, cada vez mais crescente.
Ampliação
Juliana Sena, titular da Coordenadoria de Políticas sobre Drogas, informa que outros quatro Caps-AD estão em processo de ampliação para atender 24 horas. Além disso, o município está com edital aberto para credenciamento de instituições não governamentais que atuem no tratamento da dependência química para disponibilização de 300 vagas. As inscrições podem ser feitas até 12 de agosto.
A gestora acrescenta que mais quatro unidades de acolhimento, com 15 leitos cada, e outras duas unidades voltadas, exclusivamente para crianças e adolescentes, dispondo de 10 vagas cada, estão previstas para serem construídas. "Isso é um primeiro passo, se não for suficiente, vamos ampliar a rede até chegarmos a necessidade real da população. Estamos saindo do que temos hoje, que são 60 leitos, para cerca de 500. É um grande avanço em termos quantitativos", ressalta a secretária.
Pioneiro no tratamento de drogas no Ceará, o Desafio Jovem, com capacidade para atender até 40 pessoas, atua com a metade das vagas. A entidade passa por dificuldades financeiras e se mantém de doações. O perfil dos pacientes são homens, com mais de 16 anos, de todas as classes sociais. "Se temos 40 vagas e só oferecemos 20, é porque não temos condições de manter. Vinte vagas a menos é muita coisa, são 20 vidas que poderiam estar sendo salvas", diz a assistente social Danielle Figueiredo.
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