Além de Fortaleza, profissionais de outras cidades do País fizeram manifestações contra medidas da União
A terça-feira foi marcada por mobilização no Ceará e em diversos outros Estados do Brasil. O dia foi de protesto e paralisação para a categoria dos médicos. Em Fortaleza, durante a manhã, cerca de 40 profissionais se reuniram numa coletiva para debater os rumos da profissão e protestar contra as medidas do governo federal na área de saúde, como os vetos à Lei do Ato Médico e o Programa Mais Médicos.
Há semanas, os médicos fazem mobilização. Os profissionais são contra os vetos ao Ato Médico e pedem seleção criteriosa de estrangeiros Foto: Natinho Rodrigues
A categoria é contra, principalmente, os vetos da presidente Dilma Rousseff ao Ato Médico, e pede uma seleção mais criteriosa quanto à vinda de médicos estrangeiros ao País.
Somente no Ceará, o Programa Mais Médicos registrou 82 municípios inscritos, ou seja, 44% do total do Estado. Entre os 128 municípios cearenses prioritários, 64 já aderiram. No País, o programa registrou 1.874 municípios inscritos até o momento. As inscrições seguem abertas até 25 de julho ao meio-dia.
Conselho
Para o presidente do Conselho Regional dos Médicos do Estado do Ceará (Cremec), Ivan Moura, antes de trazer médicos de fora, é preciso fazer concursos públicos e melhorar a qualidade de trabalho dos médicos do Brasil e, consequentemente, o atendimento à comunidade.
"Se precisamos de mais médicos, não faz sentido aumentar a duração da faculdade de Medicina de seis para oito anos", defende. O presidente do Cremec ressaltou durante o encontro que não tem nada contra médicos estrangeiros no País, desde que os mesmos façam uma prova e se submetam a um teste que comprove conhecimento da língua portuguesa.
Na visão de José Maria Pontes, presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará (Simec), caso os vetos de Dilma comprometam a Lei do Ato Médico, a sociedade será a maior prejudicada. Além disso, ele afirma que médicos estrangeiros não representam solução alguma para a saúde pública. "Se em Fortaleza é ruim, imagine no Interior. O Brasil só vai resolver essa situação quando decidir repassar verba suficiente aos hospitais públicos", disse.
O encontro que reuniu a categoria médica se estendeu durante toda a manhã. Já durante a tarde, os terminais do Papicu, Messejana, Parangaba e Conjunto Ceará, além da Praça do Ferreira e Praça dos Estressados, receberam exposições de fotos dos hospitais e do atendimento nas unidades.
Realidade
Conforme Sidneuma Melo, o objetivo foi mostrar à população como realmente está a situação dos hospitais e dos profissionais da saúde. "A comunidade precisa saber que a solução não é trazer gente de fora, e sim investir. No Brasil há muitos médicos, mas somos impedidos de trabalhar adequadamente porque o dinheiro que chega aos hospitais é insuficiente", disse.
Apesar da paralisação nacional, de acordo com o presidente do Conselho Regional dos Médicos do Estado do Ceará (Cremec), nos hospitais públicos de Fortaleza, serviços de emergência e urgência foram mantidos e funcionaram normalmente, mas os casos eletivos que puderam esperar foram, em parte, paralisados. Contudo, ele garante que não houve danos.
Enquanto a categoria médica realiza protestos e paralisações, a população se mostra dividida em relação ao assunto. Para a empresária Rita Vasconcelos, a saúde precisa melhorar e, só depois, deve ser pensada a vinda de profissionais do exterior. "Até quem tem plano sofre com a qualidade ruim da saúde, imagine quem não tem. Acho que médicos estrangeiros não resolvem, e sim, mais investimento", opina a empresária.
Já o nutricionista Júnior Melo acredita que profissionais de outros países serão importantes para o Brasil e vão ajudar a valorizar mais a saúde do paciente. "Tem médico que atende paciente de maneira apressada e desatenciosa. Com outros médicos aqui, pode ser que isso mude".
FIQUE POR DENTRO
Profissionais alegam prejuízos com iniciativas
O Ato Médico busca regulamentar o trabalho do médico e foi aprovado, no Senado Federal, em junho, mas teve alguns pontos vetados pela presidente Dilma. Entre elas a "formulação de diagnóstico e respectiva prescrição terapêutica", ou seja, somente o médico poderia realizar o diagnóstico do paciente.
Entretanto, outros profissionais da Saúde alegam que isso seria prejudicial para outras áreas da Medicina, a exemplo de nutricionistas, farmacêuticos e fonoaudiólogos, que teriam suas atividades limitadas. Já o Programa Mais Médicos tem como alvo a contratação de médicos estrangeiros para aumentar o número de profissionais da Saúde nos municípios do Interior e nas periferias das grandes cidades do Brasil.
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