segunda-feira, 29 de julho de 2013

Rezem por mim e até breve, diz Francisco

Antes de partir para Roma, o Santo Padre disse que seguia com a alma cheia de recordações felizes
Rio de Janeiro. O papa Francisco encerrou sua visita de uma semana no País com um discurso de agradecimento no Aeroporto de Galão, no Rio de Janeiro, na noite de ontem. Ele entrou no avião por volta das 19h20 e chegará a Roma hoje.

O papa pediu que os jovens presentes à JMJ façam discípulos em todas as nações FOTO: REUTERS

No 14º pronunciamento feito no País, o pontífice disse já estar com saudades do Brasil. Lembrou da prece que fez a Nossa Senhora Aparecida para todos os brasileiros e, mais uma vez, dirigiu a palavra aos jovens, através de quem, disse, o mundo espera uma "nova primavera".

"O papa vai embora e lhes diz ´até breve´, um ´até breve´ com saudades, e lhes pede, por favor, que não se esqueçam de rezar por ele", falou a uma plateia de convidados no aeroporto. "Dentro de alguns instantes, deixarei sua Pátria para regressar a Roma. Parto com a alma cheia de recordações felizes. Essas, estou certo, se tornarão oração. Neste momento, já começo a sentir saudades. Saudades do Brasil, este povo tão grande e de grande coração, este povo tão amoroso", agradeceu Francisco.

O vice-presidente da República, Michel Temer, afirmou que o papa "não encantou apenas os jovens". "Voltou a despertar a fé em todos os brasileiros", disse. "Um verdadeiro evangelizador, como Cristo. (...) Quando voltar ao Brasil, ao que me parece, em 2017, não precisará bater nas portas, porque elas estão permanentemente abertas".

Na manhã de ontem, a Missa do Envio, a última celebração do papa reuniu 3 milhões de pessoas em Copacabana. O pontífice pediu aos jovens que façam discípulos em todas as nações e transmitam a experiência vivenciada na Jornada. Ele voltou a dizer que é preciso ir sem medo para servir. "Não tenham medo de ir e levar Cristo para todos os ambientes", afirmou.

"A fé é uma chama que se faz tanto mais viva quanto mais é partilhada, transmitida, para que todos possam conhecer, amar e professar que Jesus Cristo é o Senhor da vida e da história", disse o religioso.

Na tarde de ontem, durante encontro com os voluntários da Jornada no Riocentro, o papa defendeu o casamento tradicional, a família e o sacerdócio. O pontífice exortou os jovens a "ir contra a corrente" e a serem "revolucionários" em suas vidas.

Curiosamente, porém, o líder da Igreja pediu que os jovens se "rebelem" para seguir comportamento mais conservador, em vez de fugir aos compromissos e aproveitar o prazer do provisório - uma referência ao sexo antes do matrimônio. "Peço se rebelem contra esta cultura do provisório que, no fundo, crê que vocês não são capazes de assumir responsabilidades, que não são capazes de amar de verdade", disse de manifestantes da "Marcha das Vadias", terem feito protesto pedindo liberdade sexual, defendendo o uso da camisinha e com críticas à Igreja.

Estilo simplista
O papa Francisco praticou seu estilo simplista nos compromissos que cumpriu ao longo dos dias da Jornada. Esforçou-se para discursar em português, usando palavras fáceis e expressões coloquiais para se aproximar dos peregrinos.

Surpreendeu logo no primeiro dia ao optar por um carro comum para os deslocamentos, em que deixou a janela aberta para cumprimentar fiéis ao longo do caminho. Por onde passou, beijou mais de uma dezena de crianças. Chegou a ser chamado de "santo padre do povão" por um peregrino que se confessou com o papa.

Associando a religião ao futebol, o pontífice chamou os jovens de "atletas de Cristo" e os convocou a ir as ruas e protestar. Ele também mencionou os protestos, além de críticas sobre questões sociais e políticas - em uma das ocasiões, pediu a reabilitação da política, por exemplo.

Não faltaram também palavras mais duras sobre a Igreja e o seu papel na sociedade, em especial nos encontros com bispos e religiosos. O pontífice repetiu diversas vezes que a igreja não pode correr o risco de se tornar uma ONG.

A passagem do papa pelo Brasil demonstrou a força da parcela jovem da Igreja. Esta foi a avaliação do porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi. Ele considerou um sucesso a JMJ e elogiou o esforço feito pela organização.

Poloneses receberão próximo encontro

Rio de Janeiro. A próxima edição do encontro internacional de jovens da Igreja Católica em 2016 será na Cracóvia, na Polônia, país natal do papa João Paulo II, anunciou ontem o papa Francisco durante a Missa de Envio na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.

A escolha não deixa de ser uma homenagem ao papa polonês, responsável por criar o encontro mundial dos jovens da Igreja Católica, e que neste ano também deve ser oficialmente reconhecido como santo.

É a segunda vez que a Jornada Mundial da Juventude acontecerá na Polônia. Em 1991, a cidade de Czestochowa já havia sediado o evento religioso, na primeira reunião de João Paulo II.

O evento, que é realizado num intervalo de dois a três anos, já passou por vários outros países, como Argentina, Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Filipinas. O encontro internacional de jovens tem edições anuais nas dioceses (região administrativa da Igreja), no Domingo de Ramos, mas um grande evento religioso mundial, que sempre traz um lema. O papa João Paulo 2º anunciou a instituição da JMJ em 1985, ano em que a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou como Ano Internacional da Juventude.



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