Comportas do Açude Flor do Campo, em Novo Oriente, foram abertas a fim de evitar colapso de abastecimento
Crateús. Chegou ao fim o impasse sobre o abastecimento de água de Crateús, distante 360 quilômetros de Fortaleza. Na madrugada de ontem (29) a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh) deu início à operação de transferência de água do Açude Flor do Campo, no município vizinho de Novo Oriente para Crateús.
A ação é alvo de polêmica. Alguns moradores acreditam que é desperdício de água; outros temem que o líquido não chegue ao destino Foto: Silvânia Claudino
Foram abertas as comportas do reservatório a fim de evitar o colapso no abastecimento de água de Crateús. Imperou o clima de tranquilidade, e a Polícia Militar esteve no local garantindo a segurança. A previsão é que em aproximadamente 28 dias a água chegue ao município.
Desde o anúncio do plano pela Companhia no início de março, o assunto se transformou em uma grande polêmica na região. Representantes de movimentos sociais se colocaram contra em função do desperdício de água que ocorrerá na operação. Realizaram protestos em Novo Oriente e Crateús, com interdição de rodovias e atos, culminando com a ocupação do açude.
Defendiam a construção da adutora para conduzir a água de um açude para o outro. A Paróquia São Francisco, de Novo Oriente, realizou vigílias e celebrações no local, com o apoio dos bispos do Ceará.
Durante toda a manhã, manifestantes e populares estavam no local, observando a descida da água pelo leito. As opiniões eram diversas, mas a maioria se manifestava contra a operação. Uns alegavam desperdício; outros, receio de que a água não chegue a Crateús, devido aos desafios naturais no percurso de cerca de 40 Km.
"Vai demorar muito a chegar em Crateús, porque a água está sem força e a terra, muito seca. A preocupação do mundo hoje é em economizar água e aqui, estamos desperdiçando", afirma o agricultor Manoel Luciano.
Operação
A ação visa transferir 7 milhões de metros cúbicos do Flor do Campo para o Açude Carnaubal pelo leito do Rio Poti, montante que, segundo a Cogerh, garantirá o abastecimento de água de Crateús até fevereiro de 2014. Haverá uma perda de 35% de água na transferência.
Nos últimos dois meses, a Cogerh vinha se preparando para a realização da operação. Construiu uma adutora de montagem rápida de 13,6Km ligando o açude ao sistema de captação do abastecimento de Crateús a fim de garantir maior eficiência do uso da água e reduzir as perdas e retiradas ao longo do rio. Limpou e desobstruiu o leito do rio.
De acordo com o órgão, a ação conta com o apoio de outros órgãos, como Dnocs, UFC e Cagece, e se mostra atualmente como a única opção viável para evitar o colapso no abastecimento hídrico deste município.
Em encontro com os manifestantes na semana passada, o governador Cid Gomes reafirmou a realização da operação e garantiu a construção da adutora.
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