Em 20 anos, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Fortaleza cresceu 38%. Entre 1991 e 2010, o valor passou de 0,546 para 0,754. Dessa forma, a classificação mudou de "baixo" para "alto". A Capital ocupa a 467ª posição, considerando os 5.565 municípios brasileiros. No Ceará, o crescimento foi de 68,3%, saltando de 0,405 em 1991, para 0,682 em 2010. O índice é maior que a média nacional, que subiu de 0,493 em 1991 para 0,727 em 2010, apresentando crescimento de 47,5%. A educação, no entanto, ainda é o fator que mais contribui para evitar que o IDHM no Estado do Ceará melhore.
Apesar de o indicador ter apresentado o melhor crescimento entre os avaliados pelo IDHM, subindo de 0,204 em 1991, para 0,615 em 2010 (201,4%), ele ainda é o menor dos apresentados pelo estudo. A média nacional, em 2010, foi de 0,637. Entre 1991 e 2010, a longevidade saltou de 0,613 para 0,793 (29,3%). A pesquisa foi divulgada, ontem, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Fundação João Pinheiro.
No Ceará, Salitre foi o município com pior desempenho no indicador educação (0,434), seguido de Potengi (0,441), General Sampaio (0,449), Granja (0,453), Araripe (0,459), Parambu (0,460), Itatira (0,463), Aiuaba (0,474), Viçosa (0,475) e Tambor (0,476).
Concentração
Renato Pequeno, professor do Departamento de Arquitetura da Universidade Federal do Ceará (UFC), comenta que, no Ceará, fica muito evidente que apenas Fortaleza está entre os 500 melhores municípios do Brasil. "Isso reflete que o desenvolvimento no Estado ainda é extremamente concentrado na Capital. O mesmo vale para os demais estados do Nordeste. O poder continua muito concentrado nas capitais". O especialista acrescenta que, apesar dos muitos avanços que aconteceram no Brasil, o Ceará continua com a classificação "médio", diferentemente de Fortaleza, que ocupa a 467ª posição no ranking, com classificação "alto".
"Houve avanço, mas dentro de um País em desenvolvimento, o Ceará permanece como um Estado subdesenvolvido", ressalta. Entre 1991 e 2000, observa Pequeno, o acúmulo foi maior do que o apresentado na última década, quando houve uma desaceleração no crescimento.
Investimentos
Para reverter esse cenário, o especialista defende que é preciso investir no básico: saúde e, sobretudo, em educação. "O Estado, como um todo, apesar de ter tido uma série de avanços na educação, ainda tem muito o que melhorar. O que se deve buscar é distribuir melhor os investimentos públicos e deixar de fazer obras faraônicas, que só beneficiam o turismo", salienta.
Em vez disso, diz que deveria haver investimento em escolas e hospitais. "Um estado com escolas capacitadas é o que atrai mais investidores. Não é ter uma arena que vai melhorar o nosso IDHM. É investir no básico. Investe em educação e saúde, que todos os índices melhoram".
Fluxo escolar aumenta no País
Apesar da necessidade de melhorias, o subíndice educação foi o que registrou maior aumento nas últimas duas décadas no Brasil, saindo de um patamar de apenas 0,279 para 0,637, representando um avanço de 0,358. De acordo com a pesquisa, essa variação ocorreu devido ao aumento do fluxo escolar.
Em 20 anos, a proporção da população adulta com ensino fundamental concluído passou de 30,1% para 54,9%. Em relação às crianças de 5 a 6 anos, por sua vez, saltou de 37,3% para 91,1%, e os jovens de 11 a 13 anos nas séries finais do ensino fundamental, que era de 36,8% em 1991, passou a 84,9% em 2010. Na faixa etária de 15 a 17 anos, a população com o fundamental completo passou de 20% para 57,2%, em duas décadas.
Os anos finais da educação básica foram registrados pelo IDHM educação como a fase com o principal problema. Apesar da porcentagem de jovens de 18 a 20 anos com ensino médio completo ter passado de 13% para 41%, a maioria desta faixa etária no País ainda não completou os estudos.
Diferenças
Na área educacional, a situação mais grave está no Norte e Nordeste. Mais de 90% dos municípios se encontram nas faixas de classificação "baixo", inferior a 0,599, e "muito baixo desenvolvimento humano", quando é menos de 0,499. Por outro lado, nas regiões Sul e Sudeste, mais de 50% dos municípios apresentam IDHM dentro das margens consideradas "médio", quando os índices estão entre 0,600 e 0,699, e "alto", quando estão entre 0,700 e 0,799.
Águas de São Pedro, no Estado de São Paulo, por exemplo, é a cidade melhor qualificada no ranking da educação, com pontuação de 0,825. O município conta com acesso universal à escola para crianças de 5 e 6 anos de idade, e cerca de 75% de seus jovens entre 18 e 20 anos com o ensino médio completo.
Já na região Norte, a cidade Melgaço, no Estado do Pará, apresenta o pior índice brasileiro, com menos de 60% de suas crianças entre 5 e 6 anos na escola e apenas 5,63% de jovens entre 18 e 20 anos com o ensino médio concluído.
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