São Paulo. Um dia depois de conseguir, por via judicial, o acesso às investigações do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre a formação de cartel de empresas fornecedoras de trens do Metrô e da CPTM, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou ontem que vai processar a multinacional alemã Siemens por formação de cartel. Apesar da decisão, os contratos em vigor da empresa com o governo serão mantidos.
Para o governador, São Paulo não é um caso isolado. Ele lançou suspeitas sobre licitações em outros estados FOTO: AG/BR
Segundo interlocutores do Palácio dos Bandeirantes, são quatro contratos que não podem ser cancelados pois isso atrasaria demais as obras. "Mas eles serão analisados com cuidado", diz uma fonte próxima ao governador. Durante entrevista coletiva no Palácio, o procurador-geral do Estado, Elival da Silva Ramos, disse que o contrato não será interrompido se não houver um fato novo.
O governador afirmou que o processo civil contra a Siemens é o primeiro e que outras medidas podem ser tomadas. Uma delas é um processo administrativo para a declaração de inidoneidade para licitar novos contratos. Outras empresas participantes do cartel também podem ser processadas. "A Siemens é ré confessa, as outras empresas não confessaram, mas a Siemens já confessou. Ela vai indenizar centavo por centavo", disse.
Dividindo a crise
Além de partir para o embate judicial, o tucano escancarou a estratégia de dividir o ônus das denúncias com o Palácio do Planalto. Alckmin disse que São Paulo não é um caso isolado e citou licitações federais para a compra de trens em Porto Alegre e Belo Horizonte.
PT quer instalar CPI no Congresso
Brasília. A bancada do PT no Senado decidiu, em reunião ontem, que vai defender a instalação de uma CPI Mista para investigar denúncias de que a Siemens e outras empresas formaram um cartel. O objetivo teria sido o de vencer concorrências em São Paulo para fornecimento e manutenção de trens do metrô e da CPTM nos governos dos tucanos Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra.
De acordo com o líder do partido no Senado, Wellington Dias (PI), o PT irá conversar com outros partidos aliados para ver qual é a disposição das outras legendas. Se a maioria concordar, na próxima terça-feira o partido começará a colher as assinaturas necessárias ( 27 no Senado e 171 na Câmara). O posicionamento da reunião de ontem difere do ambiente da semana passada, quando o PT estava mais cauteloso em relação à CPI.
Wellington Dias disse que a mudança de atitude tem a ver com a continuidade das denúncias sobre o possível cartel. Além disso, avaliou ele, há a possibilidade de que o esquema tenha se desenvolvido em outros estados. "Não queremos que a CPI seja vista como uma disputa entre PT e PSDB", afirmou, explicando por que o partido quer o apoio das agremiações que dão suporte ao governo. Dias disse que uma pré-minuta do requerimento para a criação da CPI está pronta e sendo analisada pela equipe técnica do partido.
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