quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Filhos, uma bênção de Deus

0502051059561father_and_sonCerta vez o Papa Paulo VI disse em Roma, a um grupo de casais:
“A dualidade de sexos foi querida por Deus, para que o homem e a mulher, juntos, fossem a imagem de Deus, e, como Ele, nascente da vida”.
Isto é, doando a vida, o casal humano se torna semelhante a Deus Criador. Pode haver missão mais nobre e digna do que esta na face da terra?
Alguém disse certa vez, com muita razão, que “a primeira vitória de um homem foi ter nascido”.
Nada é tão grande e valioso neste mundo como o homem. Ensina a Igreja que “ele é a única criatura que Deus quis por si mesma”(GS,24). Por isso o Papa João Paulo II afirmou certa vez:
“A Igreja quer manter-se livre diante dos sistemas opostos para optar só pelo homem”. “O homem é a via da Igreja”.
O Catecismo da Igreja  ensina que o amor do casal é criador, por vontade de Deus:
“A fecundidade é um dom, um fim do matrimônio, porque o amor conjugal tende a ser fecundo. O filho não vem de fora acrescentar-se ao amor mútuo dos esposos; surge no próprio âmago dessa doação mútua, da qual é fruto e realização. A Igreja ‘está ao lado da vida’, e
ensina que qualquer ato matrimonial deve estar aberto à transmissão da vida” (CIC, 2366 ).
E o Catecismo ensina que o casal é chamado a participar do poder criador de Deus e de sua paternidade:
“Chamados a dar a vida, os esposos participam do poder criador e da paternidade de Deus. Os cônjuges sabem que, no ofício de transmitir a vida e de educar – o qual deve ser considerado como missão própria deles – são cooperadores do amor de Deus criador” (CIC, 2367).
Ao falar do “dom do filho”, o Catecismo ainda diz:
“A Sagrada Escritura e a prática tradicional da Igreja vêem nas famílias numerosas um sinal da bênção divina e da generosidade dos pais” (CIC, 2373; GS, 50,2).
E conclui: “os filhos são o dom mais excelente do Matrimônio e constituem um benefício máximo para os próprios pais” (CIC, 2378).
Será que acreditamos de fato nessas palavras da Igreja? Ou será que “escapamos pela tangente”, dando a “nossa” desculpa? Ah! o meu caso é diferente!
Lamentavelmente estabeleceu-se entre nós, também católicos, uma cultura “antinatalista”.  Por incrível que pareça “as preocupações da vida” (Lc 12,22; Mt 6,19), tão condenadas por Jesus, sufocaram o valor imenso da vida humana, levando as gerações à triste mentalidade de “quanto menos filhos melhor”. À luz do cristianismo, é uma triste mentalidade, pois a Igreja sempre ensinou o valor incomensurável da vida.
O salmo 126 diz com todas as letras:
“Vede, os filhos são um dom de Deus: é uma recompensa o fruto das entranhas”.  “Feliz o homem que assim encheu sua aljava…” (Sl 126, 3-5).
Acreditamos ainda nessas palavras?
O amor é essencialmente dom. São Tomás de Aquino dizia que “o bem é difusivo” (Suma Teológica, I, q. 5, a.4, ad 1).  Em outras palavras: ou o amor se doa, ou então morre. E, para o casal, a maior doação é a da vida do filho.
Santo Ireneu (? 202) resumia em poucas palavras toda a grandeza do homem : “O homem vivo é a glória de Deus” (Contra as heresias IV, 20,7).Isto quer dizer que com a criação do homem e da mulher à sua imagem e semelhança, “Deus coroa e leva à perfeição a obra das suas mãos” (Familiaris Consórtio, 28).
Assim, Ele chamou-nos a participar do seu poder de Criador e de Pai:
“Deus abençoou-os e disse-lhes: “crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra” (Gen 1,28).
Disse ainda o Papa João Paulo II :
“A tarefa  fundamental da família é o serviço à vida. É realizar, através da história, a bênção originária do Criador, transmitindo a imagem divina pela  geração de homem a homem.  Fecundidade é o fruto e o sinal do amor conjugal, o testemunho vivo da plena doação recíproca dos esposos” (FC, 28).
Todos esses ensinamentos nos levam ao que a Igreja  afirma constantemente:
“O amor conjugal deve ser plenamente humano, exclusivo e aberto à nova vida” (GS,50; HV,11; FC,29).
A situação social e cultural dos nossos tempos, dificulta a compreensão dessa verdade. Vale a pena reler o que disse o Papa João Paulo II sobre isso:
“Alguns perguntam-se se viver é bom ou se não teria sido melhor nem sequer ter nascido. Duvidam, portanto, da liceidade de chamar outros à vida, que talvez amaldiçoarão a sua existência num mundo cruel, cujos temores nem sequer são previsíveis. Outros pensam que são os únicos destinatários da técnica e excluem os demais, impondo-lhes meios contraceptivos ou técnicas ainda piores.
Nasceu assim uma mentalidade contra a vida (anti-life mentality), como emerge de muitas questões atuais: pense-se, por exemplo, num certo pânico derivado dos estudos dos ecólogos e dos futurólogos sobre a demografia, que exageram, às vezes, o perigo do incremento demográfico para a qualidade da vida.cpa_educar_15ed
Mas a Igreja crê firmemente que a vida humana, mesmo se débil e com sofrimento, é sempre um esplêndido dom do Deus da bondade. Contra o pessimismo e o egoísmo que obscurecem o mundo, a Igreja está do lado da vida” (Familiaris Consórtio,30).
Muitos têm medo de não educar bem os filhos. Pois eu lhes digo que, com Deus, é possível educá-los; basta que o casal se ame, crie um lar saudável, e vivam para os filhos, com todas as suas forças e com toda dedicação. O resto, Deus e eles farão. Faça do seu filho um Homem… isto basta.
Há hoje uma mentira muito difundida – infelizmente aceita também por muitos  católicos desinformados – de que a limitação da natalidade é o remédio necessário e “indispensável” para sanar todos os males da humanidade.
Não há civilização que possa nse sustentar sobre uma falsa ética que destrói o ser humano, ou que impede o “seu existir”. É ilógico, desumano e contra a Lei de Deus, que, para salvar a humanidade seja necessário sacrificá-la em parte.
O renomado historiador francês, professor da Sorbonne, católico, Pierre Chaunu, na entrevista que deu à revista VEJA, de 11.07.84, sob o título A Caminho do Desastre, com sua autoridade de Catedrático, com mais de 50 livros editados, afirma, entre tantos outros alertas contra o controle da natalidade, que “estamos no limiar de um mundo de velhos” e que a humanidade corre o risco de ver a “implosão da espécie humana”. (em 1984) que:
“Há quinze anos entramos num processo catastrófico. As taxas de natalidade caíram tanto nos países industrializados que já não somos capazes sequer de repor a geração atual “.
No Relatório intitulado Estado da População Mundial, em 1987, da ONU, ela  e afirmou:
“Depois da revolução verde, da biotecnologia, não se duvida mais que haja condições para acabar com a fome no mundo” (Folha de São Paulo, 15/06/87).
O mesmo Relatório da ONU ainda afirmava:
“Há 453 milhões de toneladas de trigo, arroz e grãos estocados em todo o mundo, e os agricultores dos Estados Unidos e da Europa Ocidental são pagos para não produzir” .
A Folha de São Paulo, em matéria intitulada Terra não terá explosão populacional, diz a ONU (05/02/98, pag.1-14), da jornalista Cláudia Pires, de Nova York, afirma:
“Depois de anos  de previsões sobre uma possível explosão populacional na Terra, demógrafos e outros especialistas no assunto acabaram concluindo que o risco de um planeta super-habitado está cada vem mais distante. Atualmente existem 5,7 bilhões de pessoas no planeta. De acordo com os especialistas, se os índices populacionais forem mantidos… o total populacional na metade do próximo século deve estar beirando os 9,4 bilhões. A cifra é a metade da prevista no início deste século.”
É urgente resgatar entre os casais cristãos o valor do filho e da prole como uma “bênção de Deus”,  e que só se pode rejeitar por razões sérias; jamais por comodismo, medo ou egoísmo.  Os casais cristãos estão a dever ao mundo uma resposta sobre esta questão… afinal, o maior de todos os valores é a vida.  E não há trabalho mais digno e sublime do que gerar e bem educar seres humanos, os filhos de Deus.
O que o nosso mundo hoje mais precisa é de homens e mulheres com vocação autêntica para pais e mães. Chega de crianças “órfãs” de pais e mães vivos, como o Papa denunciou quando esteve aqui no Brasil.  Isto ocorre porque esses últimos se preocupam mais consigo mesmos do que com os filhos.
Jamais a mulher poderá se realizar mais em outra vocação do que na maternidade. É aí que ela coopera de maneira mais extraordinária com Deus na obra da criação e, consequentemente, é aí que ela encontra a sua verdadeira realização. Afinal, São Paulo afirma a Timóteo que :
“A mulher será salva pela maternidade” (1 Tm 2,15).
Certa vez o Cardeal Raul Henriques, do Chile, disse:
“Se quando minha mãe teve o 18º filho, tivesse dito basta, vocês não teriam hoje o seu Cardeal”.
Isto porque ele nasceu depois desses dezoito. Tudo é uma questão de amor e de fé.
A Igreja, no Concílio Vaticano II ensinou que:
“Não pode haver verdadeira contradição entre as leis divinas sobre a transmissão da vida e o cultivo do autêntico amor conjugal”.
“Aos filhos da Igreja, apoiados nesses princípios, não é lícito adotar na regulação da prole os meios que o Magistério reprova quando explica a lei divina” (GS, 51).
É preciso dizer aqui que a lei de Deus não é pesada e nem impossível de ser cumprida.  Jesus disse que o seu “jugo (doutrina) é suave e seu peso é leve” (Mt 11,30).
“O mandamento que hoje te dou não está acima de tuas forças, nem de fora de teu alcance (…).  Mas esta palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração: e tu a podes cumprir” (Dt 30, 11-14).
Vitor Hugo disse certa vez que “um lar sem filhos é como uma colmeia sem abelhas”; acaba ficando sem a doçura do mel.

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