Jesus continua falando para nós, hoje, e nos
instruindo sobre coisas que fazem parte da nossa vida e do nosso dia a dia.
Diante do que Ele expõe nós percebemos que ainda hoje a aliança entre os casais
se rompe por causa da dureza dos corações que não se rendem ao Amor e à graça
de Deus que se derramam em forma de uma bênção especial no momento que assumem
o compromisso um com o outro. A verdadeira aliança se realiza no corpo e no
espírito e uma coisa não pode está dissociada da outra. Tem que ser em espírito
e em verdade e não apenas de fachada e de aparência. Quem quebra esta aliança
está tentando quebrar um elo que Deus fez. Muitos casamentos são falsos aos
olhos de Deus, pois Ele conhece as intenções dos corações e percebe os
interesses que estão ocultos por detrás do que aparentam. Nesses casos, o
Senhor não abençoa a união. Para que? Quando não há sinceridade não há aliança,
é fantasia, é utopia. Há que se ter uma formação humana e espiritual
aprofundada para que haja uniões lícitas aos olhos de Deus. Precisamos a cada
dia nas nossas orações pedir ao Espírito Santo discernimento e sabedoria para
fazermos as escolhas que serão abençoadas por Deus. E aos que já se consagraram
diante do Altar, também cabe fortalecer esta aliança através de uma renovação
constante porque o Senhor, todos os dias, nos dá as graças necessárias. Somente
em função de um amor abençoado por Deus, o homem, pode deixar seu pai e sua mãe
para unir-se a uma mulher e vice-versa. A aliança é feita nos corações. Deus é
quem une o homem e a mulher numa só carne através deste anel. – Como você
interpreta essa Palavra? – Ela vai de encontro a sua mentalidade ou você sabe
acolher o pensamento do Senhor? - Peça ao Espírito Santo para clarear as suas
ideias! !
Helena Serpa
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
Evangelho de hoje - Mc 10,1-12
Evangelho - Mc 10,1-12
O que Deus uniu, o homem não separe!
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 10,1-12
Naquele tempo:1Jesus foi para o território da Judéia,
do outro lado do rio Jordão.
As multidões se reuniram de novo, em torno de Jesus.
E ele, como de costume, as ensinava.
2Alguns fariseus se aproximaram de Jesus.
Para pô-lo à prova,
perguntaram se era permitido ao homem
divorciar-se de sua mulher.
3Jesus perguntou:
'O que Moisés vos ordenou?'
4Os fariseus responderam:
'Moisés permitiu escrever uma certidão de divórcio
e despedi-la'.
5Jesus então disse:
'Foi por causa da dureza do vosso coração
que Moisés vos escreveu este mandamento.
6No entanto, desde o começo da criação,
Deus os fez homem e mulher.
7Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe
e os dois serão uma só carne.
8Assim, já não são dois, mas uma só carne.
9Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!'
10Em casa, os discípulos fizeram, novamente,
perguntas sobre o mesmo assunto.
11Jesus respondeu:
'Quem se divorciar de sua mulher e casar com outra,
cometerá adultério contra a primeira.
12E se a mulher se divorciar de seu marido
e casar com outro, cometerá adultério.'
Palavra da Salvação.
Quem é Jesus Cristo? Uma criatura ou Criador?
Não é Deus;
Em sua vida humana foi simplesmente uma pessoa espiritual;
Não é todo-poderoso;
Foi criado pelo Pai, como criadas foram as demais coisas;
Não é o autor da Criação.
A Bíblia enfatiza a divindade de Cristo. O testemunho geral das Escrituras é que:
Cristo é Deus (Jo 1,1; 10,30.33.38; 14,9.11; 20,28; Rm 9,5; Cl 1,15; 2,9; Fp 2,6; Hb 1,3; 2Cor 5,19; 1Pe 1,2; 1Jo 5,2; Is 9,6).
Cristo é todo-poderoso (Mt 28,18; Ap 1,8).
Cristo não foi criado, pois é eterno (Jo 1,18; 6,57; 8,19.58; 10,30.38; 14,7.9.10.20; 16,28; 17,21).
Cristo é o autor da Criação (Jo 1,3; Cl 1,16; Hb 1,2.10; Ap 3,14).
Muitas afirmações feitas no Antigo Testamento a respeito de Jeová, são cumpridas e interpretadas no Novo Testamento, referindo-se a Jesus Cristo. Compare:
Isaías 40,3-4 com Lucas 1,68-69.76
Êxodo 3,14 com João 8,56-58
Jeremias 17,10 com Apocalipse 2,23
Isaías 8,12-13 com lPedro 3,14-15
Isaías 8,13-14 com lPedro 2,7.8
Números 21,6-7 com lCoríntios 10,9
Salmo 23,1 com João 10,ll; 1Pedro 5,4
Ezequiel 34,ll-12 com Lucas 19,10
Deuteronômio 6,16 com Mateus 4,10
Prova da Divindade de Cristo
Atributos inerentes a Deus Pai relacionam-se harmoniosamente com Cristo, provando a sua divindade. Deste modo a Bíblia apresenta-o como:
O Primeiro e o Último (Is 41,4; Cl 1,15,18; Ap 1,17; 21,6).
Senhor dos Senhores (Ap 17,14).
Senhor de todos e Senhor da Glória (At 10,36; 1 Cor 2,8).
Rei dos reis (Is 6,1-5; Jo 12,41; 1Tm 6,15).
Juiz (Mt 16,27; 25,31-32; 2Tm 4,1; At 17,31).
Pastor (Sl 23,1; Jo 10,ll-12).
Cabeça da Igreja (Ef 1,22).
Verdadeira Luz (Lc 1,78-79; Jo 1,4.9).
A Vida (Jo 11,25; 1Jo 5,11-12).
Perdoador de pecados (Sl 103,3; Mc 2,5; 7,48.50).
Preservador de tudo (Hb 1,3; Cl 1,17).
Doador do Espírito Santo (Mt 3,ll; At 1,5).
Onipresente (Ef 1,20-23).
Onipotente (Ap 1,8).
Onisciente (Jo 21,17).
Ressuscitador de si mesmo (Jo 2,19).
Inspirador dos profetas (1Pe 1,17).
Supridor de ministros à Igreja (Ef 4,ll).
Salvador (Tt 3,4-6).
Em sua vida humana foi simplesmente uma pessoa espiritual;
Não é todo-poderoso;
Foi criado pelo Pai, como criadas foram as demais coisas;
Não é o autor da Criação.
A Bíblia enfatiza a divindade de Cristo. O testemunho geral das Escrituras é que:
Cristo é Deus (Jo 1,1; 10,30.33.38; 14,9.11; 20,28; Rm 9,5; Cl 1,15; 2,9; Fp 2,6; Hb 1,3; 2Cor 5,19; 1Pe 1,2; 1Jo 5,2; Is 9,6).
Cristo é todo-poderoso (Mt 28,18; Ap 1,8).
Cristo não foi criado, pois é eterno (Jo 1,18; 6,57; 8,19.58; 10,30.38; 14,7.9.10.20; 16,28; 17,21).
Cristo é o autor da Criação (Jo 1,3; Cl 1,16; Hb 1,2.10; Ap 3,14).
Muitas afirmações feitas no Antigo Testamento a respeito de Jeová, são cumpridas e interpretadas no Novo Testamento, referindo-se a Jesus Cristo. Compare:
Isaías 40,3-4 com Lucas 1,68-69.76
Êxodo 3,14 com João 8,56-58
Jeremias 17,10 com Apocalipse 2,23
Isaías 60,19 com Lucas 2,32
Isaías 6,10 com João 12,37-41Isaías 8,12-13 com lPedro 3,14-15
Isaías 8,13-14 com lPedro 2,7.8
Números 21,6-7 com lCoríntios 10,9
Salmo 23,1 com João 10,ll; 1Pedro 5,4
Ezequiel 34,ll-12 com Lucas 19,10
Deuteronômio 6,16 com Mateus 4,10
Prova da Divindade de Cristo
Atributos inerentes a Deus Pai relacionam-se harmoniosamente com Cristo, provando a sua divindade. Deste modo a Bíblia apresenta-o como:
O Primeiro e o Último (Is 41,4; Cl 1,15,18; Ap 1,17; 21,6).
Senhor dos Senhores (Ap 17,14).
Senhor de todos e Senhor da Glória (At 10,36; 1 Cor 2,8).
Rei dos reis (Is 6,1-5; Jo 12,41; 1Tm 6,15).
Juiz (Mt 16,27; 25,31-32; 2Tm 4,1; At 17,31).
Pastor (Sl 23,1; Jo 10,ll-12).
Cabeça da Igreja (Ef 1,22).
Verdadeira Luz (Lc 1,78-79; Jo 1,4.9).
Fundamento da Igreja (Is 28,16; Mt 16,18).
Caminho (Jo 14,6; Hb 10,19-20).A Vida (Jo 11,25; 1Jo 5,11-12).
Perdoador de pecados (Sl 103,3; Mc 2,5; 7,48.50).
Preservador de tudo (Hb 1,3; Cl 1,17).
Doador do Espírito Santo (Mt 3,ll; At 1,5).
Onipresente (Ef 1,20-23).
Onipotente (Ap 1,8).
Onisciente (Jo 21,17).
Santificador (Hb 2,ll).
Mestre (Lc 21,15; Gl 1,12).Ressuscitador de si mesmo (Jo 2,19).
Inspirador dos profetas (1Pe 1,17).
Supridor de ministros à Igreja (Ef 4,ll).
Salvador (Tt 3,4-6).
Cultive a amizade
Não preciso falar aqui da importância de se cultivar as boas amizades
para ser feliz. O povo diz com sabedoria que “mais vale um amigo do
que dinheiro o bolso”; é verdade. O dinheiro não resolve tudo, mas um
bom amigo pode resolver mesmo aquilo que o dinheiro não resolve. A
Bíblia diz que quem conquistou um amigo, adquiriu um tesouro.
Milan Kundera, escritor tcheco, escreveu em seu livro “A Identidade”, que “a amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu.
Chama os amigos de testemunhas do passado e diz que eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar.”
Diz que “toda amizade é uma aliança contra adversidade, aliança sem a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos. Os amigos recentes custam a perceber essa aliança, não valorizam ainda o que está sendo contraído. São amizades não testadas pelo tempo, não se sabe se enfrentarão com solidez as tempestades ou se serão varridos numa chuva de verão.”
A verdadeira amizade nos socorre quando menos esperamos.
Podemos esquecer aquele com quem rimos muito, mas nunca nos esqueceremos daquele com quem choramos. O laço da tristeza é mais forte que o laço da alegria. Os corações que as tristezas unem permanecem unidos para sempre.
Na prosperidade os verdadeiros amigos esperam ser chamados; na adversidade, apresentam-se espontaneamente. A fortuna faz amigos. A desgraça prova se eles existem de fato.
É preciso saber fazer e cultivar amizades; isto depende de cada um de nós; antes de tudo do nosso desprendimento e fidelidade ao outro. Uma coisa é certa: aquele que não tem necessidade de ninguém, têm muitos amigos.
A grandeza de um homem é medida pela sua capacidade de comunhão. Quem busca um amigo sem defeito, fica sem amigo.
Muito cuidado para não perder o amigo por uma futilidade; dizem que no jogo se perde o amigo e se ganha o inimigo. Mas pode haver outras ocasiões onde isto aconteça. A experiência da vida mostra que é mais fácil perdoar a um inimigo do que a um amigo. Um grande amor pode se transformar em grande ódio quando decepcionado.
“Mais vale um prato de legumes com amizade, que um boi cevado com ódio”, diz o Livro dos Provérbios.
Seja amigo daquele que pode te ensinar muitas coisas, mesmo que ele tenha que lhe dizer verdades amargas. Uma amizade só é valiosa quando um faz o outro crescer. Amigo de verdade é aquele que sabe tudo a teu respeito e gosta de você assim mesmo. É aquele que o aceita como é, e não se cansa dos seus defeitos.
Existe uma crise de moradia muito mais grave que a falta de casas; é a escassez de homens interiormente disponíveis para acolher seus irmãos, para ser amigo de verdade.
Para conquistar um amigo, é preciso criar um “deserto” dentro de si, aceitando que o outro venha ocupá-lo. Acolher o amigo é, em primeiro lugar ouvir. Alguns morrem sem nunca ter encontrado alguém que lhes tenha prestado a homenagem de calar-se totalmente para ouvi-los. São poucos os que sabem ouvir, porque poucos estão vazios de si mesmos, e o seu eu faz muito barulho. Se você souber ouvir, muitos virão lhe fazer confidências.
Muitos se queixam da falta de amigos, mas poucos se preocupam em realizar em si as qualidades próprias para conquistar amigos e conservá-los.
Se você quiser ser agradável às pessoas, fale-lhes daquilo que lhes interessa e não daquilo que interessa a você.
É só na época da seca que conhecemos as boas fontes, e na adversidade, os bons amigos. Meu amigo é aquele que me socorre, não o que tem pena de mim.
A amizade é alimentada pelo diálogo; que é uma troca de idéias em busca da verdade; muito diferente da discussão que é uma luta entre dois, onde cada um defende a sua opinião. A verdadeira amizade não pode ser alimentada pela discussão; somente pelo diálogo.
Ao invés de demonstrar exaustivamente que o amigo está errado, ajude-o a descobrir a verdade por si mesmo; é muito mais nobre e pedagógico.
Se você quiser agir sobre o seu amigo, de verdade, para que ele mude, comece por amá-lo sinceramente, desinteressadamente.
O outro tem a tendência a ser aquilo que você pensa e diz que ele é; portanto não faça críticas duras, mas use de complacência com o amigo; destaque mais as suas qualidades que os seus defeitos, pois nenhum de nós gosta de ser caracterizado por seus defeitos.
O maior esforço da amizade não deve ser apenas mostrar nossos próprios defeitos a um amigo, mas fazer com que ele veja os dele, sem causar-lhe mágoa. O maior bem que podemos fazer-lhes não é oferecer-lhes nossa riqueza, mas levá-los a descobrir a deles.
O elogio sincero tem um poder mágico. Se quiser que o outro progrida, felicite-o sinceramente. Revelar os dons do outro é fazê-lo se descobrir e crescer.
A amizade também exige que se corrija o amigo que erra; mas devemos censurar os amigos na intimidade; e elogia-os em público. Nada é tão nocivo a uma amizade como a critica ao amigo na frente de outras pessoas; isso humilha e destrói a confiança.
Nunca desista de ajudar o amigo a vencer uma batalha; não há nem haverá ninguém que tenha caído tão baixo que esteja fora do alcance do amor infinito de Deus e do nosso socorro.
Infelizmente a inveja ataca muitas amizades e às vezes até as faz morrer. O amigo verdadeiro não disputa o sucesso com o amigo; ao contrário, se alegra com o maior sucesso do outro. Amigo não é só aquele que sabe se debruçar com piedade sobre o nosso sofrimento, mas aquele que sabe olhar sem inveja a nossa felicidade e o nosso sucesso. Muitos “amigos” ficam desesperados diante do maior sucesso alcançado pelo outro.
Poucas são as pessoas dotadas de bastante caráter para se alegrarem com os sucessos de um amigo sem uma sombra de inveja. Infelizmente algumas pessoas regozijam-se interiormente das deficiências de seus melhores amigos.
Não hesite em se sujar para tirar um amigo da lama. E saiba que a amizade, cuja fonte é Deus, não se esgota nunca.
Uma amizade só é verdadeira e duradoura se é baseada na fidelidade. O pior que seus inimigos o dizem na cara nunca será tão desagradável quanto o que seus melhores amigos dizem de você pelas costas. Cuidado, porque para te magoar, são necessários um inimigo e um amigo: um inimigo para te caluniar e um “amigo” para te transmitir a calúnia.
Milan Kundera, escritor tcheco, escreveu em seu livro “A Identidade”, que “a amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu.
Chama os amigos de testemunhas do passado e diz que eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar.”
Diz que “toda amizade é uma aliança contra adversidade, aliança sem a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos. Os amigos recentes custam a perceber essa aliança, não valorizam ainda o que está sendo contraído. São amizades não testadas pelo tempo, não se sabe se enfrentarão com solidez as tempestades ou se serão varridos numa chuva de verão.”
Há uma fábula antiga que mostra a
importância da amizade concreta: é a da pomba e da formiga. A pomba
percebeu que a amiga formiga caiu em um rio e se debatia para não morrer
afogada; muito depressa a pomba tomou um pequeno galho no bico e
colocou na água ao lado da formiga, e assim esta se salvou.
Passados os dias, um caçador apontava a sua espingarda para a mesma
pomba, que dormindo no galho de uma árvore não percebeu o perigo que
corria. Eis que a formiga viu; e antes que o caçador atirasse na pomba,
jogou-se sobre ele e deu-lhe uma ferroada; o caçador errou o tiro e
assim a pomba se salvou.A verdadeira amizade nos socorre quando menos esperamos.
Podemos esquecer aquele com quem rimos muito, mas nunca nos esqueceremos daquele com quem choramos. O laço da tristeza é mais forte que o laço da alegria. Os corações que as tristezas unem permanecem unidos para sempre.
Na prosperidade os verdadeiros amigos esperam ser chamados; na adversidade, apresentam-se espontaneamente. A fortuna faz amigos. A desgraça prova se eles existem de fato.
É preciso saber fazer e cultivar amizades; isto depende de cada um de nós; antes de tudo do nosso desprendimento e fidelidade ao outro. Uma coisa é certa: aquele que não tem necessidade de ninguém, têm muitos amigos.
A grandeza de um homem é medida pela sua capacidade de comunhão. Quem busca um amigo sem defeito, fica sem amigo.
Muito cuidado para não perder o amigo por uma futilidade; dizem que no jogo se perde o amigo e se ganha o inimigo. Mas pode haver outras ocasiões onde isto aconteça. A experiência da vida mostra que é mais fácil perdoar a um inimigo do que a um amigo. Um grande amor pode se transformar em grande ódio quando decepcionado.
“Mais vale um prato de legumes com amizade, que um boi cevado com ódio”, diz o Livro dos Provérbios.
Seja amigo daquele que pode te ensinar muitas coisas, mesmo que ele tenha que lhe dizer verdades amargas. Uma amizade só é valiosa quando um faz o outro crescer. Amigo de verdade é aquele que sabe tudo a teu respeito e gosta de você assim mesmo. É aquele que o aceita como é, e não se cansa dos seus defeitos.
Existe uma crise de moradia muito mais grave que a falta de casas; é a escassez de homens interiormente disponíveis para acolher seus irmãos, para ser amigo de verdade.
Para conquistar um amigo, é preciso criar um “deserto” dentro de si, aceitando que o outro venha ocupá-lo. Acolher o amigo é, em primeiro lugar ouvir. Alguns morrem sem nunca ter encontrado alguém que lhes tenha prestado a homenagem de calar-se totalmente para ouvi-los. São poucos os que sabem ouvir, porque poucos estão vazios de si mesmos, e o seu eu faz muito barulho. Se você souber ouvir, muitos virão lhe fazer confidências.
Muitos se queixam da falta de amigos, mas poucos se preocupam em realizar em si as qualidades próprias para conquistar amigos e conservá-los.
Se você quiser ser agradável às pessoas, fale-lhes daquilo que lhes interessa e não daquilo que interessa a você.
É só na época da seca que conhecemos as boas fontes, e na adversidade, os bons amigos. Meu amigo é aquele que me socorre, não o que tem pena de mim.
A amizade é alimentada pelo diálogo; que é uma troca de idéias em busca da verdade; muito diferente da discussão que é uma luta entre dois, onde cada um defende a sua opinião. A verdadeira amizade não pode ser alimentada pela discussão; somente pelo diálogo.
Ao invés de demonstrar exaustivamente que o amigo está errado, ajude-o a descobrir a verdade por si mesmo; é muito mais nobre e pedagógico.
Se você quiser agir sobre o seu amigo, de verdade, para que ele mude, comece por amá-lo sinceramente, desinteressadamente.
O outro tem a tendência a ser aquilo que você pensa e diz que ele é; portanto não faça críticas duras, mas use de complacência com o amigo; destaque mais as suas qualidades que os seus defeitos, pois nenhum de nós gosta de ser caracterizado por seus defeitos.
O maior esforço da amizade não deve ser apenas mostrar nossos próprios defeitos a um amigo, mas fazer com que ele veja os dele, sem causar-lhe mágoa. O maior bem que podemos fazer-lhes não é oferecer-lhes nossa riqueza, mas levá-los a descobrir a deles.
O elogio sincero tem um poder mágico. Se quiser que o outro progrida, felicite-o sinceramente. Revelar os dons do outro é fazê-lo se descobrir e crescer.
A amizade também exige que se corrija o amigo que erra; mas devemos censurar os amigos na intimidade; e elogia-os em público. Nada é tão nocivo a uma amizade como a critica ao amigo na frente de outras pessoas; isso humilha e destrói a confiança.
Nunca desista de ajudar o amigo a vencer uma batalha; não há nem haverá ninguém que tenha caído tão baixo que esteja fora do alcance do amor infinito de Deus e do nosso socorro.
Infelizmente a inveja ataca muitas amizades e às vezes até as faz morrer. O amigo verdadeiro não disputa o sucesso com o amigo; ao contrário, se alegra com o maior sucesso do outro. Amigo não é só aquele que sabe se debruçar com piedade sobre o nosso sofrimento, mas aquele que sabe olhar sem inveja a nossa felicidade e o nosso sucesso. Muitos “amigos” ficam desesperados diante do maior sucesso alcançado pelo outro.
Poucas são as pessoas dotadas de bastante caráter para se alegrarem com os sucessos de um amigo sem uma sombra de inveja. Infelizmente algumas pessoas regozijam-se interiormente das deficiências de seus melhores amigos.
Não hesite em se sujar para tirar um amigo da lama. E saiba que a amizade, cuja fonte é Deus, não se esgota nunca.
Uma amizade só é verdadeira e duradoura se é baseada na fidelidade. O pior que seus inimigos o dizem na cara nunca será tão desagradável quanto o que seus melhores amigos dizem de você pelas costas. Cuidado, porque para te magoar, são necessários um inimigo e um amigo: um inimigo para te caluniar e um “amigo” para te transmitir a calúnia.
Como surgiu o Carnaval?
De onde vem o Carnaval? Alguns, erroneamente dizem até que foi a Igreja Católica que o inventou; nada mais absurdo.
Vários autores explicam o nome Carnaval,
do latim “carne vale”, isto é, “adeus carne” ou “despedida da carne”; o
que significa que no Carnaval o consumo de carne era considerado lícito
pela última vez antes dos dias de jejum quaresmal. Outros estudiosos
recorrem à expressão “carnem levare”, suspender ou retirar a carne.
Alguns etimologistas explicam as origens
pagãs do Carnaval: entre os gregos e romanos costumava-se fazer um
cortejo com uma nave, dedicado ao deus Dionísio ou Baco, o deus do
vinho, festa que chamavam em latim de “currus navalis” (nave carruagem),
de donde teria vindo a forma Carnavale. Não é fácil saber a real origem
do nome.
Outras festas semelhantes aconteciam na
entrada do novo ano civil (mês de janeiro) ou pela aproximação da
primavera, na despedida do inverno. Eram festas religiosas, dentro da
concepção pagã e da mitologia. Por exemplo, para exprimir o cancelamento
das culpas passadas, encenava-se a morte de um boneco que, depois de
haver feito seu testamento era queimado ou destruído. Em alguns lugares
havia a confissão pública dos vícios, o que muitas vezes se tornava algo
teatral, como por exemplo, o cômico Arlequim que, antes de ser entregue
à morte confessava os seus pecados e os dos outros.
Tudo isso era feito com o uso de
máscaras, fantasias, cortejos, peças de teatro, etc. As religiões ditas
“de mistérios” provenientes do Oriente e muito difusas no Império
Romano, concorreram para essas festividades carnavalescas. Estas tomaram
o nome de “pompas bacanais” ou “saturnais” ou “lupercais”. Como essas
festas perturbavam a ordem pública, o Senado Romano, no séc. II a.C.,
resolveu combater os bacanais e seus adeptos, acusados de graves ofensas
contra a moralidade e contra o Estado.
Essas festividades populares podiam
acontecer no dia 25 de dezembro (dia em que os pagãos celebravam Mitra
(ou o Sol Invicto) ou o dia 1º de janeiro (começo do novo ano), ou
outras datas religiosas pagãs.
Quando o Cristianismo surgiu encontrou
esses costumes pagãos. Os missionários procuraram então cristianizar
esses costumes, como ensinava São Gregório Magno, no sentido de
substituir essas práticas supersticiosas e mitológicas por outras
cristãs (Natal, Epifania do Senhor ou a Purificação de Maria, dita
“Festa da Candelária”, em vez dos mitos pagãos celebrados a 25 de
dezembro, 6 de janeiro ou 2 de fevereiro). Por fim essas festividades
pagãs do Carnaval ficaram apenas nos três dias que precedem a
Quarta-feira de Cinzas.
A Igreja procurou também incentivar os
Retiros espirituais e a “Adoração das Quarenta Horas” nos dias
anteriores à Quarta-feira de cinzas. Hoje, graças a Deus, temos em todo o
nosso país Encontros e Aprofundamentos religiosos.
Infelizmente o Carnaval, sobretudo no
Brasil, “descambou” para a dissolução dos costumes; nos bailes e nas
Escolas de Samba predominam o nudismo e toda espécie de erotismo.
Esquece-se que os Mandamentos são a via da libertação e que o pecado é a
escravidão da pessoa: “Não pecar contra a castidade” e “Não desejar a
mulher do próximo” (cf. Ex 20,2-17; Dt 5,6-21).
É triste observar que o próprio Governo
estimula esse desregramento com uma ampla distribuição de “camisinhas”,
para que os foliões pequem à vontade sem perigo de contaminação. O Papa
João Paulo II assim se expressou sobre a camisinha: “Além de que o uso
de preservativos não é 100% seguro, liberar o seu uso convida a um
comportamento sexual incompatível com a dignidade humana [...]. O uso da
chamada camisinha acaba estimulando, queiramos ou não, uma prática
desenfreada do sexo [...] O preservativo oferece uma falsa ideia de
segurança e não preserva o fundamental” (PR, nº 429/1998, p. 80).
Nesta época vale recordar o que disse
São Paulo: “Nem os impudicos, nem idólatras, nem adúlteros, nem
depravados, nem de costumes infames, nem ladrões, nem cobiçosos, como
também beberrões, difamadores ou gananciosos terão por herança o Reino
de Deus (l Cor 6,9; Rm 1, 24-27)”. O Apóstolo condena também a
prostituição (1 Cor 6,13s, 10,8; 2 Cor 12,21; Cl 3,5) e as paixões da
carne tão vividas no Carnaval.
O sexo foi feito para o matrimônio e o
matrimônio foi elevado à sua dignidade por Cristo (Mt 5,32). Jesus
proclamou: “Bem-aventurados os puros, porque eles verão a Deus”. Disse
São Paulo: “A mulher não pode dispor do seu corpo: ele pertence ao seu
marido. E também o marido não pode dispor do seu corpo: ele pertence à
sua esposa” (1 Cor 7,4). As consequências do sexo vivido fora do
casamento são terríveis: famílias destruídas; pais e mães (jovens)
solteiros; filhos muitas vezes abandonados, ou em orfanatos, e hoje
muitas crianças “órfãs de pais vivos”, como disse João Paulo II.
Por tudo isso o cristão deve aproveitar
esses dias de folga para descansar, rezar, estar com a família e se
preparar para o início da Quaresma na Quarta-feira de Cinzas. O cristão
não precisa dessa alegria falsa das festas carnavalescas; pois o prazer é
satisfação do corpo, mas a verdadeira alegria é a satisfação da alma, e
esta é espiritual.
Prof. Felipe Aquino
Refletindo com Maria
São Bernardo, santo e doutor da Igreja,
que foi um dos maiores devotos e defensores do culto a Maria, nos deixou
ensinamentos belíssimo sobre Nossa Senhora, como este:
“Que este nome sagrado não afaste do
teu coração e não falte jamais nos teus lábios. Seguindo esta estrela,
não te desviarás. Se a invocares com humildade, não desesperarás. Se
pensares em Maria, não errarás. Se ela estiver contigo, não cairás, se
te proteger, nada temerás.
Com ela, como guia, não te
fatigarás. Se te for propícia, chegarás à meta , firme e seguro. Quem
quer que sejas, sacudido pelo vendaval das tempestades deste mundo
flutuante, sentindo a terra como mar devorador, não afastes os olhos do
fulgor desta estrela.
Quando soprar o vento tempestuoso e
traiçoeiro da tentação, quando te sentires batido contras os escolhos
perigosos da tribulação, olha para a estrela e invoca Maria.
Se te açoitarem as ondas da soberba, da inveja, da maledicência, olha para a estrela, e invoca Maria.
Quando sentires que a ira, a
avareza, a carne e a tristeza tentarem fazer soçobrar a barquinha frágil
da tua alma, olha para a estrela, invoca Maria”.
São Bernardo
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
Reflexão do Evangelho de hoje Cortar tudo o que nos separa de Deus
É pelo nosso testemunho de vida que receberemos
a recompensa ou a condenação de Deus. Seremos recompensados por tudo o que
fizermos em função de Jesus, mesmo que seja o menor gesto ou a ação mais
simples, como dar um copo d’agua. Da mesma forma, se formos uma pedra de
tropeço na caminhada de alguém que procura Deus, nós seremos condenados, mesmo
que estejamos a serviço do reino. Por isso, neste Evangelho Jesus nos exorta a
cortar radicalmente toda e qualquer motivação que nos direcione ao pecado.
Assim, Ele nos fala de cortar a mão, o pé, o olho, como figuras que simbolizam
o que fazemos, aonde vamos e a nossa maneira de ver as realidades do mundo.
Será muito melhor cortarmos as ações que nos levam ao pecado do que perdermos
definitivamente o nosso lugar no reino dos céus. As nossas obras, vão nortear o
nosso destino final, por isso, a mão, o pé, o olho, significam aqui as nossas
atitudes de agir, de ir, de olhar = concupiscências que nos arrastam para o
pecado que é o mal que nos leva à morte eterna, isto é, ao inferno. O reino dos
céus já começa aqui e para que o experimentemos e vivamos em sintonia com Deus,
nós temos que cortar tudo o que nos separa do Seu amor divino e paternal. Por
último Jesus fala para que tenhamos sal em nós mesmos: que tenhamos amor, zelo,
gosto, fervor, piedade, ação, porque assim damos vida nova ao mundo. A sua
maneira de olhar as coisas, de falar, de agir o têm levado para uma vida boa ou
má? – Você tem aproveitado as pequenas oportunidades para expressar no mundo o
amor que recebe de Deus? – Você ainda está esperando por grandes acontecimentos
para sentir-se convocado a pregar as coisas simples da vida?
Helena Serpa
Helena Serpa
Evangelho de hoje - Mc 9,41-50
Evangelho - Mc 9,41-50
É melhor entrar na Vida sem uma das mãos,
do que, tendo as duas, ir para o inferno.
do que, tendo as duas, ir para o inferno.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 9,41-50
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:41Quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo,
não ficará sem receber a sua recompensa.
42E se alguém escandalizar um destes pequeninos que crêem,
melhor seria que fosse jogado no mar
com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço.
43Se tua mão te leva a pecar, corta-a!
É melhor entrar na Vida sem uma das mãos,
do que, tendo as duas, ir para o inferno,
para o fogo que nunca se apaga.
45Se teu pé te leva a pecar, corta-o!
É melhor entrar na Vida sem um dos pés,
do que, tendo os dois, ser jogado no inferno.
47Se teu olho te leva a pecar, arranca-o!
É melhor entrar no Reino de Deus com um olho só,
do que, tendo os dois, ser jogado no inferno,
48'onde o verme deles não morre,
e o fogo não se apaga'.'
49Pois todos hão de ser salgados pelo fogo.
50Coisa boa é o sal.
Mas se o sal se tornar insosso,
com que lhe restituireis o tempero?
Tende, pois, sal em vos mesmos
e vivei em paz uns com os outros.
Palavra da Salvação.
O que é inspiração bíblica?
14
A
Bíblia é a Palavra de Deus inspirada. Mas como se dá essa inspiração?
Talvez imaginemos um ditado mecânico como a de um chefe à sua
datilógrafa. Esta escreve coisas que não entende e que são entendidas
apenas pelo chefe e sua equipe. Isso não é a inspiração bíblica. Pois,
ela não dispensa certa compreensão do autor humano (o hagiógrafo), nem
sua participação na redação do texto sagrado.
A inspiração bíblica também não é
revelação de verdades que o autor humano não conheça. Existe sim, o
carisma da Revelação, especialmente nos profetas. Mas é diferente da
inspiração bíblica. Esta se exercia, por exemplo, quando o hagiógrafo
descrevia uma batalha ou outros fatos documentados em fontes históricas,
sem receber revelação divina.
Inspiração Bíblica é a iluminação da
mente do autor humano para que possa, com os dados de sua cultura
religiosa e profana, transmitir uma mensagem fiel ao pensamento de Deus.
O Espírito Santo fortalece a vontade e as potências executivas do autor
para que realmente o hagiógrafo escreva o que ele percebeu.
Tais livros são todos humanos (Deus em
nada dispensa a atividade racional do homem) e divinos (Deus acompanha a
redação do homem escritor). A Bíblia é um livro divino-humano.
Transmite o pensamento de Deus em roupagem humana. Assemelha-se ao
mistério da Encarnação, onde Deus se revestiu de carne humana, pois na
Bíblia a Palavra de Deus se revestiu da palavra do homem (judeu, grego,
com todas as suas particularidades de expressão).
A finalidade da inspiração bíblica é
estritamente religiosa. Não foi escrita para nos ensinar ciências
naturais, mas aquilo que ultrapassa a razão humana (o sentido do mundo,
do homem, da vida, da morte, etc diante de Deus). Portanto, não há
contradição entre a Bíblia e as ciências naturais. Mesmo Gênesis 1-3 não
pretende ensinar como nem quando o mundo foi feito.
A Bíblia só é inspirada quando trata de assuntos religiosos? Há páginas na Bíblia não inspiradas?
Toda a Bíblia, em qualquer de suas
partes, é inspirada, qualquer que seja a sua temática. Ocorre, porém,
que Deus comunica sua mensagem religiosa em linguagem familiar
pré-científica, bem entendida no trato quotidiano. Por exemplo, quando
falamos em “nascer-do-sol” ou “pôr-do-sol”, supomos o sistema
geocêntrico (ultrapassado), mas não somos taxados de mentirosos, porque
não pretendemos definir assuntos de astronomia. Assim, quando a Bíblia
diz que o mundo foi feito em 6 dias, ou que a luz foi feita antes do sol
e das estrelas, ela não ensina teorias astronômicas, mas alude ao mundo
em linguagem dos hebreus antigos para dizer que o mundo todo é criatura
de Deus. Portanto, em assuntos não-religiosos, a Bíblia adapta-se ao
modo de falar familiar ou pré-científico dos homens que, devidamente
entendido, não é portador de erro.
Também todas as “palavras” da Escritura
são inspiradas. Os conceitos dos homens estão sempre ligados às
palavras. Quando o Espírito Santo iluminava a mente dos autores
sagrados, iluminava também as palavras. É por isto que os próprios
autores sagrados fazem questão de realçar de realçar vocábulos da
Bíblia: Jo 10,34-35; Hb 8,13; Gl 3,16.
Notemos, porém, que somente as palavras
das línguas originais (hebraico, aramaico e grego) foram assim
iluminadas. As traduções bíblicas não gozam do carisma da inspiração.
Por isso, ao ler a Bíblia, devemos nos certificar de estarmos usando uma
tradução fiel e equivalente aos originais.
“Toda a Escritura é inspirada por Deus, e
útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na
justiça.” (2Tm 3,16).
Para extrair a mensagem religiosa é
absolutamente necessário levar em conta o gênero literário do texto. Por
exemplo, “leis” tem seu gênero literário próprio (claro e conciso para
que ninguém possa se desculpar), a poesia tem gênero literário oposto ao
das leis (metafórico, subjetivo). Uma crônica é diferente de uma carta.
Uma carta comercial é diferente de uma carta de família, uma fábula é
diferente de um fato histórico.
Na Bíblia há diversos gêneros:
histórico; história em estilo popular (Sansão); poesia; parábola;
alegoria (Jo 15,1-6); a lei e muitos outros. Cada gênero tem suas regras
de interpretação próprias. Não posso entender uma poesia (cheia de
imagens) como entendo uma lei (clara e sem imagens). Assim, a criação do
mundo em Gn 1 é poesia. Enquanto a narração da Última Ceia é relato
histórico. Este devo entender ao pé da letra, enquanto aquele outro não o
posso.
Antes de ler um livro da Bíblia é
necessário se informar do seu gênero literário, a fim de entender os
critérios de redação adotados pelo autor. Tal informação pode ser obtida
nas introduções que as edições bíblicas apresentam para cada livro
sagrado.
Pergunta-se ainda: se a Bíblia é toda
inspirada, como se pode explicar as “contradições” e “erros” que ela
contêm? Afinal Deus existe como afirma Jo 1,18 ou não existe como afirma
Sl 52(53), 1? O sol parou, conforme Js 10,12-14 e Is 38,7s? De Abraão a
Jesus houve apenas 42 gerações (Mt 1,17)? Afinal o maná, era insípido e
pouco atraente (Nm 11,4-9) ou saboroso (Sb 16,20s) ?
Responde-se: A Bíblia é isenta de erros
em tudo aquilo que o hagiógrafo como tal afirma e no sentido em que o
hagiógrafo entendeu.
Portanto, em outras palavras, para
obtermos a mensagem isenta de erros devemos verificar se é algo afirmado
pelo próprio hagiógrafo, ou se ele afirmou em nome de outrem e qual o
gênero que ele adotou.
Voltando aos casos apontados: Em Jo 1,18
o hagiógrafo, como tal, é quem afirma que Jesus revelou Deus Pai. Mas
no salmo 52(53), 1, o hagiógrafo apenas afirma (com plena veracidade)
que o insensato nega a existência de Deus. O insensato erra ao negar, o
salmista apenas verifica o fato. A “parada do sol” está dentro de um
contexto de poesia lírica, onde “estacionamento do sol” quer dizer
“escurecimento da atmosfera, clima de tempestade de granizo”. Josué
pediu a Deus essa tempestade, a qual é relatada em Js 10,11. Os demais
casos se enquadram no uso do gênero literário do midraxe.
Midraxe é uma narração de fundo
histórico, ornamentada pelo autor sagrado para servir à instrução
teológica. O autor conta o fato de modo a destacar o valor ou o
significado religioso deste fato. Sua intenção não é a de um cronista,
mas a de um catequista ou teólogo. O caso do maná: em Nm há uma narração
de cronista, enquanto em Sb é apresentado o sentido teológico do maná
num midraxe. O maná era saboroso não por seu paladar, mas por ser o
penhor da entrada do povo na Terra Prometida. As 42 gerações relatadas
entre Abraão e Jesus visa destacar a simbologia do número 42 (3×14): em
Cristo se cumpre todas as promessas feitas a Israel, é o Consumador da
obra de Davi.
Ao meditarmos a Bíblia, oremos como
Santo Agostinho: “Fazei-me ouvir e descobrir como no começo criaste o
céu e a terra. Assim escreveu Moisés, para depois ir embora, sair deste
mundo. Agora não posso interrogá-lo. Se pudesse, eu lhe imploraria para
que me explicasse estas palavras. Mas não posso interrogá-lo. Por isso
dirijo-me a Ti, Verdade, Deus meu, de que estava ele possuído quando
disse coisas verdadeiras. E Tu, que concedeste a teu servo enunciar
estas coisas verdadeiras, concede também a mim compreendê-las.”
(Confissões XI 3,5)
“Nenhuma profecia da Escritura é de
interpretação particular. Nenhuma foi proferida pela vontade humana.
Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus” (2 Pd
1,20-21)
***
D. Estêvão Bettencourt, osb
Fonte: Apostila do Mater Ecclesiae: Curso Bíblico
D. Estêvão Bettencourt, osb
Fonte: Apostila do Mater Ecclesiae: Curso Bíblico
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Verdades, erros e perigos na Teologia da Libertação (Parte 1)
Introdução
A pavorosa miséria de irmãos nossos na América Latina, suscitou o nascimento (1960-1970) e o desenvolvimento da Teologia da Libertação, entre nós, uma espécie de “teologia política”, recebida com muito entusiasmo, paixão e até fanatismo por pessoas de boa vontade que julgam ter descoberto a verdadeira face do cristianismo, com o caminho da verdadeira redenção da humanidade.
Mas tomemos os fatos da história. Mesmo antes do cristianismo, o judaísmo professava verdades, como o puro monoteísmo (um só Deus), o livro sagrado (a Bíblia do Antigo Testamento), a esperança do Messias e da salvação. Mas apegou-se de tal forma ao Antigo Testamento e ao pacto de Deus com o povo de Israel, que não reconheceu Cristo como o Messias e o Novo Testamento, a ser pregado a todos os povos, como Aperfeiçoamento do Antigo Testamento. Nós católicos aceitamos o Antigo Testamento e a escolha do povo de Israel, como fatos verdadeiros, mas não únicos, porque foram uma preparação para a completa e mais perfeita revelação do Filho de Deus, feito homem.
É verdade, repetimos, que o Antigo Testamento é um livro sagrado, mas não é verdade que seja o único livro sagrado. É verdade que Israel foi o povo de Deus mas, depois de Cristo, Salvador da humanidade, não é mais o único povo de Deus.
É preciso portanto, não converter em verdade absoluta, aquilo que só o é parcialmente, porque nenhuma realidade puramente humana realiza o absoluto, que é Deus.
Exemplifiquemos. Se digo: “Antônio é um bom estudante” afirmo algo que pode ser verdadeiro. Quando, porém, avanço e digo: “Só Antônio é um bom estudante” faço uma restrição e excluo outros, o que pode ser falso.
No caso: a opção pelos pobres e mesmo a opção preferencial pelos pobres é uma afirmação verdadeira. Só a opção pelos pobres já é uma restrição ou exclusão.
Prossigamos na história. Os ortodoxos conservam doutrinas genuinamente cristãs mas as cristalizam de tal forma nos seus ritos e tradições que reduzem a Igreja às dimensões nacionais (restrição da catolicidade) e, consequentemente, assumem também uma coloração política.
As ideias da “fé” em Lutero, de “predestinação” para Calvino, tomadas em sentido diverso daquele da Bíblia, graças ao livre exame (releitura da Bíblia e restrição de conceito), fizeram nascer as denominações protestantes dos luteranos e calvinistas, com seus diversos matizes, introduzidos pelos seus sucessores.
O mesmo se diga das seitas. Tomam uma base bíblica, como “o batismo dos adultos” para os batistas, o “sábado” para os adventistas do sétimo dia, “o juízo final” para os testemunhas de Jeová e sobre essa base única constróem depois, até com uma regular lógica, os seus sistemas e crenças.
Mas todos eles não se julgam católicos. Ao contrário, se dizem anti-papistas, anti-católicos.
Não sucede o mesmo, porém, com os Teólogos da Libertação, mesmo daqueles que empregam os mesmos métodos de subversão das verdades reveladas. Primam em ser católicos, dos mais genuínos, e querem continuar a ser considerados católicos, filhos da verdadeira Igreja de Cristo.
Faz-se mister distinguir. Como os cogumelos, uns são bons e outros venenosos.
Quando defendem a libertação integral, colocando a raiz de todo o mal no pecado e exigem a conversão do coração para a edificação da sociedade justa, empregando o legítimo pluralismo teológico e baseando e na opção pelos pobres, mantém-se totalmente no campo católico. Pena quando, por razão de moda, empregam ambíguas, que seria melhor evitar.
São perigosos os que, mesmo propugnando uma justa libertação sócio-política da miséria e uma mais honrada pobreza, jogam toda a culpa do mal em algumas estruturas sociais e políticas e descarregam suas iras sobre o negregando pecado social dos outros. Recorrem a estratagemas e práticas ambíguas para justificar biblicamente sua tese que, na prática, para ser mais eficaz, descamba na análise marxista, que envenena toda a pretensa libertação.
Para tanto, a Teologia da Libertação faz mais sociologia e política do que teologia. A semelhança dos marxistas, erigem a economia como a norma suprema da humanidade e, assim, sacrificam na área da economia a teologia, que se despoja as sua veste espiritual para vestir o macacão proletário. Deve lutar, então, contra o capitalismo e deixando as armas da fé, assume aquelas do marxismo, que lhe quer tomar o lugar para erigir, em última análise, o capitalismo de Estado, ou melhor, da classe dominante, camuflada nas famosas e ilusórias “democracias populares ” .
Nosso grande jurista Sobral Pinto, que estudou, com seriedade, por mais de 50 anos, o marxismo, sentiu-se obrigado, em consciência, de levantar seu brado de fiel católico, impelido pelo canon 212 § 3 do Código de Direito Canônico (que vale, com maior razão para mim), para advertir que a Teologia da Libertação, que vigora entre nós, pretende desastrosamente enxertar o materialismo marxista na teologia espiritualista.
Pareceu-me, entretanto, útil para ajudar a discernir melhor a Teologia da Libertação redigir, em forma simples, concisa e popular, as verdades, os erros e os perigos da Teologia da Libertação, como a análise marxista, de que faia o já citado documento da Santa Sé.
Advertimos que não se pode deixar de reconhecer o vivo e sincero desejo de muitos liberacionistas de resolver o problema da miséria na América Latina, de uma forma atual e eficiente, quanto dizem, de acordo com o Concílio e a Conferência de Puebla. Mas não bastam a boa vontade e a reta intenção, principalmente quando aliadas à ingenuidade, para enfrentar e resolver todos os aspectos de uma realidade complexa.
Por isso mesmo o Concílio Vaticano II requer a interpretação dos “sinais dos tempos”, à luz do Evangelho. Porque o Evangelho é a revelação de Deus trazida à terra por Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem e transmitida à sua Igreja.Os problemas do homem, a sua dignidade, o seu destino, estão nas mãos de Deus, que criou o homem livre, para, da liberdade, fazer bom o meritório uso.
Veremos como para a Teologia da Libertação, em geral, não bastam a revelação de Deus e a experiência milenar da Igreja. Em virtude de um “aggiornamento” (atualização) mal compreendido, porque exagerado e exclusivo, quer inovar, trilhar novos caminhos, encontrar novas fontes de verdade, pois, em última análise, a experiência da Igreja, segundo os Teólogos da Libertação, teria fracassado na América Latina, por não ter resolvido o problema da miséria. É necessário, portanto, barganhar o Evangelho, ou melhor, seus métodos ou espírito, a luz do Palavra de Deus pelas ciências humanas.
Parece até que exageramos e pintamos um monstro para o combater mais facilmente. Oxalá estivéssemos sonhando e para melhor despertar à realidade, nesta exposição sumário, que não abrange nem aprofunda todos os aspectos da questão, vamos tratar dos seguintes pontos:
I – VERDADES:
1. Situação de miséria da América Latina e, concretamente, no Brasil.
2. A necessidade de uma teologia atualizada e correspondente à índole e cultura do povo.
3. Frutos da Teologia da Libertação.
4. Ambiguidades na Teologia da Libertação.
5. A instrução da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé sobre “Alguns aspectos da Teologia da Libertação”.
II – ERROS:
1. Pluralismo liberacionista e releitura da “opção pelos pobres” do Evangelho e de Puebla.
2. A polinização partidária das comunidades eclesiais de base.
3. A interpretação marxista da história e da religião.
4. A libertação no paraíso socialista.
III – PERIGOS:
1. Lavagem cerebral.
2. Abusos de linha pastoral muito difundida no Brasil.
3. Igreja Popular.
l – VERDADES
1. Situação de miséria na América Latina e, concretamente no Brasil
É um espetáculo desolador e inquietante a miséria e à fome num continente superdotado de possibilidades e recursos naturais, como é a América Latina. Em se tratando, então, do Brasil, país privilegiado, com terras férteis e abundantes, a miséria e a fome não deviam existir.
Faltam homens dirigentes que, bem formados, saibam desfrutar dos recursos naturais em favor do bem comum, enquanto outros governantes ou elementos à eles associados se locupletam à forra, espezinhando direitos e aspirações legítimas dos subalternos e subordinados.
Há, portanto, sem nenhuma divida, estruturas injustas que devem ser reparadas, tanto no campo nacional como no internacional de relações com nações mais desenvolvidas economicamente e ricas e que fazem sentir o peso do capitalismo desenfreado na sociedade latino-americana.
Vê-se logo que é mais uma questão de educação, que para nós é evangelização (no qual se deve empenhar seriamente a Igreja ), do que de guerrilhas ou revolução.
Para a evangelização são eloquentes os ensinamentos e orientações da Doutrina Social da Igreja, que tem por finalidade a implantação da justiça social, da liberdade e dignidade da pessoa humana, por meios evangélicos. Insistentemente os Papas clamam em favor dos oprimidos e reclamam uma ordem mais justa e estabeleceram e aprovaram não só inúmeras obras de beneficência, mais um dicastério dedicado à “Justiça e Paz”.
Francamente não agrada aos liberacionistas essa doutrina, que apodam de reformismo. Fixam seus objetivos de luta e reivindicações contra o detestável “pecado social” que oprime os mais pobres e deserdados. Não insistem na atuação decisiva do pecado pessoal, que existe tanto nos dirigentes que abusam do seu poder mas também nos subalternos, quando com saúde e trabalhando, não produzem mais e melhor e não sabem ou não procuram economizar.
Evidentemente condições climatéricas (muito calor) podem não estimular o trabalho e esses fatores se verificam em todas as nações, embora o elemento local esteja mais habilitado a vencer esses rigores da região.
É impressionante, porém, examinar a história dos imigrantes em nossos países e religiões. Chegaram quase todos em situação de miséria e se deram generosa e heroicamente ao trabalho, fazendo também não pequenas economias… e hoje é quase impossível encontrar um descendente de imigrantes na miséria… Nem tudo, portanto, depende unicamente das estruturas públicas.
Há situações extraordinárias de seca, inundações ou de outras calamidades (guerrilha) que podem favorecer a miséria ou a fome. Doloroso é o desemprego, hoje tão grave problema para todos os povos, principalmente quando se abandonam os campos pela cidade.
Mas também existem, é mister dizê-lo, em alguns a indolência, o abandono das terras, o alcoolismo, gastos imprevidentes e exagerados, como de moradores de favelas que dispendem fartamente no Carnaval.
É fácil atribuir a culpa de todo o mal às estruturas injustas e pecaminosas. Também lá, como na vida individual, a raiz de todos os males é o pecado.
O pecado introduziu o mal no mundo e o mantém. Atacar essa raiz, com a formação e a prática da vida cristã e favorecer a virtude, é o objetivo de uma teologia da Libertação ideal ( possível e legítima), inspirada nos Evangelhos e digna de aplausos. Assim mesmo, tal Teologia seria apenas uma parte da Doutrina Social da Igreja e não, como é concebida em nosso meio, como a Teologia que abarca e interpreta toda a religião.
O discurso de João Paulo II, em Puebla, traçou as coordenadas da Teologia da Libertação autêntica: verdade sobre a igreja, verdade sobre Jesus Cristo e verdade sobre o homem. Nessa perspectiva a opção preferencial pelos pobres recebe seu verdadeiro significado, que é evangélico e se mostra plenamente justificado. Implantar a “civilização do amor”, tão reclamada por Paulo VI e João Paulo II, é a única Teologia de Libertação louvável.Infelizmente não é esse, porém, o tipo de Teologia de Libertação comumente difundido na América Latina e no Brasil.
Rejeita, em ultima análise, a Doutrina Social da Igreja porque a julga teórética ideologicamente (teologicamente contra o capitalismo, mas na prática, reforça o sistema dominante) e praticamente não eficiente e por isso, mesmo quando alguém não a considera erronea, é insuficiente e deve ser enriquecida pela Teologia da Libertação, com métodos mais modernos, eficazes e científicos, que são os da análise marxista.
É justa, repetimos, necessária e louvável a defesa dos pobres, não só sociologicamente como religiosamente, mas o modo de agir da Teologia da Libertação não é evangélico, porque o amor ao próximo é a suprema norma social do Evangelho, que se aceita por convicção e não por imposição. O processo evangélico será muito mais lento, mas é mais humano e definitivo; como o operado no mundo pagão e bárbaro.
2. A necessidade de uma teologia atualizada e correspondente à índole e cultura do povo
O Concílio Vaticano II foi desejado por João XXIII e confirmado por Paulo VI, mantendo a fidelidade ao sacro patrimônio da verdade revelada, para enfrentar as novas condições e formas de vida, introduzidas no mundo hodierno.
Era o famoso “aggiornamento” (atualização), querido por João XXIII e a “inculturação”, auspiciada por Paulo VI, afim de apresentar aos povos de uma forma acentuadamente pastoral a doutrina da Igreja.
Fazia-se também um apelo à iniciativa dos teólogos para encontrar expressões mais adequadas para a vivência cristã nos nossos dias.
Respondeu séria e corajosamente a esse desafio o Conselho Episcopal Latino-Americano na Conferência Geral do Episcopado em Puebla, no México, tendo baseado seus estudos numa ampla rede de consultas e estudos de toda a Igreja na América LatinaÉ curioso como os Teólogos da Libertação procuraram boicotar Puebla. Diziam que Puebla não era “el puebio”. Mas realmente, em Puebla, falava “el pueblo de Dios”.
Organizaram, durante a Assembleia, uma Conferência paralela (anti-Puebla), da qual participaram alguns membros também do Episcopado e, curiosamente, agora, fundamentando-se em apenas algumas expressões da Conferência de Puebla, em releitura pré-fabricada, se julgam os verdadeiros protagonistas e executores de Puebla.
Para gáudio dos libertacionistas, puderam depois cantar vitória da aplicação concreta de suas ideias em Nicarágua, com os sandinistas e ministros sacerdotes e a Igreja Popular.
“Aggiornamento” da Igreja não significa uma mudança radical, mas o viver o dia atual da Igreja, fundada por Jesus Cristo e que deve atravessar os séculos, imutável na doutrina revelada, assistida pelo Espírito Santo, mas com os pés na terra, tanto quando caminha na praia, como nas montanhas ou no asfalto. É a mesma Igreja, peregrina neste mundo, que se faz viva e salvífica, adaptando-se, sem deixar de ser o que é, às circunstâncias do tempo. e do lugar.
Atualização, portanto, deve ser também inculturação, isto é, com capacidade de transmitir a – mensagem salvadora de Cristo aos diversos povos, encontrando as expressões mais adequadas para ser compreendida melhor pelos homens, que vivem em situações e ambientes os mais diversos.
Atualização e inculturação da Igreja foram interpretadas por alguns teólogos, como uma libertação da teologia tradicional para adotar, sem restrições, fórmulas novas de maior abertura cristã para o mundo e seu empenho sobre as realidades terrestres com uso das ciências humanas (psicologia, pedagogia, interpretação marxista da história etc. Assim promoveram uma revolução destruindo o passado, considerado superado, e fabricando formas modernas, alheias à teologia, e, portanto, reclamam uma nova interpretação do Evangelho de Cristo,
Nós católicos, porém, cremos na divindade de Cristo, na sua verdadeira e definitiva revelação pública, e não podemos, por conseguinte, aceitar nem as interpretações do Alcorão nem as de Marx, embora se apresentem como as mais eficazes e atualizadas,
3. Frutos de Teologia da Libertação
A decadência da teologia, depreciada em sociologia e política, o vazio da espiritualidade e a militância social e política, os anseios dos futuros sacerdotes manifestados agressivamente tanto nas universidades como até nos convites para a ordenação, a indisponibilidade para o apostolado cultural e das elites, a verdadeira lavagem cerebral de seminaristas (não todos felizmente, pois seus bispos sabem preservá-los) em certos Seminários ou comunidades do Brasil, saltam à vista de quem quer ver. O que se pode esperar desses futuros e pobres sacerdotes, munidos apenas com essa “teologia da enxada”, que não tem nem sequer a exposição sistemática e orgânica da nossa fé? Pregações sólidas e doutrinárias? Já escasseiam tais práticas em igreja onde a constante é a reivindicação amarga e irritante da ordem e justiça social em moldes socialistas, como se nosso povo não tivesse o direito de saciar sua “fome e sede de Deus” com a Palavra de Deus no culto sagrado, que não se deve confundir e conculcar com comícios despropositados e impertinentes. E depois, esses que negam o pão do Evangelho aos fiéis, não reconhecendo sua falta de responsabilidade, vão acusar outros organismos ou países como responsáveis e promotores da invasão e crescimento assustador das seitas e de outras formas de religião.
Cardeal Agnelo Rossi 19-03-1985
A pavorosa miséria de irmãos nossos na América Latina, suscitou o nascimento (1960-1970) e o desenvolvimento da Teologia da Libertação, entre nós, uma espécie de “teologia política”, recebida com muito entusiasmo, paixão e até fanatismo por pessoas de boa vontade que julgam ter descoberto a verdadeira face do cristianismo, com o caminho da verdadeira redenção da humanidade.
Se a causa é justa, necessária e
urgente, a estrada escolhida por muitos liberacionistas é perigosa e
errada e até pode ser fatal para a fé cristã e a humanidade: é o teor do
recente documento da Sagrada Congregação da Doutrina da Fé sobre a
Teologia da Libertação ( 06/08/1984 ) .
Na verdade, a paixão é frequentemente má conselheira. Não Bastante a
reta intenção e a boa vontade empregadas na difusão e implantação da
Teologia da Libertação radical e de verdades que contem e propugna, peca
gravemente por um unilateralismo radical, tomando apenas uma dimensão
do problema humano – o social e político – como a teologia do homem e da
religião, o que não só se opõe à realidade e à verdade e,
consequentemente à justiça, mas prejudica a solução do mesmo objetivo
desejado, de conseguir a plena libertação dos pobres e da pobreza e
pagando o alto preço de uma distorção fatal da fé cristã. Para
esclarecer quanto dissemos, basta compulsar a história, mestra da vida.
Ela registra numerosas religiões, denominações e seitas que fixando-se
numa dimensão ou aspecto verdadeiro mas não único, da realidade ou,
então, fixando-se numa aparente verdade, forjada. na ambiguidade,
obtiveram, graças a um proselitismo bem organizado, porém, em campo de
deficiente formação teológica, a adesão e o apoio de muitos, inclusive
de bons católicos que, honestamente, depois, confessam não mais
pertencer à Igreja Católica, porque renegaram a sua doutrina e
autoridade, como pode suceder com alguns que sofreram a lavagem cerebral
liberacionista.Mas tomemos os fatos da história. Mesmo antes do cristianismo, o judaísmo professava verdades, como o puro monoteísmo (um só Deus), o livro sagrado (a Bíblia do Antigo Testamento), a esperança do Messias e da salvação. Mas apegou-se de tal forma ao Antigo Testamento e ao pacto de Deus com o povo de Israel, que não reconheceu Cristo como o Messias e o Novo Testamento, a ser pregado a todos os povos, como Aperfeiçoamento do Antigo Testamento. Nós católicos aceitamos o Antigo Testamento e a escolha do povo de Israel, como fatos verdadeiros, mas não únicos, porque foram uma preparação para a completa e mais perfeita revelação do Filho de Deus, feito homem.
É verdade, repetimos, que o Antigo Testamento é um livro sagrado, mas não é verdade que seja o único livro sagrado. É verdade que Israel foi o povo de Deus mas, depois de Cristo, Salvador da humanidade, não é mais o único povo de Deus.
É preciso portanto, não converter em verdade absoluta, aquilo que só o é parcialmente, porque nenhuma realidade puramente humana realiza o absoluto, que é Deus.
Exemplifiquemos. Se digo: “Antônio é um bom estudante” afirmo algo que pode ser verdadeiro. Quando, porém, avanço e digo: “Só Antônio é um bom estudante” faço uma restrição e excluo outros, o que pode ser falso.
No caso: a opção pelos pobres e mesmo a opção preferencial pelos pobres é uma afirmação verdadeira. Só a opção pelos pobres já é uma restrição ou exclusão.
Prossigamos na história. Os ortodoxos conservam doutrinas genuinamente cristãs mas as cristalizam de tal forma nos seus ritos e tradições que reduzem a Igreja às dimensões nacionais (restrição da catolicidade) e, consequentemente, assumem também uma coloração política.
As ideias da “fé” em Lutero, de “predestinação” para Calvino, tomadas em sentido diverso daquele da Bíblia, graças ao livre exame (releitura da Bíblia e restrição de conceito), fizeram nascer as denominações protestantes dos luteranos e calvinistas, com seus diversos matizes, introduzidos pelos seus sucessores.
O mesmo se diga das seitas. Tomam uma base bíblica, como “o batismo dos adultos” para os batistas, o “sábado” para os adventistas do sétimo dia, “o juízo final” para os testemunhas de Jeová e sobre essa base única constróem depois, até com uma regular lógica, os seus sistemas e crenças.
Mas todos eles não se julgam católicos. Ao contrário, se dizem anti-papistas, anti-católicos.
Não sucede o mesmo, porém, com os Teólogos da Libertação, mesmo daqueles que empregam os mesmos métodos de subversão das verdades reveladas. Primam em ser católicos, dos mais genuínos, e querem continuar a ser considerados católicos, filhos da verdadeira Igreja de Cristo.
Faz-se mister distinguir. Como os cogumelos, uns são bons e outros venenosos.
Quando defendem a libertação integral, colocando a raiz de todo o mal no pecado e exigem a conversão do coração para a edificação da sociedade justa, empregando o legítimo pluralismo teológico e baseando e na opção pelos pobres, mantém-se totalmente no campo católico. Pena quando, por razão de moda, empregam ambíguas, que seria melhor evitar.
São perigosos os que, mesmo propugnando uma justa libertação sócio-política da miséria e uma mais honrada pobreza, jogam toda a culpa do mal em algumas estruturas sociais e políticas e descarregam suas iras sobre o negregando pecado social dos outros. Recorrem a estratagemas e práticas ambíguas para justificar biblicamente sua tese que, na prática, para ser mais eficaz, descamba na análise marxista, que envenena toda a pretensa libertação.
Para tanto, a Teologia da Libertação faz mais sociologia e política do que teologia. A semelhança dos marxistas, erigem a economia como a norma suprema da humanidade e, assim, sacrificam na área da economia a teologia, que se despoja as sua veste espiritual para vestir o macacão proletário. Deve lutar, então, contra o capitalismo e deixando as armas da fé, assume aquelas do marxismo, que lhe quer tomar o lugar para erigir, em última análise, o capitalismo de Estado, ou melhor, da classe dominante, camuflada nas famosas e ilusórias “democracias populares ” .
Nosso grande jurista Sobral Pinto, que estudou, com seriedade, por mais de 50 anos, o marxismo, sentiu-se obrigado, em consciência, de levantar seu brado de fiel católico, impelido pelo canon 212 § 3 do Código de Direito Canônico (que vale, com maior razão para mim), para advertir que a Teologia da Libertação, que vigora entre nós, pretende desastrosamente enxertar o materialismo marxista na teologia espiritualista.
Pareceu-me, entretanto, útil para ajudar a discernir melhor a Teologia da Libertação redigir, em forma simples, concisa e popular, as verdades, os erros e os perigos da Teologia da Libertação, como a análise marxista, de que faia o já citado documento da Santa Sé.
Advertimos que não se pode deixar de reconhecer o vivo e sincero desejo de muitos liberacionistas de resolver o problema da miséria na América Latina, de uma forma atual e eficiente, quanto dizem, de acordo com o Concílio e a Conferência de Puebla. Mas não bastam a boa vontade e a reta intenção, principalmente quando aliadas à ingenuidade, para enfrentar e resolver todos os aspectos de uma realidade complexa.
Por isso mesmo o Concílio Vaticano II requer a interpretação dos “sinais dos tempos”, à luz do Evangelho. Porque o Evangelho é a revelação de Deus trazida à terra por Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem e transmitida à sua Igreja.Os problemas do homem, a sua dignidade, o seu destino, estão nas mãos de Deus, que criou o homem livre, para, da liberdade, fazer bom o meritório uso.
Veremos como para a Teologia da Libertação, em geral, não bastam a revelação de Deus e a experiência milenar da Igreja. Em virtude de um “aggiornamento” (atualização) mal compreendido, porque exagerado e exclusivo, quer inovar, trilhar novos caminhos, encontrar novas fontes de verdade, pois, em última análise, a experiência da Igreja, segundo os Teólogos da Libertação, teria fracassado na América Latina, por não ter resolvido o problema da miséria. É necessário, portanto, barganhar o Evangelho, ou melhor, seus métodos ou espírito, a luz do Palavra de Deus pelas ciências humanas.
Parece até que exageramos e pintamos um monstro para o combater mais facilmente. Oxalá estivéssemos sonhando e para melhor despertar à realidade, nesta exposição sumário, que não abrange nem aprofunda todos os aspectos da questão, vamos tratar dos seguintes pontos:
I – VERDADES:
1. Situação de miséria da América Latina e, concretamente, no Brasil.
2. A necessidade de uma teologia atualizada e correspondente à índole e cultura do povo.
3. Frutos da Teologia da Libertação.
4. Ambiguidades na Teologia da Libertação.
5. A instrução da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé sobre “Alguns aspectos da Teologia da Libertação”.
II – ERROS:
1. Pluralismo liberacionista e releitura da “opção pelos pobres” do Evangelho e de Puebla.
2. A polinização partidária das comunidades eclesiais de base.
3. A interpretação marxista da história e da religião.
4. A libertação no paraíso socialista.
III – PERIGOS:
1. Lavagem cerebral.
2. Abusos de linha pastoral muito difundida no Brasil.
3. Igreja Popular.
l – VERDADES
1. Situação de miséria na América Latina e, concretamente no Brasil
É um espetáculo desolador e inquietante a miséria e à fome num continente superdotado de possibilidades e recursos naturais, como é a América Latina. Em se tratando, então, do Brasil, país privilegiado, com terras férteis e abundantes, a miséria e a fome não deviam existir.
Faltam homens dirigentes que, bem formados, saibam desfrutar dos recursos naturais em favor do bem comum, enquanto outros governantes ou elementos à eles associados se locupletam à forra, espezinhando direitos e aspirações legítimas dos subalternos e subordinados.
Há, portanto, sem nenhuma divida, estruturas injustas que devem ser reparadas, tanto no campo nacional como no internacional de relações com nações mais desenvolvidas economicamente e ricas e que fazem sentir o peso do capitalismo desenfreado na sociedade latino-americana.
Vê-se logo que é mais uma questão de educação, que para nós é evangelização (no qual se deve empenhar seriamente a Igreja ), do que de guerrilhas ou revolução.
Para a evangelização são eloquentes os ensinamentos e orientações da Doutrina Social da Igreja, que tem por finalidade a implantação da justiça social, da liberdade e dignidade da pessoa humana, por meios evangélicos. Insistentemente os Papas clamam em favor dos oprimidos e reclamam uma ordem mais justa e estabeleceram e aprovaram não só inúmeras obras de beneficência, mais um dicastério dedicado à “Justiça e Paz”.
Francamente não agrada aos liberacionistas essa doutrina, que apodam de reformismo. Fixam seus objetivos de luta e reivindicações contra o detestável “pecado social” que oprime os mais pobres e deserdados. Não insistem na atuação decisiva do pecado pessoal, que existe tanto nos dirigentes que abusam do seu poder mas também nos subalternos, quando com saúde e trabalhando, não produzem mais e melhor e não sabem ou não procuram economizar.
Evidentemente condições climatéricas (muito calor) podem não estimular o trabalho e esses fatores se verificam em todas as nações, embora o elemento local esteja mais habilitado a vencer esses rigores da região.
É impressionante, porém, examinar a história dos imigrantes em nossos países e religiões. Chegaram quase todos em situação de miséria e se deram generosa e heroicamente ao trabalho, fazendo também não pequenas economias… e hoje é quase impossível encontrar um descendente de imigrantes na miséria… Nem tudo, portanto, depende unicamente das estruturas públicas.
Há situações extraordinárias de seca, inundações ou de outras calamidades (guerrilha) que podem favorecer a miséria ou a fome. Doloroso é o desemprego, hoje tão grave problema para todos os povos, principalmente quando se abandonam os campos pela cidade.
Mas também existem, é mister dizê-lo, em alguns a indolência, o abandono das terras, o alcoolismo, gastos imprevidentes e exagerados, como de moradores de favelas que dispendem fartamente no Carnaval.
É fácil atribuir a culpa de todo o mal às estruturas injustas e pecaminosas. Também lá, como na vida individual, a raiz de todos os males é o pecado.
O pecado introduziu o mal no mundo e o mantém. Atacar essa raiz, com a formação e a prática da vida cristã e favorecer a virtude, é o objetivo de uma teologia da Libertação ideal ( possível e legítima), inspirada nos Evangelhos e digna de aplausos. Assim mesmo, tal Teologia seria apenas uma parte da Doutrina Social da Igreja e não, como é concebida em nosso meio, como a Teologia que abarca e interpreta toda a religião.
O discurso de João Paulo II, em Puebla, traçou as coordenadas da Teologia da Libertação autêntica: verdade sobre a igreja, verdade sobre Jesus Cristo e verdade sobre o homem. Nessa perspectiva a opção preferencial pelos pobres recebe seu verdadeiro significado, que é evangélico e se mostra plenamente justificado. Implantar a “civilização do amor”, tão reclamada por Paulo VI e João Paulo II, é a única Teologia de Libertação louvável.Infelizmente não é esse, porém, o tipo de Teologia de Libertação comumente difundido na América Latina e no Brasil.
Rejeita, em ultima análise, a Doutrina Social da Igreja porque a julga teórética ideologicamente (teologicamente contra o capitalismo, mas na prática, reforça o sistema dominante) e praticamente não eficiente e por isso, mesmo quando alguém não a considera erronea, é insuficiente e deve ser enriquecida pela Teologia da Libertação, com métodos mais modernos, eficazes e científicos, que são os da análise marxista.
É justa, repetimos, necessária e louvável a defesa dos pobres, não só sociologicamente como religiosamente, mas o modo de agir da Teologia da Libertação não é evangélico, porque o amor ao próximo é a suprema norma social do Evangelho, que se aceita por convicção e não por imposição. O processo evangélico será muito mais lento, mas é mais humano e definitivo; como o operado no mundo pagão e bárbaro.
2. A necessidade de uma teologia atualizada e correspondente à índole e cultura do povo
O Concílio Vaticano II foi desejado por João XXIII e confirmado por Paulo VI, mantendo a fidelidade ao sacro patrimônio da verdade revelada, para enfrentar as novas condições e formas de vida, introduzidas no mundo hodierno.
Era o famoso “aggiornamento” (atualização), querido por João XXIII e a “inculturação”, auspiciada por Paulo VI, afim de apresentar aos povos de uma forma acentuadamente pastoral a doutrina da Igreja.
Fazia-se também um apelo à iniciativa dos teólogos para encontrar expressões mais adequadas para a vivência cristã nos nossos dias.
Respondeu séria e corajosamente a esse desafio o Conselho Episcopal Latino-Americano na Conferência Geral do Episcopado em Puebla, no México, tendo baseado seus estudos numa ampla rede de consultas e estudos de toda a Igreja na América LatinaÉ curioso como os Teólogos da Libertação procuraram boicotar Puebla. Diziam que Puebla não era “el puebio”. Mas realmente, em Puebla, falava “el pueblo de Dios”.
Organizaram, durante a Assembleia, uma Conferência paralela (anti-Puebla), da qual participaram alguns membros também do Episcopado e, curiosamente, agora, fundamentando-se em apenas algumas expressões da Conferência de Puebla, em releitura pré-fabricada, se julgam os verdadeiros protagonistas e executores de Puebla.
Para gáudio dos libertacionistas, puderam depois cantar vitória da aplicação concreta de suas ideias em Nicarágua, com os sandinistas e ministros sacerdotes e a Igreja Popular.
“Aggiornamento” da Igreja não significa uma mudança radical, mas o viver o dia atual da Igreja, fundada por Jesus Cristo e que deve atravessar os séculos, imutável na doutrina revelada, assistida pelo Espírito Santo, mas com os pés na terra, tanto quando caminha na praia, como nas montanhas ou no asfalto. É a mesma Igreja, peregrina neste mundo, que se faz viva e salvífica, adaptando-se, sem deixar de ser o que é, às circunstâncias do tempo. e do lugar.
Atualização, portanto, deve ser também inculturação, isto é, com capacidade de transmitir a – mensagem salvadora de Cristo aos diversos povos, encontrando as expressões mais adequadas para ser compreendida melhor pelos homens, que vivem em situações e ambientes os mais diversos.
Atualização e inculturação da Igreja foram interpretadas por alguns teólogos, como uma libertação da teologia tradicional para adotar, sem restrições, fórmulas novas de maior abertura cristã para o mundo e seu empenho sobre as realidades terrestres com uso das ciências humanas (psicologia, pedagogia, interpretação marxista da história etc. Assim promoveram uma revolução destruindo o passado, considerado superado, e fabricando formas modernas, alheias à teologia, e, portanto, reclamam uma nova interpretação do Evangelho de Cristo,
Nós católicos, porém, cremos na divindade de Cristo, na sua verdadeira e definitiva revelação pública, e não podemos, por conseguinte, aceitar nem as interpretações do Alcorão nem as de Marx, embora se apresentem como as mais eficazes e atualizadas,
Mesmo quando não se rejeita o passado e
se julga aperfeiçoar o patrimônio cultural e artístico, é de mal gosto,
fazê-lo, desfigurando suas mais belas expressões, como se para melhorar
uma pintura clássica se usassem rabiscos e borrões de arte moderna.
Se esta aplicação de atualização e inculturação é errônea e
desastrada para uma arte, com maior razão o será para a Igreja, que não é
invenção nem obra de homens, mas de Deus, criador e Redentor,3. Frutos de Teologia da Libertação
Não sei como se possa, honestamente,
negar a existência da árvore da Teologia da Libertação, na sua espécie
mais agreste, rude, azeda e radical, quando seus frutos aparecem já
abundantes aos nossos olhos, ao menos no Brasil.
Acenamos aqui apenas a alguns desses produtos, pois haveria muitos outros em relação à liturgia, à vida religiosa, etc.A decadência da teologia, depreciada em sociologia e política, o vazio da espiritualidade e a militância social e política, os anseios dos futuros sacerdotes manifestados agressivamente tanto nas universidades como até nos convites para a ordenação, a indisponibilidade para o apostolado cultural e das elites, a verdadeira lavagem cerebral de seminaristas (não todos felizmente, pois seus bispos sabem preservá-los) em certos Seminários ou comunidades do Brasil, saltam à vista de quem quer ver. O que se pode esperar desses futuros e pobres sacerdotes, munidos apenas com essa “teologia da enxada”, que não tem nem sequer a exposição sistemática e orgânica da nossa fé? Pregações sólidas e doutrinárias? Já escasseiam tais práticas em igreja onde a constante é a reivindicação amarga e irritante da ordem e justiça social em moldes socialistas, como se nosso povo não tivesse o direito de saciar sua “fome e sede de Deus” com a Palavra de Deus no culto sagrado, que não se deve confundir e conculcar com comícios despropositados e impertinentes. E depois, esses que negam o pão do Evangelho aos fiéis, não reconhecendo sua falta de responsabilidade, vão acusar outros organismos ou países como responsáveis e promotores da invasão e crescimento assustador das seitas e de outras formas de religião.
Cardeal Agnelo Rossi 19-03-1985
Qualquer erro invalida o matrimônio?
Não,
não é qualquer erro que pode ser causa da nulidade do matrimônio. Tem
de tratar-se de algum ponto bem importante para a constituição da
comunhão de vida que é o matrimônio. Vamos expor, muito sinteticamente,
os casos previstos pela legislação da Igreja:
A) ERRO SOBRE O PRÓPRIO MATRIMÔNIO,
enquanto instituição, quer dizer, tal como ele querido por Deus e
regulamentado pela Igreja. É o que chamamos de “erro de direito”.
Lembremos que o casamento é um pacto, mediante o qual os cônjuges se
comprometem a formar uma comunhão da vida toda, que tende a ser fecunda.
Ainda mais, conforme a doutrina da Igreja, expressa no cânon 1056, essa
comunhão é necessariamente uma e indissolúvel; e, para os cristãos, é
um sacramento. Quantos, porém, pensam atualmente de modo diferente?
Sobretudo, após a introdução da lei civil do divórcio.
Quantos casam pensando que, “se não der
certo, a gente parte para uma outra”? Há, nesses casos, verdadeiro
consentimento matrimonial?
O problema não é fácil de resolver. A
legislação canônica faz uma distinção fundamental: não é o mesmo pensar
do que querer. Eu posso pensar que o matrimônio se pode dissolver, mas
isso não significa necessariamente que eu queira que ele seja dissolvido
de fato. Pode até acontecer exatamente o contrário, ou seja, que,
pensando que o matrimônio é dissolúvel, eu queira que o meu matrimônio
dure para toda a vida. É desta distinção que deriva a norma do código
canônico: “O erro a respeito da unidade, da indissolubilidade ou da
dignidade sacramental do matrimônio, contanto que não determine a
vontade, não vicia o consentimento matrimonial” (cân. 1099)
B) ERRO SOBRE A IDENTIDADE DA PESSOA.
É algo tão óbvio que quase não precisa de explicação. Se André quer
casar com Maria e, no momento de casar, quem dá o “sim” é Joana, é
evidente que André não consentiu em unir sua vida com a de Joana. O caso
é, porém, pouco menos do que teórico.
Contudo, mais do que a identidade
física, deveríamos olhar a identidade moral das pessoas, ou seja, o que
chamamos comumente de personalidade. Ora, quando a personalidade de um
cônjuge se revela completamente diferente de como era conhecida antes do
casamento, pode-se dizer que o consentimento matrimonial do cônjuge que
errou é verdadeiro? Não acabou por casar com uma pessoa inexistente,
que formou em sua imaginação? Ao nosso modo de ver, nesse caso, poderia
ser invocado, como causa de nulidade o erro sobre a pessoa de que trata o
cânon 1097 §1. O problema está em terminar o limite entre o que é
apenas uma qualidade, mas não muda fundamentalmente a personalidade, e a
própria personalidade. A dificuldade, porém, não nos deve impedir de
reconhecer que pode haver matrimônios nulos por erro sobre a
personalidade do cônjuge.
C) ERRO SOBRE AS QUALIDADES DA PESSOA.
Aqui o caso se complica. Sempre existe margem de erro. Há, por exemplo,
quem pensa que sua noiva é rica e acaba resultando que é de condição
bastante modesta; um outro acha que ela será uma boa ama de casa, e
acaba comprovando que nem sequer sabe fritar ovos; um outro ainda
acredita que sua noiva é virgem, mas está rotundamente errado. Por sua
vez, uma moça acha que seu noivo é muito responsável, mas, quando casa,
percebe que ele é incapaz de organizar a própria vida e que tem de
receber tudo prontinho; uma outra o imagina muito atencioso, mas, após o
casamento ele passa a comportar-se grosseiramente. Os casos se podem
multiplicar à vontade. Até onde se pode invocar o erro sobre uma
qualidade acidental, que não muda basicamente a personalidade, para
dizer que um casamento foi nulo? O Código de Direito Canônico resolve a
questão declarando que a nulidade existe se o erro for em relação a “uma
qualidade direta e principalmente visada” (cân.1097§2). Ou seja, quando
se faz muita questão de que essa qualidade exista no parceiro com que
se vai unir a vida.
D) UM ERRO DOLOSO. A
nova legislação canônica ainda introduziu uma norma nova sobre o erro
acerca das qualidades de uma pessoa. Pode acontecer que alguém nem
sequer pense sobre uma qualidade concreta- por exemplo, sobre uma doença
contagiosa, ou melhor, sobre a ausência dela. É claro que não se pode
falar então de que visasse direta e principalmente a essa qualidade (a
saúde). Mas não há dúvida de que essa doença (por exemplo, sífilis)
perturba gravissimamente a convivência conjugal. Suponhamos agora que
aquele que sofre essa doença a oculte propositadamente até o momento do
casamento. Pois bem, para prevenir esses casos, o Código de Direito
Canônico declara: “Quem contrai enganado por dolo perpetrado para obter o
consentimento matrimonial, e essa qualidade, por sua natureza, possa
perturbar gravemente o consórcio de vida conjugal, contrai
invalidamente”. Além do exemplo que já demos (a doença grave
contagiosa), pode-se pensar em outros, como o crime inafiançável, a
existência de filhos nascidos de outras uniões etc.
HORTAL, J. Casamentos que nunca deveriam ter existido: uma solução pastoral. Ed. Loyola: São Paulo, 1987. p.18-20
Verdades, erros e perigos na Teologia da Libertação (Parte 2)
Frutos
da Teologia da Libertação, são os jornais, revistas e editoras
católicas, que só martelam monotonamente a mesma tecla reivindicativa,
com satisfação de políticos esquerdizantes e silenciam até a palavra do
Papa, quando esclarece os desvios e erros da Teologia da Libertação.
Está igualmente em marcha o processo de
burla, descrédito, marginalização de elementos respeitáveis do clero,
fiéis à Igreja e ao Santo Padre, julgando-os conservadores, retrógrados e
superados.
Cresce o sentimento anti-romano,
anti-papal, anti-Igreja institucional, de rebeldia à autoridade
constituída, quando segue outra linha pastoral.
É óbvio, portanto, que tais frutos denunciam a existência da Teologia da Libertação radical no Brasil.
Um fruto genuíno da Teologia da
Libertação é a publicação da História da Igreja na América Latina pela
CEHILA (Comissão de História Eclesiástica para a América Latina),
dirigida por Henrique Dussel. Não é história mas hipótese de história,
pré-fabricada no materialismo histórico, nos moldes “acríticos e
acientíficos” da luta de classe. Faz pena ver como essa história destrói
a própria história, como o demonstrou exuberantemente Américo Jacobina
Lecombe em “A Obra Histórica do Pe. Hoornaert”, no que se refere ao
Brasil.
Também muitos liberacionistas, em nome
da teologia., destróem a teologia. Em última análise, para muitos,
Teologia da Libertação é a libertação da teologia. Podem responder-me
que realmente é a libertação da teologia tradicional. Eles, na verdade,
têm um conceito próprio da teologia, que seria a reflexão crítica da
práxis (modo de proceder), porque, no dizer de Marx, “O fundamento da
crítica religiosa é este: o homem faz a religião, não é a religião que
faz o homem” e a Teologia da Libertação oferece às comunidades eclesiais
de base este poder criador de religião e de Igreja.
4. Ambiguidades da Teologia da Libertação
Pescar em águas turvas é tática da
Teologia da Libertação, graças às ambiguidades empregadas tanto na
“opção pelos pobres” como nas “comunidades eclesiais de base”. A genuína
“opção pelos pobres” e as verdadeiras “comunidades eclesiais de base”
estão no coração da Igreja, mas de forma muito diversa daquela empregada
pela Teologia da Libertação.
Por isso, quando se rejeita essa
releitura facciosa, os liberacionistas nos apodam de inimigos dos
pobres, da democracia e do povo oprimido, quando não nos apontam como
fautores e aliados dos capitalistas e dos Estados Unidos.
A ambigüidade é útil para os
prestidigitadores e exploradores, não, porém, para os doutrinadores,
que, como ensina o Evangelho, devem evitar a confusão, afirmando,
negando ou distinguindo.
O ataque feito à Escolástica de Santo
Tomás de Aquino, começa porque o Santo Doutor da Igreja exigia, antes de
tratar qualquer questão, a definição dos termos, sua delimitação e
clareza e em que sentido eram tomados.Nunca a clareza e exatidão das
expressões fizeram mal aos bons e são exigidas para a promoção da
justiça.
Usar de ambiguidades e subterfúgios e,
por vezes, até de mentiras, não oferece nenhuma garantia de
credibilidade. O homem honesto não as aceita.
5. A instrução da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé
Quem conhece a paciência, discreção e
modo de proceder da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé (inglória
tarefa de alguns, que por isso mesmo se identificam, tem sido difundir
dela uma caricatura) dirá que não agiu em vão, mal informada ou
desatentamente com sua intervenção sobre alguns aspectos da Teologia da
Libertação.
Como é usual na Sagrada Congregação para
a Doutrina da Fé, o documento foi precedido por um estudo sério,
sereno, prolongado, com assessoria de peritos de diversas partes do
mundo. Se uma crítica se pode fazer ao documento é que tal
esclarecimento dado, há anos atrás, teria nos aliviado de não poucas
calamidades.
Não é possível, portanto, conceber
razoavelmente tal documento sem provas abundantes da existência de uma
Teologia da Libertação radical, existente na América Latina, incluindo
naturalmente o Brasil, não obstante declarações em contrário de alguns
prelados locais, que se confessam testemunhas oculares autênticas,
sempre atentos sobre os acontecimentos religiosos.
O autorizado documento da Sagrada
Congregação, para a Doutrina da Fé, é muito claro e explicito e é uma
séria advertência para toda a Igreja na América Latina. Foi acompanhado
de um resumo para ser divulgado, para que também a imprensa leiga
tivesse dele uma ideia geral. Com o pretexto de que o documento era
muito longo, não teve divulgação na imprensa católica e se omitiu de dar
maior publicidade ao resumo, justamente porque a tal Teologia da
Libertação, recriminada não existiria simplesmente no Brasil. Bastaria
dizer ao povo que aguardava o pronunciamento da Santa Sé, que depois de
todo o reboliço, o documento apoiava a “opção pelos pobres” e, portanto,
não atingia a Teologia difundida, entre nós, porque não precisamos
dessa análise marxista (moinho de vento sonhado pelo Cardeal Ratzinger e
o Papa iria corrigir a “gaffe” feita pelo antigo Santo Ofício. Em todo o
caso, o Papa seria liberacionista (aprendendo, como aluno, dos nossos
mestres liberacionistas) e o Cardeal Ratzinger um conservador
intransigente, desde que veio para Roma. Seria, portanto, melhor não
tomar conhecimento desse documento e esperar o outro prometido,
verdadeiramente positivo, sem a malfadada crítica de “alguns aspectos da
Teologia da Libertação”.
Hoje esta explicação (escapatória de
quem ignora a possibilidade de uma publicação da Sagrada Congregação
para a Doutrina da Fé sem explícita aprovação ao Santo Padre) não tem
mais sentido algum, após os pronunciamentos explícitos do Santo Padre,
tanto em Roma (alocução aos cardeais no fim de 1984 e aos bispos do
Peru) como em suas recentes viagens a países da América Latina… que,
porém, são censurados não pelo Governo mas por liberacionistas da
Igreja.
Apesar de negado o valor do documento,
já produziu alguns frutos como a declaração dos bispos do Peru e a
atenção que lhe deve dar a próxima Plenária da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil. Mas já é algo a recomendação do Presidente da CNBB de
deixar aos leigos o campo político e cuidar o clero da formação
religiosa integral dos mesmos leigos.
Será útil recordar algumas orientações finais do documento da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, no Capítulo XI.
Faz um apelo à fidelidade na tarefa
primordial da Igreja, à evangelização e consequente promoção humana, a
ser realizada em comunhão com os Bispos e a Igreja. Convida os teólogos a
colaborarem lealmente com espírito de diálogo com o Magistério da
Igreja e recebam sua palavra com respeito.
A promoção humana e a autêntica
libertação devem ser compreendidas a partir de uma evangelização
integral, em uma Igreja dos pobres, num sentido universal e não de uma
classe ou casta.
A verdade sobre o homem, a luta pelos
direitos humanos deve ser realizada com meios adequados à dignidade
humana, rejeitando toda e qualquer espécie de violência e tendo em conta
que a injustiça tem sua raiz no coração dos homens. Então se deve
recorrer às capacidades éticas da pessoa para a sua conversão. É ilusão
mortal aceitar que o “homem novo” nasça com a mudança de estrutura, pior
ainda quando feita pela violência revolucionária, pois são conhecidas
as escravidões gerais dos regimes totalitários.
Deve-se libertar do mito da luta de classes como salvadora.
O resumo da instrução distingue entre a
legítima aspiração dos povos pobres a condições de vida econômica,
social e política, que estejam conformes à dignidade humana (sinal dos
tempos característicos de nossa época) que envolve uma grave
responsabilidade de todos para esta conquista da justiça social. As
expressões dadas a essa aspiração, são legítimas àquelas que rejeitam a
pecaminosa indiferença diante dos dramáticos problemas da pobreza,
miséria e injustiça de que são vítimas Nossos irmãos e que reprovam
quantos contribuem para a manutenção da miséria dos povos. Tal foi, em
última análise, a posição de Puebla.
Outras expressões são ambíguas, enquanto outras representam um grave perigo para a fé, à vida teologal e a moral dos cristãos.
A Teologia da Libertação abrange todas
estas formas diversas e é apresentada em livros, folhetos, artigos e
pregações e, por isso, a Sagrada Congregação para a Defesa da Fé não
cita nenhum nome de liberacionista para que os outros não citados tenham
o pretexto de afirmar que o documento não lhes diz respeito.
Após a exposição bíblica do tema da
libertação e da genuína Teologia da Libertação, o documento afronta a
questão dos que apresentam uma forma de Teologia da Libertação
gravemente desviada, com erros prejudiciais à fé. É sobre esta
específica Teologia da Libertação que o documento da Santa Sé adverte
alguns aspectos, sobretudo o emprego da “análise marxista” mesmo com as
diversas tendências atuais do marxismo, como totalmente contrária aos
princípios evangélicos.
II – ERROS
1. Pluralismo liberacionista e releitura da “opção pelos pobres” do Evangelho e de Puebla
O pluralismo teológico e a releitura bíblica e dos pronunciamentos do Magistério são exigências liberacionistas.
O pluralismo serve de passaporte para
entrar no campo teológico (é sinal verde que estimula a pesquisa
teológica) e a releitura o redimensiona, na medida dos olhos e dos
desejos do “teólogo”. O pluralismo teológico teria sido ensinado pelo
Concílio e a releitura ou reintegração parece mais uma reedição do livre
exame protestante.Mas a alfândega pluralista. liberacionista não só é
contraditória, mas dura e totalitária com o parceiro adversário,
impedindo-lhe, em nome do mesmo pluralismo, de divulgar seus escritos,
fechando-lhe até as portas das editoras católicas afim de que a Teologia
da Libertação possa tranquilamente e exclusivamente dominar o campo
reservado às discussões teológicas. Algo semelhante ocorre com os
comunistas, os mestres da análise marxista: antes de assumir o poder
exaltam e exasperam a oposição ao Governo, mas, quando no poder, fazem
silenciar as oposições ao Governo, até com processos dignos da máfia.
Com o campo livre, será fácil ao liberacionista impingir sua leitura
da Sagrada Escritura e dos documentos do Magistério e impor a sua “linha
pastoral”, que deve ser seguida.
O Concílio trata do pluralismo político
que a filosofia social e a sociologia indicam como multíplice e livre
expressão de formas sociais, às quais o Estado reconhece uma autonomia
em ordem a uma contribuição para o bem comum. Os direitos e deveres das
pessoas, família e grupos devem ser reconhecidos, respeitados e
promovidos.
Numa sociedade pluralista se deve
garantir a liberdade da Igreja na comunidade política, distinguindo-se
sempre as ações dos fiéis, indivíduos ou grupos, como cidadãos, guiados
pela consciência cristã as suas ações em nome da Igreja.
Em última análise, nem o Estado nem a
Igreja podem ser supremos, pois só Deus o é, mas os seus membros são
criaturas e podem contribuir para melhorar a situação da comunidade,
respeitando sempre os direitos inalienáveis e supremos de Deus.
Um exemplo banal pode facilitar a
compreensão desse pluralismo. Diz o provérbio popular: “Todos os
caminhos conduzem à Roma”. Outrora, chegava-se à Roma a pé, a cavalo, em
carruagem e até de barco. Mas normalmente não se vinha de muito longe.
Com o progresso de comunicações, hoje, pode-se chegar de distantes
regiões, de carro, de trem ou de avião. Seria inconcebível e injusto
limitar a liberdade de locomoção, da escolha de estradas e meios
disponíveis para se chegar a Roma. Mas a finalidade deve ser respeitada
por todos: chegar a Roma e não a Washington ou Moscou. Quem, devendo
acompanhar alguém a Roma e o conduz a outra parte, errou o caminho, ou
por incompetência ou por maldade.
O pluralismo das escolas teológicas pode tomar diversos caminhos mas deve conduzir à reafirmação da fé católica,
O ponto de partida liberacionista,
afirma-se solenemente, é a “opção preferencial pelos pobres”. Desde seu
nascedouro é a opção pelos pobres tradicional na Igreja e, para a
América Latina, foi reafirmada por Puebla, que lhe dá prioridade na ação
pastoral na América Latina, juntamente com o problema da juventude.
Essa opção preferencial pelos pobres é absolutamente normal, de sentido
evangélico e eclesial, reclama um maior empenho conjunto do Episcopado
latino-americano para uma educação e orientação dos fiéis para com os
irmãos não só menos favorecidos economicamente, como os mais
necessitados espiritualmente.
“Pobre em espírito” ou “pobre no
coração” proclamado bem-aventurado pelo Senhor é aquela pessoa
desapegada dos bens materiais, tanto seja sociologicamente pobre como
rica dos bens materiais, ainda que, normalmente será mais fácil ao pobre
conformar-se com seu pouco que ao rico desapegar-se do seu muito. Como o
Senhor é Salvador de todos os homens – pobres e ricos – quer velos
unidos no seu amor e entre si, como irmãos, filhos do mesmo Pai
celestial. Por isso amou pobres e ricos.
Então, nunca a “opção preferencial pelos
pobres” pode tornar-se “opção exclusiva pelos pobres”. A primeira é
afirmação verdadeira, a segunda é exclusão injusta e falsa.
Os liberacionistas tomam, porém, os
pobres no sentido classista, como os oprimidos que, segundo Marx,
formariam o proletariado. Tomam um avião sequestrado.
Segundo a tese marxista (e assim
entramos, já na análise marxista) a história se reduz à luta de classes:
dos opressores contra os oprimidos. E chegou a hora dos oprimidos
proclamar a sua libertação donde o grito de combate: “Proletárias de
tudo o mundo, uni-vos!”.
É, sem dúvida, fascinante aos olhos de
jovens inexperientes, impetuosos, desejosos de realizar a justiça
social, entrar nessa luta, ao lado dos oprimidos. Respeitemos e
apreciemos o seu entusiasmo pelo ideal da justiça social, mas peçamos
que empreguem sua inteligência e espírito crítico para não embarcar numa
empresa ilusória e falsa. Sirva-lhes de aviso, o sinal que estão
deixando o caminho de Cristo, que é de amor, compreensão fraterna,
caminho mais longo, mas baseado na persuasão, no diálogo, no respeito à
dignidade humana.
Não foi com violência, não foi
distilando aversão, luta ou ódio entre as classes, não foi com
revolução, que Cristo, seus Apóstolos e a sua Igreja, lograram a
abolição da escravidão, mostrando como o escravo é nosso irmão em
Cristo.
Embarcando num avião sequestrado pela
análise marxista, há o perigo comprovado pela história repetidamente,
apesar de todas as promessas de libertação, de aterrissar numa ditadura
do proletariado que é realmente ditadura sobre o proletariado, ou como
está em voga agora, numa “democracia popular”, paraíso terrestre, onde
os liberacionistas preferem não viver.
Em todo o caso, a base bíblica da “opção
pelos pobres”, encarecida por Puebla, na releitura liberacionista, de
cunho marxista, é areia movediça sobre a qual não se pode construir
sólida e tranquilamente, o edifício de uma Sociedade justa e feliz.
2. A polinização partidária das comunidades eclesiais de base
As comunidades eclesiais de base que
atuam nos diversos ambientes e lugares, com espírito de evangelização e,
portanto, em união com os seus legítimos pastores, são uma bênção
extraordinária para a Igreja em regiões, como a nossa do Brasil, ou em
especiais circunstâncias para atender religiosa e espiritualmente o povo
de Deus.
Mesmo, antes do Concílio Vaticano II fui
um dos pioneiros, em âmbito diocesano, na Diocese de Barra do Piraí, a
introduzir essas comunidades, ainda muito rudimentares mas ricas de
religiosidade e de catequese popular, deixando organizadas cerca de 570
desses núcleos, com grande eficiência pastoral.
O erro começa quando se faz política
partidária nessas comunidades eclesiais de base. A formação política dos
leigos é necessária, segundo a fórmula “política do bem comum, fora e
acima das competições partidárias” e, nesse sentido foram impressas
Cartilhas Políticas. Mas. algumas delas pretendem formar uma classe
social em luta contra as instituições civis e até eclesiásticas. Suscita
a base, a rebelar-se contra a cúpula, apoiando partidos que endossam a
luta de classes. Passam assim as comunidades eclesiais de base a ser uma
mina prolífera de ação partidária, representando “o povo” no
engajamento sócio-político.
São tão exaltadas algumas comunidades
eclesiais de base que se julgam novas fontes de revelação e de
inspiração, como as mais genuínas para mostrar concretamente a
encarnação da Igreja na realidade do povo sofrido e angustiado. Dentro
do clima de luta, não admira que lhes falem homens sem fé e até contra
ela, em nome da Igreja, como lobos em pele de ovelhas. É de admirar,
porém, o açanhamento de clérigos nessa tarefa.
Em torno deste tema toma pé a “Igreja
Popular”, criada pelo “povo” ou comunidades eclesiais de base,
contaminadas pela luta de classes, em oposição à Igreja da cúpula
dominante, a tradicional Igreja.
Consequência lógica é o ataque e o
combate à autoridade, como opressora ou aliada à opressão, opondo-se
assim contra a Cúria Romana e ao mesmo Papa. Amanhã a oposição será
contra o Bispo e o Pároco. Segundo os liberacionistas, as comunidades
eclesiais de basesão a fonte da democracia, pois tudo ali se procede
democraticamente. Assim o pensam e o dizem, mas na realidade, nela atuam
os líderes e os meios de desinformação.
3. A interpretação marxista da história e da religião
Procuremos explicar brevemente o que
significa a análise marxista, exatamente condenada pelo documento da
Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, indicando como atua na
história e na religião.
Os liberacionistas nos dizem que tomam
elementos da análise marxista como um método, sem endossar a ideologia
marxista. Não podemos acreditar na sinceridade de seus propósitos,
quando não dispõem de capacidade intelectual para avaliar as
consequências dessa análise, trinada acriticamente como ” científica ” .
A análise marxista reduz toda a história
à luta de classe. Os liberacionistas, baseados no valor “científico” da
análise marxista, sustentam que ela tem os elementos úteis e eficazes
para eliminar a injustiça social e que o uso desses elementos é uma
conquista do progresso e, repetimos, não implica necessariamente na
aceitação da ideologia marxista, que eles mesmos condenam, porque
visceralmente ateia.
Outros negam simplesmente o uso da
analise marxista, pois dela não temos necessidade, os católicos, que
podem usar o método jocista de Cardjin: “ver, julgar, agir”,
esquecendo-se que esses três momentos na Ação Católica se faziam à luz
do Evangelho.
Segundo a análise marxista, a dialética
da história da humanidade, essencialmente luta de classes, conduz à
vitória do socialismo: a ordem ideal da sociedade e da economia. A
Teologia da Libertação crê efetivamente numa perfeita sociedade, para o
futuro, mas é muito vaga sobre essa futura sociedade socialista, pois
não pode ignorar o fato evidente que o marxismo, por toda a parte onde
lutou e conseguiu o poder, não conduziu à libertação do homem, mas sim à
supressão de sua liberdade.
O Papa, na sua encíclica sobre o
trabalho humano, afirma que um capitalismo primitivo que maneja o homem
como instrumento do capital, é contrário à dignidade humana, mas também o
coletivismo marxista, que tem a totalidade da economia, controla o
poder político, militar, cultural e propagandístico. A liberdade dos
homens de trabalho está melhor garantida em uma ordem econômica com
milhões de patrões e sindicatos livres do que num sistema em que o
Estado é o único patrão e os sindicatos são instrumentos do Estado.
Interessa-nos mais mostrar os efeitos da análise marxista na religião.
A Teologia da Libertação dando à
economia um caráter decisivo na sociedade, trilhando a análise marxista,
ameaça limitar unilateralmente, com a dimensão econômica, a história e a
atividade da Igreja, como uma opção política, errada no passado e no
presente, que estaria sempre ao lado dos opressores mas deve redimir-se e
assumir, quando necessário, a mesma revolução na luta pela libertação
da opressão, pois aí se encama o “amor universal”.
Teria sido revolucionária a Igreja, já
no seu fundador, Jesus Cristo, considerado perigoso e subversivo por
Pôncio Pilatos, mas, desde o período constantiniano, unindo-se ao poder e
aos poderosos, tornou-se cúmplice da exploração.
Só com a reforma das estruturas e o
engajamento sócio-político, a Igreja se tornará libertadora. As
violências não são ideais, mas se for preciso “matar por amor”, devemos
recorrer à força quando nos falta outro caminho. Exatamente aqui está um
grande erro: o caminho da violência, da luta, do ódio não é, nem pode
ser, o caminho de Cristo: único caminho, verdade e vida.
Para justificar suas posições, a Teologia da Libertação precisa reformar o cristianismo. As consequências normais da Teologia da
Libertação no cristianismo são principalmente as seguintes:
Libertação no cristianismo são principalmente as seguintes:
1. Parte-se da suposição, admitida sem
nenhum espírito crítico de conformidade ou não com a realidade, como
verdade científica que toda à história da humanidade deve ser
interpretada como luta de classe, dos opressores contra os oprimidos. E
que os oprimidos, despertados e sacudidos por esta injustiça social, se
devem libertar.
É evidentemente um exagero: a economia
fortemente influi na história, mas não a decide. O cristianismo não
pregou a luta de classes, mas Cristo encareceu a fraternidade e o amor
entre os homens. A maior transformação social, operada na humanidade, se
deve exatamente ao cristianismo. Cristo, em outras palavras, não foi um
revolucionário libertador dos pobres e escravos, mas o Salvador de
todos os homens, de qualquer situação social ou econômica. Não armou os
escravos contra os senhores, mas ensinou que o escravo é nosso irmão,
não só com a dignidade humana mas até mesmo como filho adotivo de Deus.
Um exemplo desastroso dessa análise
marxista da história da Igreja nos é dado pela CEHILA, na História da
Igreja na América Latina, como já nos referimos. Há evidente má vontade
em distorcer os latos e as personalidades e ignorância supina de nossas
tradições religiosas. Assim a Igreja no Brasil teria sido a opressora
dos pobres, enquanto, em homenagem ao ecumenismo, os invasores
protestantes holandeses e franceses teriam sido os heróis da libertação
da nossa Pátria.
Recordemos ainda que a pessoa de Cristo liberacionista lhe tira a auréola de Filho de Deus feito homem
e o considera um simples homem, como o “tal Jesus”, fabricado nos moldes secularizantes da Teologia da Libertação. Quando denunciei este programa radiofônico, endereçado às comunidades eclesiais de base, fui taxado de exagerado e até de visionário.
e o considera um simples homem, como o “tal Jesus”, fabricado nos moldes secularizantes da Teologia da Libertação. Quando denunciei este programa radiofônico, endereçado às comunidades eclesiais de base, fui taxado de exagerado e até de visionário.
2. Claramente essa concepção da história
e da realidade presente se projeta não só em Cristo mas também na
própria Igreja, dividindo-a em Igreja dos pobres (Igreja Popular,
tipicamente classista) e Igreja dos ricos (a Igreja institucional que se
compromete com os ricos para exercer um paternalismo com os pobres).
Leva à divisão na Igreja, exigindo uma
nova linha pastoral que combate não só os ricos, inimigos da classe
proletária, mas se opõe às próprias exigências da autoridade
eclesiástica que não concorda com a tese liberacionista.
Catequese do Papa: O Sacramento da Unção dos enfermos
O site ACI
publicou nesta quarta-feira, 26, as palavras do Santo Padre em sua
habitual catequese, na qual continuou sua reflexão sobre os sacramentos,
referindo-se agora ao sacramento da Unção dos Enfermos. Em sua alocução
depois da oração do Angelus, o Papa afirmou que nem a doença nem a
morte pode separar-nos de Cristo. Ele, como o Bom Samaritano da
parábola, estende seu cuidados aos enfermos e confia à Igreja o óleo
deste sacramento para os doentes do corpo e atribulados no espírito.
O Papa Francisco usou a parábola do Bom
Samaritano, para ilustrar a realidade que a Unção dos Enfermos
representa, recordando como este Bom Samaritano cuida de um homem ferido
derramando sobre as suas feridas óleo e vinho.
“É o óleo abençoado pelos Bispos a cada ano, na missa do Crisma de
Quinta-feira Santa, utilizado na Unção dos enfermos. O vinho, por sua
vez, é o sinal do amor e da graça de Cristo, que se expressam em toda
sua riqueza na vida sacramental da Igreja”, disse o Santo Padre.Lembrando como o Samaritano confia o doente ao dono de uma pousada, o Papa refletiu:
“Agora, quem é esse pousadeiro? É à Igreja, à comunidade cristã, somos nós, a quem cotidianamente o Senhor confia os aflitos no corpo e no espírito para que possamos continuar a lhes doar, sem medida, toda a sua misericórdia e salvação”.
Continuando a catequese, Francisco lembrou que também a Carta de São Tiago recomenda que os doentes chamem os presbíteros, para que rezem por eles ungindo-os com o óleo.
“É uma praxe que já se usava no tempo dos Apóstolos”, comentou o Papa.
De fato, Jesus ensinou aos seus discípulos a mesma predileção que Ele tinha pelos doentes e atribulados, difundindo alívio e paz, e lhes transmitiu a capacidade e o dever de continuar a dispor da graça especial deste Sacramento. “No entanto, isto não nos deve levar a uma busca obsessiva do milagre ou à presunção de poder obter sempre a cura”, ponderou.
“Existe uma certa convicção de que chamar o sacerdote dá azar, que é melhor não chamá-lo para não assustar o doente”, disse o Papa, improvisando. “Existe a ideia que depois do sacerdote, vem a agência funerária…”.
“O problema -disse o Papa- é que este
Sacramento é pedido cada vez menos, e a razão principal reside no fato
que muitas famílias cristãs, devido à cultura e à sensibilidade atuais,
consideram o sofrimento e a morte como um tabu, como algo a esconder ou
sobre o qual falar o menos possível. É verdade que o sofrimento, o mal e
a própria morte continuam sendo um mistério, e diante dele, nos faltam
palavras. É o que acontece no rito da Unção, quando de modo sóbrio e
respeitoso, o sacerdote impõe as mãos sobre o corpo do doente, sem dizer
nada”.
Por isso, diante daqueles que consideram o sofrimento e a morte como
um tabu, deixando de se beneficiar com esse Sacramento, é preciso
lembrar que “no momento da dor e da doença, devemos saber que não
estamos sozinhos. O sacerdote e aqueles que estão presentes representam
toda a comunidade cristã, que ao redor do enfermo, alimentam nele e em
sua família a fé e a esperança, amparando-os com a oração e o calor
fraterno”.“Na Unção dos enfermos, Jesus nos mostra que pertencemos a Ele e que nem a doença, nem a morte poderão nos separar Dele”, concluiu o Papa.
Na síntese de sua catequese em português o Papa Francisco escreveu:
O sacramento da Unção dos Enfermos fala da compaixão de Deus pelo homem no momento da doença e da velhice. A parábola do “bom samaritano” nos oferece uma imagem desse mistério. O bom samaritano cuida de um homem ferido, derramando sobre as suas feridas óleo e vinho, recordando o óleo dos enfermos. Em seguida, sem olhar a gastos, confia o homem ferido aos cuidados do dono de uma pensão: este representa a Igreja, a quem Jesus confia os atribulados no corpo ou no espírito. Também a Carta de S. Tiago recomenda que os doentes chamem os presbíteros, para que rezem por eles ungindo-os com o óleo. De fato, Jesus ensinou aos seus discípulos a mesma predileção que Ele tinha pelos doentes e atribulados, difundindo alívio e paz. Por isso, diante daqueles que consideram o sofrimento e a morte como um tabu, deixando de se beneficiar com esse sacramento, é preciso lembrar que, na unção dos enfermos, Jesus nos mostra que pertencemos a Ele e que nem a doença, nem a morte, poderá nos separar d’Ele.
Fonte: http://www.acidigital.com/noticia.php?id=26764
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