O site ACI/EWTN
Noticias informou nesta quarta-feira (12/02/14) que um samurai do
século XVI que preferiu renunciar a seus bens, viver na pobreza e ser
exilado de seu país antes que abandonar a sua fé católica, poderia
chegar aos altares por sua fidelidade a Cristo e a sua Igreja, se a
Congregação para a Causa dos Santos aprovar a causa de beatificação
apresentada pela Companhia de Jesus. Pelas circunstâncias de sua morte,
poderia ser inclusive declarado mártir.
O Postulador General da Companhia de
Jesus (jesuítas), Pe. Anton Witwer, disse ao grupo ACI que o Samurai
Takayama Ukon, “morreu no exílio por causa da debilidade causada pelos
maus tratos que sofreu em sua terra natal” e explicou que se Takayama é
aceito como um mártir, não precisaria de um milagre para ser
beatificado.
A palavra samurai costuma ser utilizada
para designar os guerreiros do antigo Japão. Embora a palavra signifique
“o que serve”, o vocábulo se usa para designar a elite militar que
governou o país por anos.
A Conferência Episcopal Japonesa
apresentou ao Vaticano uma solicitação de 400 páginas para a
beatificação de Takayama no ano passado. É a terceira vez que se
apresenta esta causa, a primeira foi a pouco tempo da morte do Samurai e
a segunda na década de 1960.
A vida de Takayama é um exemplo de
“grande fidelidade à vocação cristã, que perseverou apesar de todas as
dificuldades”, assinalou o Pe. Witwer.
Takayama
nasceu em 1552, três anos depois que o missionário jesuíta São
Francisco Xavier introduzira o cristianismo no Japão. Quando tinha 12
anos, depois da conversão de seu pai ao catolicismo, o jovem foi
batizado com o nome de Justo pelo sacerdote jesuíta, Pe. Gaspare di
Lella.
Os Takayama eram daimio, quer dizer,
membros da classe governante dos senhores feudais que secundavam aos
shogun na época medieval e inícios da etapa moderna no Japão. Como
daimio possuíam várias propriedades e tinham direito a formar exércitos e
contratar samurais. Dada a sua posição social, os Takayama podiam
ajudar nas atividades missionárias no Japão, e eram protetores dos
cristãos assim como dos missionários jesuítas.
Segundo o Pe. Witwer, quem também
preside o Instituto de Espiritualidade Inaciana na Pontifícia
Universidade Gregoriana em Roma (Itália), os Takayama influenciaram na
conversão de dezenas de milhares de pessoas no país.
Em 1587, quando o samurai tinha 35 anos,
o Chanceler do Japão, Toyotomi Hideyoshi, iniciou uma perseguição
contra os cristãos, expulsando missionários e forçando os católicos
japoneses a abandonarem a fé.
Muitos daimios optaram por renunciar ao
catolicismo, Takayama e seu pai, pelo contrário, optaram por abandonar
as suas terras e suas honras para manter a fé.
O sacerdote jesuíta contou ao Grupo ACI
que o samurai “não queria lutar contra outros cristãos, portanto,
preferiu uma vida pobre, já que quando um samurai não obedece a seu
‘chefe’, perde tudo o que tem”.
“Escolheu a pobreza para ser fiel à vida
cristã e durante anos, viveu sob a proteção de amigos aristocráticos,
levando assim uma vida digna, (…) era um nobre, uma pessoa conhecida”,
relatou o presbítero. “Muitas pessoas tentaram convencer Takayama a
renegar de sua fé”, mas ele se negou a sair da Igreja, sua opção era a
de viver como um cristão até a morte.
Em 1597, o Chanceler ordenou a execução de 26 católicos japoneses e estrangeiros que foram crucificados em 5 de fevereiro.
Em 1597, o Chanceler ordenou a execução de 26 católicos japoneses e estrangeiros que foram crucificados em 5 de fevereiro.
Quando o shogun Tokugawa proibiu
definitivamente o cristianismo em 1614, Takayama foi ao exílio e liderou
um grupo de 300 católicos japoneses que partiram para as Filipinas, e
se estabeleceram em Manila, a capital do país, chegando em dezembro.
Takayama morreu no dia 4 de fevereiro, depois de ter sido debilitado pela perseguição no Japão.
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