Depois de nos ter apresentado o seu plano pastoral no Sermão da
Montanha. Jesus agora nos faz responsáveis pela vida dos nossos irmãos e irmãs.
E por isso usa as figuras do sal, da cidade e da luz.Mas padre, o que é ser sal e luz para o meu irmão e minha irmã? E então
eu responderia: Ser sal é ser o que dá gosto às coisas. Ser luz é ser o que
ilumina. Todavia, cuidado. Porque a prerrogativa de ser sal e de ser luz pode
tanto se inclinar para o bem, quanto para o mal. Aquele que se volta para o mal
se torna também uma pessoa salgada, porém, salga a si mesma, dá gosto a si
própria. Veja bem, aquele que se projeta como um grande político ateu, um maçom
em alto grau, um empresário inescrupuloso, um déspota, ou mesmo um criminoso
famoso são exemplos de ser sal, mas para o mal.
Quer coisa mais salgada do que Hitler? Ele foi luz e sal, porém, em
oposição ao bem. Quantas pessoas brilham por aí… brilhos efêmeros. Por exemplo,
quantos cantores, compositores, atores, apresentadores, jogadores de futebol
brilham ou brilharam como um cometa? Gostar de futebol, tudo bem! Mas quantos
assalariados se privam de coisas para ir ao campo de futebol, fazendo com que
certos jogadores ganhem fortunas. Isto é acender luzes. São luzes que acendemos
impróprias, mas que “iluminam”. Poderiam ser chamadas de trevas, pois estão em
oposição à luz de Deus, que é a verdadeira luz.
Devemos ter muito cuidado com o nosso agir, com o nosso ser. Deus quer
que sejamos sal e luz para glorificá-lo, para a construção do Seu Reino. E isto
só é possível vivendo conforme nos ensina. Por isso termina dizendo que a luz
deve ser mostrada. Devemos mostrar isso às pessoas em louvor a Deus.
Ser luz e ser sal para glorificar a Deus é muito diferente do que se
pensa e é difícil agir com este entendimento, porque a tentação está sempre a
nos sugerir que sejamos luz e sal para nós mesmos. A todo momento sentimos
aquela tentação: Por que ser luz de outra forma? Seja luz para si mesmo, assim
vai brilhar muito mais. Por que ser gosto de outra forma? Seja gosto para si
mesmo. Você é bonito, inteligente e vai perder tudo isto por uma bobagem? Não!
Pense em você, colha para si mesmo os louros de seu trabalho, de sua vitória,
de seu sucesso. O pecado original surgiu daí: da vaidade e da soberba.
Este Evangelho é muito claro. Essa luz e esse sal podem ser dados para
ambos os lados, adquirindo, obviamente, conotações opostas e consequências
distintas. Jesus disse que não se acende uma luz para colocá-la debaixo da
mesa, mas na luminária. Disse ainda que não se pode esconder uma cidade situada
sobre uma montanha, quer dizer, se estivermos crescendo diante de Deus ou do
demônio, vamos aparecer de forma positiva ou negativa, naturalmente.
Este é também o Evangelho do discernimento. Devemos discernir a luz que
brilha para Deus e o sal que salga para o bem. Precisamos desse discernimento,
para refletirmos a luz de Deus e sermos o sal da terra louvando-o; caso
contrário vamos brilhar e salgar para outras finalidades, que não conduzem ao
Pai que está no Céu. Mas sim ao pai da mentira, ao pai das trevas que é
satanás.
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