O
medo da desgraça é pior do que a desgraça. O medo de sofrer é pior do
que o sofrimento. É natural ter medo; é algo humano, mas devemos
enfrentá-lo para que ele não paralise a nossa vida. Há muitas formas de
medo: temos medo do futuro incerto, da doença, da morte, do desemprego,
do mundo… O medo nos paralisa e nos implode interiormente, perturba a
alma, por isso é importante enfrentá-lo. Talvez seja ele uma das piores
realidades de nossos dias.
Coragem não é a ausência do medo, mas
sim a capacidade de alcançar metas, apesar do medo; caminhar para
frente; enfrentar as adversidades, vencendo os medos. É isso que devemos
fazer. Não podemos nos derrotar, nos entregar por causa desse
sentimento [medo].
A maioria das coisas que tememos
acontecer conosco, acabam nos acontecendo. E esse medo antecipado nos
faz sofrer muito, nos preocupar em demasia e perder horas de sono. E,
muitas vezes, acaba acontecendo o que menos esperamos. Muitas vezes
antecipadamente, sem nenhuma necessidade. Como me disse um amigo: “não
podemos sangrar antes do tiro!”.
É preciso policiar a nossa mente; ela
solta a si mesma e pode fabricar fantasmas assustadores, especialmente
nas madrugadas. Os medos em geral são sombras imaginárias sem bases na
realidade.
Há pessoas que se sentem ameaçadas por
tudo e por todos: “Fulano não gosta de mim, veja como me olha!” Ou:
“Sicrano me persegue; todos conjuram contra mim; meu trabalho não vai
dar certo…” E assim vão dramatizando os fatos e fabricam tragédias.
É preciso acordar, deixar de se torturar
com essas fantasias e pesadelos imaginários; o que assusta é irreal.
Quando amanhece as trevas somem… para onde foram? Não foram para lugar
algum, simplesmente desapareceram, não existiram; não eram reais. Quanto
menor o medo, menor o perigo. As aflições imaginárias doem tanto quanto
as outras.
Quando Jesus chamou Pedro para vir ao
encontro d’Ele, andando sobre as águas do mar da Galileia, ele foi, mas
permitiu que o medo tomasse conta do seu coração; então, começou a
afundar. Após salvá-lo, Jesus lhe pergunta: “Homem de pouca fé, por que
duvidaste?” (Mt 15,31).
Pedro sentiu medo porque olhou para o vento e para a fúria do mar em vez de manter os olhos fixos em Jesus. Esse também é o nosso grande erro, em vez de mantermos os olhos fixos em Deus, permitimos que as circunstâncias que nos envolvem nos amedrontam.
Não podemos, em hipótese alguma, abrigar
o medo e o pânico na alma; não lhes permitir que “durmam” conosco. Não!
Arranque-os pela fé, pela oração e por um ato de vontade,
decididamente.
É claro que toda a fé em Deus não nos
dispensa de fazer a nossa parte. Não basta rezar e confiar, cruzando em
seguida os braços; o Senhor não fará a nossa parte. Ele está pronto a
mover todo o céu para fazer aquilo que não podemos fazer, mas não faz
nada que podemos fazer. Vivemos dizendo a Deus que temos confiança
n’Ele, mas passamos o tempo todo provando o contrário, por nossas
preocupações…
Quando você age com fé e confiança em
Deus, Ele lhe dá equilíbrio e luzes para agir, guiando-o e abrindo
portas para você resolver o problema que o angustia. Se temos um
problema é porque ele tem solução, então vamos a ela; se o problema não
tem solução, então não é mais um problema, é um fato consumado, que
devemos aceitar.
Em vez de ficar pensando em suas
fraquezas, deficiências, problemas e fracassos, reais ou imaginários,
pense como o salmista: “ O Senhor é a minha luz e a minha salvação, a
quem temerei” (Sl 26,1).
Prof. Felipe Aquino
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