Do mesmo modo que Jesus olhava aquela multidão
do alto do monte, Ele continua olhando hoje, percebendo o vazio que existe no
coração do homem moderno, que se alimenta de tudo que o mundo oferece, comemora
os grandes feitos da ciência, celebra as grandes conquistas tecnológicas, mas
que na verdade continua triste, sem esperança, desalentado, ansioso, revoltado
e carente. A multidão que seguia Jesus naquele tempo não é diferente da
multidão que hoje O busca, em diversos lugares e das mais diversas maneiras. Na
verdade existe para nós uma grande diferença em relação aos discípulos que
acompanhavam o Mestre. Nós somos privilegiados, porque temos a garantia da Sua
palavra, e a certeza de que como Ele fez naquele tempo, hoje também o fará,
bastando apenas que nós obedeçamos ao que Ele nos orienta. Jesus conhece as
nossas necessidades, entretanto, Ele quer que tenhamos consciência do que nós
já possuímos, do que já dispomos. Por isso, antes de qualquer coisa, Ele nos
pergunta: “ quantos pães tendes?” Assim dizendo Jesus nos leva a refletir e
questionar sobre a nossa real condição de vida. É como se Ele estivesse falando
para todos nós: você tem algo, você não é de todo carente; o que você tem eu
abençôo e multiplico até que sobre!” O pão representa o alimento que mata a
nossa fome material, que sacia a nossa alma, os nossos desejos, mas também
significa os dons e talentos que nós possuímos para bem usá-los e assim
participar do aprovisionamento do pão espiritual e material do nosso cada dia.
Nós precisamos também colocar nas mãos de Jesus os sete pães e alguns peixinhos
que são os nossos carismas e aptidões para que Ele, através de nós, possa
alimentar a multidão carente que se encontra ao nosso redor: São sete os dons
infusos que nós recebemos no nosso Batismo: temor de Deus, sabedoria,
fortaleza, conhecimento, entendimento, piedade e prudência. São sete também as
virtudes teologais e cardeais que o Senhor nos concede para crescermos em
santidade: fé, esperança, caridade, prudência, temperança, fortaleza e justiça,
portanto nós nunca poderemos dizer que nada temos para oferecer ao irmão. O
Senhor nos dá a capacidade de crescermos para que nós também possamos fazer o
outro crescer. Os peixinhos são também os frutos do Espírito Santo que
cultivamos em nós e são preciosos para alimentar as pessoas que nos cercam:
amor, alegria, paz, mansidão, paciência, temperança, afabilidade, bondade,
fidelidade. Tudo isso colocado à disposição de Jesus servirá para mudar a vida
de muitas pessoas no meio da multidão. – E você? Quantos pães você possui? Faça
o cálculo e os ofereça a Jesus. Ele vai multiplicá-los. – O que você tem feito
dos presentes que o Espírito Santo lhe concedeu? – Você tem alimentado alguém
com os frutos que o Espírito tem feito você produzir?
Helena Colares Serpa
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