Com
o título de “Pequenas mudanças, sentido profundo”, Pe. José Antonio de
Oliveira, publicou um Artigo no site da Arquidiocese de Mariana
(08/01/2014). Alguns leitores ficaram magoados ao ler o artigo e me
escreveram escandalizados. Entre outras coisas, o Pe. José escreveu:
“Escreva sua história pelas suas próprias mãos”, diz o compositor e
cantor Zé Geraldo. E o papa Francisco, em sua exortação sobre a alegria
do Evangelho, nos convida a ser mais ousados e criativos, abandonando a
posição cômoda de dizer: “foi sempre assim” (EG, 33).”“… no campo da fé, há sempre a tentação de se parar na tradição, no que sempre existiu; acomodar-se no que já está pronto”.
“Muitos católicos ainda fazem cada dia, sobretudo no início das orações, o “pelo sinal”. Traçam a cruz com o dedo polegar na testa, na boca e no peito, dizendo: “Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos, Deus, nosso Senhor, dos nossos inimigos”. Particularmente, não vejo sentido algum nessa oração”.
“Me perdoem os devotos, mas também não gosto muito de rezar a “Salve Rainha”. Aprendi isso com papai. Acho uma oração muito pessimista: “A vós bradamos os degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas”.
“Ao rezar o terço, normalmente as pessoas usam aquela jaculatória: “Ó meu Jesus, perdoai-nos; livrai-nos do fogo do inferno…”. Não gosto! Ficar pensando em fogo é muito esquisito. Inferno é ausência de Deus, ausência do amor, não encontrar sentido para a vida”.
“Quando o padre, ou diácono, proclama o Evangelho na celebração, o Missal Romano propõe que, no final, se diga: “pelas palavras do Santo Evangelho sejam perdoados os nossos pecados”. Nunca disse isso. No meu modo de entender, o Evangelho é a Boa Notícia de Pai, anúncio da alegria da Salvação, a proposta do Reino, a revelação de Deus, convocação para a vida nova. Ora, reduzir toda essa riqueza à função de perdoar pecados é muita pobreza. Não faz sentido!”
“Esses são apenas alguns exemplos de como precisamos prestar mais atenção naquilo que fazemos e falamos, evitando a mesmice, a simples repetição, e procurando dar mais sentido à nossa oração”.
O padre José Antonio procura dar a sua explicação para cada uma dessas afirmações acima, e diz que: “não tenha a pretensão de ser modelo e referência pra ninguém”. No entanto, causou muito escândalo. E Jesus não gosta de escândalos: ele disse que seria melhor amarrar uma pedra pesada no pescoço e se lançar no mar do que escandalizar um pequenino.
Penso que o Pe. José tem o direito de pensar o que quiser, mas, enquanto sacerdote da Igreja, usar o site da Arquidiocese para expor suas ideias “conflitantes” com a boa fé do povo, é perigoso; me pareceu muito imprudente. Não se pode usar as palavras do Papa para querer justificar as mudanças que “nós” desejamos para a Igreja. Nunca me esqueço da frase de João Paulo II: “A Igreja não precisa de reformadores, mas de santos”.
A Tradição da Igreja não é algo sentimental e vazio, não, é a expressão da fé do povo de Deus, dos seus santos, mártires, doutores, papas… algo inspirado pelo Espírito Santo. Não se pode falar em “mesmice” ou em “simples repetição”.
Como negar a beleza e a profundidade da “Salve Rainha”, que tantos santos e teólogos se debruçaram sobre ela, e que a Igreja transformou num belo canto em latim:
“SALVE Regina, Mater misericordiae, vita, dulcedo, et spes nostra salve. Ad te clamamus, exsules filii Hevae; Ad te suspiramus, gementes et flentes in hac lacrimarum valle. Eia ergo, advocata nostra illos tuos misericordes oculos ad nos converte. Et Jesum, benedictum fructum ventris tui, nobis post hoc exilium ostende. O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria. Ora pro nobis, sancta Dei Genitrix. Ut digni efficiamur promissionibus Christi. Amen”.
Quantos santos e santas, padres e bispos, cardeais e papas, cantaram e cantam essa oração profunda a Nossa Senhora!…
É belíssimo fazer o “Pelo sinal da santa cruz…” – eu o faço com gosto e devoção, aprendi com minha mãe – na testa para pedir a Deus a proteção de meus pensamentos; nos lábios para pedir proteção e boas palavras; no coração para ter bons sentimentos… Ora, como não ver sentido nesta bela prática?
Sobre a expressão: “Oh, meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo da inferno…”, foi Nossa Senhora quem ensinou aos Pastorinhos de Fátima… Quem vai questionar?
Como é salutar a expressão “Pelas palavras do Santo Evangelho sejam perdoados os nossos pecados”. Não é uma afirmação fortuita; é profunda. São Paulo disse que a Palavra de Deus é útil para corrigir, exortar, corrigir na justiça… é viva e eficaz.
Temo que nesta direção, alguém possa querer também eliminar o Pai- Nosso, a Ave-Maria, o Santo Rosário, os sinais exteriores da fé, as Procissões, a Bênçãos e outros sacramentais…
Prof. Felipe Aquino
Boa. prof. Aquino! Há alguns padres moderninhos que gostam de inovar e quase sempre erram.
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