O Evangelho deste 1º Domingo da Quaresma (Mateus 4, 1-11), nos mostra a
luta de Nosso Senhor Jesus Cristo contra Satanás, usando sempre frases
da Sagrada Escritura, como que a sugerir-nos que da Palavra de Deus nos
vem a luz para sabermos o que havemos de fazer, na hora da tentação.
O Demônio tenta-nos sempre com a mesma tática.
‑
Parte, de ordinário, de uma coisa naturalmente boa. Em seguida
deforma-a, exagerando, transformando em outro o objeto inicial da
tentação.
Nas tentações de Jesus, o demônio parte da fome (1ª);
da Sua missão de Messias que devia ser reconhecida por todos (2ª); e de
Ele querer estabelecer um Reino universal (3ª).Para nós, pode partir do
cansaço, de qualquer carência natural, da amizade, do cuidado das coisas
temporais, etc.
‑ Quando nos quer enganar, não nos leva, em
geral, a dizer não a Deus imediatamente, mas a atrasar o nosso sim a
Deus, a deixar para depois. Ele sabe que, por sucessivos adiamentos,
consegue levar-nos a faltar ao dever.
Nas três tentações a que se submete, Jesus resume todas aquelas que podemos sofrer:
‑
Voltar todas as nossas preocupações para os cuidados materiais da vida.
Depois, o prazer é desligado da sua finalidade: ao comer procura o
sabor, em vez da alimentação; na sexualidade, o prazer, em vez de o
colocar ao serviço da vida, do amor e da família; no desejo de alcançar
um fim (mesmo bom) o inimigo leva-nos a não olhar os meios para o
conseguir. Um fim bom nunca pode justificar meios que Deus condena.
Na
Quaresma, aprendemos a lutar contra as tentações, a renovar nossa vida
de filhos de Deus. Preparemo-nos generosamente para uma renovação
interior nesta Quaresma, pela fidelidade às promessas do nosso Batismo.
Preparemo-nos
também para a luta, o combate espiritual da santificação. «Jejuou
quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome.»Todo o bom
desportista prepara-se cuidadosamente para a competição, treinando-se e
prevenindo-se contra a tática do adversário. Jesus Cristo prepara-Se
para este combate singular pela oração e o jejum durante quarenta dias e
quarenta noites.
O jejum pode apresentar-se sob diversas formas:
‑ na comida e bebida, com referências à qualidade e à quantidade;
‑ nos olhos e nos ouvidos, quando nos abstemos
de coisas más e de outras que, mesmo sendo boas, nos custa passar sem
elas, tais como programas de televisão, restringir o uso do carro,
mortificar os olhos, a língua nas conversas, restringir o uso da
internet, etc.
‑ A mortificação há de ser contínua, como os exercícios do atleta, para o manterem em boa forma.
Recorramos filialmente à ajuda de Nossa Senhora, a fim de alcançarmos a vitória.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller
Bispo de Frederico Westphalen (RS)
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