Além do papa polonês, o pontífice resolveu declarar santo João XXIII, responsável pelo Concílio do Vaticano II
Cidade do Vaticano. O papa Francisco autorizou, ontem, a canonização do papa João Paulo II, dois dias após a aprovação do segundo milagre atribuído a ele por bispos e cardeais. O pontífice também abriu caminho para que João XXIII se torne santo, mesmo sem cumprir os requisitos da lei eclesiástica.
Primeira encíclica de Francisco foi divulgada ontem. O documento de 82 páginas, que apresenta a visão do papa sobre doutrina e outras questões, deixa claro que ele não vê um rompimento com Bento XVI FOTO: REUTERS{
João Paulo II foi considerado o responsável pela cura da freira francesa Marie Simon-Pierre, que tinha mal de Parkinson, o que levou à sua beatificação. Na quarta (3), os bispos e cardeais do Vaticano aprovaram seu segundo milagre, a cura do câncer de uma mulher da Costa Rica.
Segundo a Santa Sé, a cura da mulher aconteceu após ela rezar pedindo ao pontífice por sua recuperação no dia em que ele foi beatificado, 1º de maio de 2011. O primeiro aval foi dado em 18 de junho, após a avaliação de laudo médico.
No caso de João XXIII, a canonização ocorreu por desejo de Francisco. O Vaticano explicou que, mesmo sem ter um segundo milagre aprovado, o papa pode deliberar por tornar santa alguma figura. Responsável pelo Concílio Vaticano II, o principal documento eclesiástico do século XX, João XXIII foi beatificado em 2000.
A canonização dos dois pontífices deverá ser feita provavelmente em 8 de dezembro, dia de Imaculada Conceição. A data será definida após um consistório de cardeais, que ainda não foi marcado, e estabelecerá as datas em que os novos santos serão celebrados.
Papado
João Paulo II comandou a Igreja entre 16 de outubro de 1978 e 02 de abril de 2005 e foi beatificado em maio de 2011 por Bento XVI. Já João XXIII foi líder dos católicos entre 28 de outubro de 1958 e 3 de junho de 1963.
Ontem, o papa Francisco divulgou sua primeira encíclica, com uma mensagem sobre a importância da fé cristã, demonstrando que ele não pretende romper radicalmente com a posição doutrinária de seu antecessor, Bento XVI.
Importância da fé
A encíclica "Lumen Fidei" (Luz da Fé) deveria ser parte de uma série de Bento XVI sobre as virtudes teológicas, somando-se a textos anteriores sobre o amor e a esperança, mas acabou não sendo concluída antes da surpreendente renúncia de Bento XVI, em fevereiro.
O novo texto do papa argentino salienta a importância central da fé cristã contra a "enorme amnésia no nosso mundo contemporâneo" causada pela confiança excessiva na tecnologia e nas "verdades subjetivas do indivíduo". "Quando a fé está enfraquecida, as fundações da humanidade também correm o risco de serem enfraquecidas", disse Francisco, no texto divulgado três dias antes de uma visita dele a Lampedusa, pequena ilha localizada ao sul da Sicília conhecida por atrair imigrantes clandestinos do norte da África, inclusive milhares que morrem sem conseguir concluir a travessia.
Mas a encíclica de 82 páginas, que é uma carta aos bispos e fiéis apresentando a visão do papa sobre doutrina e outras questões, deixa claro que ele não vê um rompimento fundamental em termos teológicos com Bento XVI, a quem expressa gratidão.
Igreja abalada
A encíclica vem no momento em que a Igreja enfrenta uma nova turbulência com o escândalo envolvendo o banco do Vaticano, após a prisão de um prelado e a renúncia de dois dos principais gestores do banco, conhecido oficialmente como Instituto Obras de Religião (IOR).
O chefe da Igreja Católica já nomeou uma comissão de inquérito para se familiarizar com os problemas do IOR. Limpar uma instituição notória por sua falta de transparência será um dos mais espinhosos desafios do papa Francisco.
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