Os projetos de mobilidade urbana no país sofrem com planos malfeitos e lentidão nas obras, em contraste com o quadro apresentado pelo governo federal depois das manifestações nas ruas. Como consequência, os investimentos são reduzidos.
Ao apontar a mobilidade como um dos alvos do "pacto" proposto pela presidente Dilma Rousseff, o governo informou que havia R$ 89 bilhões em projetos já "em carteira" e prometeu investir mais R$ 50 bilhões em obras de metrô, VLT (veículos leves sobre trilhos) e BRT (ônibus rápido).
Até o momento, o Tesouro Nacional ainda não detalhou de onde virão os recursos para os novos investimentos. E os números dos projetos já anunciados são inflados e não revelam que têm como fonte principal os hoje vazios cofres de Estados e municípios.
A Folha levantou os recursos já efetivamente usados nesses projetos desde 2010. Não chegam a R$ 20 bilhões, cerca de 25% do que o governo federal informa ter em carteira.
Do dinheiro que já saiu dos cofres públicos, a menor parte é federal. Nos últimos três anos e meio, o orçamento do ministério das Cidades, responsável por repassar dinheiro para essas obras, só registra R$ 1,5 bilhão de pagamentos para novas obras no setor, a maior parte na rede federal de metrôs.
Pouco foi repassado para Estados e municípios executarem obras.
A estimativa de especialistas é que Estados e municípios gastaram cerca de R$ 18 bilhões no setor nesse período, seja com recursos próprios ou com empréstimos obtidos em bancos federais.
O Estado de São Paulo, o que mais gasta no setor, tem obras financiadas pelo governo federal, com orçamento próprio e com financiamentos internacional.
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