domingo, 11 de agosto de 2013

Tratamento do câncer ICC atende uma média de 730 pacientes por dia

A unidade sofre com a sobrecarga de demanda; existem apenas cinco centros de referência no País
Uma doença que maltrata. O câncer está cada vez mais presente no cotidiano dos cearenses e lotando os hospitais. A maior unidade de tratamento do Estado, o Instituto do Câncer do Ceará (ICC), tem sofrido com a sobrecarga de atendimento. Recebeu, só neste primeiro semestre, média de 154 mil pacientes, cerca de 730 por dia. Essa rede de atendimento especializado está bem reduzida: existem apenas cinco centros integrados no Brasil (um deles é o próprio ICC) e outros no Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e na Bahia.

Somente neste ano, adianta o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Estado do Ceará deverá ter mais de 17 mil novos casos de câncer. Estão na lista dos mais comuns os tipos registrados na próstata (2.110), mama (1.770) e colo de útero (850)
E a tendência é de aumento da incidência. Neste ano, o Ceará deverá ter mais de 17 mil novos casos de câncer, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Os três casos mais comuns são: próstata (2.110), mama (1.770) e colo de útero (850).

Mas como manter uma qualidade do tratamento com tamanha procura? Esse é o grande desafio hoje no ICC, diz o superintende clínico, Reginaldo Costa. "Temos uma certa sobrecarga sim. A cada dia cresce o atendimento nas áreas de cirurgias, quimioterapia e radioterapia".

Para evitar o caos, tudo passa pela organização e escolha de prioridades: pacientes mais graves são operados com mais urgência enquanto os mais estáveis aguardam a vez. Existe uma rígida classificação dos riscos, um reforço nas equipes clínicas.

Recebendo pacientes de todo o Ceará e de outros estados, mais de 70% dos atendimentos são do Sistema Único de Saúde (SUS). Além dos doentes mais graves, o ICC realiza um atendimento precoce, de diagnóstico. "O ideal seria trabalhar só com os pacientes que já estão com o caso confirmado. Acabamos por atender tudo", relata. Os doentes ficam em uma fila, às vezes até por dois meses, mas a média de espera é no máximo de até 70 dias. "A fila da cirurgia de mama está zerada", diz o superintendente Reginaldo Costa.

Mesmo com os mais de 730 atendimentos diários, Costa revela que a unidade atua hoje com certificação de qualidade em nível máximo de segurança. "A humanização é nosso grande diferencial. Sabemos da dor das pessoas e, por isso, oferecemos nosso melhor, a tecnologia mais avançada e a atenção necessária para garantir o conforto e a qualidade de vida", finaliza Costa.

Humanização

O advogado Cláudio Silva, 28, conhece bem a luta contra esse mal. Acompanhando o tratamento da mãe desde 2009, ele aponta a humanização como o grande diferencial do Instituto, mesmo com a sobrecarga, principalmente entre os enfermos que dependem do SUS. "Quando você vai para o ICC tem uma abordagem diferente, mais solidária, acompanhamento bem afetivo. Há uma liberdade para visitas, uma compreensão muito interessante da doença para além só dos remédios. Às vezes há muita lotação, mas todo mundo é atendido. Demora, mas é eficiente".

CE terá novos equipamentos
Um acordo entre o Ministério da Saúde e os gestores hospitalares promete dar mais qualidade ao tratamento de câncer e esperança aos que sofrem com tal enfermidade. Novos equipamentos devem chegar, até o começo de 2014, ao Ceará. Um deles é o acelerador linear de partículas, um aparelho de grande precisão para a radioterapia clínica.

Em reunião com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o provedor da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, Luiz Marques, recebeu a boa nova: a instituição será agraciada com o acelerador e foi escolhida entre 50 hospitais do Brasil por ter sido, no Ceará, a unidade que realizou maior número de cirurgias de câncer em 2011, ano de referência para implantação do Programa de Radioterapia contra o Câncer. Foram mais de 2.080 intervenções realizadas à época.

Além do equipamento, o Ministério fará também a construção da Casamata para receber o acelerador e o treinamento do pessoal que ira operacionalizar.

Conforme o provedor Luiz Marques, o ministro Alexandre Padilha informou ainda que a licitação para compra do equipamento já está em preparação, que deve acontecer dentro de 60 dias para que até julho de 2014 sejam instalados os dez primeiros equipamentos em todo o Brasil, como parte do Programa.

Ainda segundo o provedor, o Acelerador Linear de Partículas permite diagnósticos menos invasivos e possibilita maior precisão nos tratamentos. "Isso vai dar mais segurança, esperança e qualidade de vida aos doente da rede pública", relata o provedor.

O Instituto do Câncer do Ceará (ICC) já conta hoje com quatro aparelhos em Fortaleza e um na cidade de Sobral, ainda em fase de instalação. A expectativa é que o instituto também seja agraciado com outros dois, assim como outros hospitais.

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