“As
seitas vêm-se multiplicando no mundo contemporâneo. Suscitam certa
confusão pela maneira convicta como se apresentam, dando a entender que
são as portadoras exclusivas de salvação para a humanidade”.
Dom Estêvão Bettencourt (1919-2008)Ínclito Teólogo Beneditino
Dom Estêvão Bettencourt, foi a maior autoridade do mundo sobre religiões, seitas e heresias. Suas aulas, palestras, apostilas, revistas e livros são referências magistrais dentro e fora do campo acadêmico. Só a revista Pergunte e Responderemos foi por ele publicada por mais de 50 anos.
O seu legado fez escola e despertaram as consciências para o perigo dos novos movimentos religiosos heréticos.
Dom Estêvão informou e formou toda uma
geração para o grande alerta dos ensinos errôneos das religiões, os
males das seitas e a confusão terrível das heresias.
Seu último trabalho na revista Pergunte e
Responderemos de maio de 2008, foi desfazer a mentira de um panfleto de
autores anônimos protestantes que implica uma crítica discreta à Igreja
Católica Romana.
Escreve Dom Estêvão: “A campanha proselitista do protestantismo não tem sido muito honesta”.
Na mesma revista Dom Estevão denuncia a obra anticristã do ateu inglês Philip Pullman, “A Bússola de Ouro” (1).
Dom Estêvão foi um dos melhores
professores que já passou em minha vida e me ajudou na formação
eclesiástica e me inspirou a ser um pesquisador de seitas e um estudioso
no fenômeno religioso.
FanatismoDom Estêvão Bettencourt afirmou: “Têm-se multiplicado grupos religiosos em nossos ambientes civis, proferindo sua mensagem, portadora exclusiva de salvação” (2).
Tal mensagem é acompanhada por tamanho
fanatismo, intolerância, difamação contra tudo e todos e eles vão até a
morte por suas loucuras.
Os sectários são os “escolhidos”,
privilegiados de uma “revelação especial”, os “donos da verdade”, só
eles “entendem a Bíblia”, são os portadores únicos dos dons espirituais,
daí, somente eles serão salvos. “Quem não faz parte do seu grupo vai
para os quinto do inferno”.
O Jornal Extra do dia 03 de Junho de 2008 trouxe uma reportagem de um ato horrível de intolerância religiosa.
Assim diz a reportagem: “O Centro
Espírita Cruz de Oxalá, no Catete, foi invadido e depredado por quatro
jovens de uma igreja (seita) pentecostal. Eles ofenderam as pessoas e
obrigaram a abrir a porta e invadiram o Centro. Em seguida, quebraram
todas as imagens de santos, mesas e cadeiras. Eles falaram que as
imagens estavam com o demônio” (3).
O pastor e professor do Instituto
Metodista Bennett – Rio de Janeiro, Edson Fernando de Almeida disse: “O
fel da intolerância, da projeção no outro do que há de mais diabólico no
ser humano, manifesta-se com intensidade em nossos dias. O ataque de
quatro jovens adoecidos por uma religiosidade mórbida a um centro
umbandista no Catete é um triste exemplo. Dói no coração saber que esses
meninos na flor de sua juventude estão dispostos a matar em nome de
Deus”. (4).
É de nossa responsabilidade alertar a
nossa sociedade contra certos grupos religiosos que alienam, manipulam e
escravizam os seus adeptos para desordem mental, familiar e social.
Como nunca antes na história da
humanidade, vivemos no mundo tomado por religiões, seitas e heresias
capitalistas, sexistas, bizarras e catastróficas.
O nosso trabalho é despertar sempre a
nossa sociedade desse perigo constante. A seita empobrece os seus fiéis,
matando-os a mente, o corpo e a alma.
Não se deve fazer experiência sectária, você pode ser uma vítima
fatal de toda a sua armadilha e sedução. Muito cuidado com convites e os
presentes que os sectários oferecem a você gratuitamente ou não. O
melhor é não receber e não participar dos seus eventos.Seitas e dinheiro
Para alguns sociólogos americanos, o que determina a existência de tantas crenças, nos Estados Unidos não é a necessidade de uma experiência espiritual, mas a conjuntura econômica. Segundo eles, as leis de mercado também valem para os movimentos religiosos. Esse grupo de pesquisadores acredita que a concorrência determina as relações religiosas, e quem frequenta uma igreja pode ser considerado uma espécie de consumidor, capaz de mudar de um culto para outro como quem sai de um supermercado e entra em outro. Rodney Stark, professor de Sociologia da Universidade de Wisconsin, é um dos expoentes desta visão mercadológica da fé. Desprezando qualquer preocupação com as verdades espirituais, ele considera bom que uma sociedade seja repleta de religiões diferentes, como se escolher uma fé fosse igual a optar por um tipo de refrigerante, dentre tantos em uma prateleira. Nem é preciso dizer que as ideias de Stark e seus seguidores incomodaram diversos pastores americanos. Mesmo no meio da comunidade acadêmica, há quem discorde dessa forma capitalista de enxergar as experiências de fé. Steve Bruce, que trabalha na Universidade de Aberdeen, na Escócia, afirmou, em um texto publicado recentemente, que seus colegas americanos têm exercido uma “influência maligna” sobre a sociologia da religião. (5).
Morte nas Seitas
A cada ano cerca de duas mil pessoas saem de suas casas nos Estados Unidos e no Canadá e nunca mais voltam: elas submergem no labirinto sombrio dos cultos e seitas. O dramático caso de suicídio coletivo de 39 crentes do Heaven’s Gate, em San Diego é exemplar. Sua estrutura como a da maioria de seus concorrentes, se dava através de um líder carismático. As semelhanças entre David Koresh – dos Davidianos, mortos durante um cerco policial na cidade texana de Waco, em 1992 – e John Withcapple, do Heaven’s Gate, são significativas: ambos se diziam ser o filho de Deus e seu oráculo.
Só recentemente os cultos americanos
ficaram caracterizados pela violência. O mais antigo é o da “família”
Charles Manson. O líder era um desocupado que havia passado a maior
parte de sua vida na cadeia, mas que conseguiu com seus discursos juntar
adoradores. Na noite de 9 de agosto de 1969, Manson mandou quatro de
seus discípulos à casa do diretor cinematográfico Roman Polanski, no
luxuoso bairro de Bel Air, em Los Angeles. Polanski filmava em Londres,
mas sua esposa, a atriz Sharon Tate, 26 anos, estava grávida de oito
meses e recebia alguns amigos num jantar íntimo. Ela foi esfaqueada 16
vezes e depois enforcada. Seus convidados também foram mortos.
Já em 1978, mais de 900 pessoas morreram
nas selvas da Guiana, após tomarem uma mistura de “K-suco” e cianureto.
Eles pertenciam a uma seita chamada Templo do Povo, organizada em torno
do pastor evangélico Jim Jones. Ele havia transferido sua seita de
Indianápolis, passando por Redwood Valley, na Califórnia, até as matas
sul-ameircana. Ato tão chocante quanto o cerco ao Ramo Davidiano, do
líder David Koreh, em 1992. Ele era um cantor de rock medíocre, mas com
domínio da Bíblia e carisma de ídolo pop. Seu grupo montou autêntico
arsenal num sítio nos subúrbios da cidade de Waco, no Texas.
As autoridades americanas passaram a investigá-los e uma desastrada tropa de choque tentou invadir o Q.G. dos Davidianos. Foram repelidos à bala.
As autoridades americanas passaram a investigá-los e uma desastrada tropa de choque tentou invadir o Q.G. dos Davidianos. Foram repelidos à bala.
Começava um cerco que terminaria somente
no dia 15 de abril, com suicídio coletivo de 80 pessoas. A maneira
escolhida por Koresh foi o tiro na nuca dos fiéis com os corpos sendo
consumidos pelo fogo. Até hoje as autoridades americanas têm de
enfrentar o culto dos Davidianos. Um exército de vingadores de Koresh
armou-se contra o governo para protestar. Um destes “soldados” é o
terrorista Tim McVeigh, que no dia 19 de Abril de 1995 explodiu um
edifício público em Oklahoma City, matando 160 pessoas.
Provocar mortes não é privilégio das
seitas americanas. Desde 1994, o Templo do Sol, que se originou na
França, espalha mortes nos países de língua francesa. No total, 74 fiéis
se suicidaram em rituais que provocaram o incêndio de casas na França,
Canadá e Suíça. A seita japonesa Aum Shinrikyo não se limitou a matar
seus próprios discípulos, em 1995, no Japão. Comandados pelo guru Shoko
Asahara instalaram o pânico no metrô de Tóquio ao contaminar com gases
tóxicos 16 estações. Resultado: dez mortos e 5.500 intoxicados (6).
Contra as SeitasOs deputados da França decidiram mobilizar-se contra as seitas que tentam sua disseminação no país. Novas leis visam instaurar forma mais rápida de restrição à liberdade religiosa. Um dos resultados dessa mobilização foi o fato dos prefeitos franceses ganharem autonomia para impedir a instalação de qualquer templo pertencente a organismo considerado suspeito pelo Estado. Além disso, foi criada a figura jurídica do crime de manipulação mental, que pode resultar em cinco anos de detenção e multa de US$ 70 mil. Dentre os 700 cultos e seitas listados como ameaças para a sociedade, estão: a Cientologia (da qual fazem parte os atores John Travolta e Tom Cruise), Nova Acrópole e as Testemunhas de Jeová. Algumas denominações evangélicas também foram incluídas nesta lista (7).
Paganismo no Reino Unido
Paganismo e bruxaria são palavras que estão cada vez mais em voga no Reino Unido, país que, durante séculos, tem sido majoritariamente cristão. O número de adeptos de seitas com origem nas culturas pagãs dos novos primitivos da Europa, como os celtas e gauleses, vem crescendo nos últimos anos. Hoje, mais de 40 mil pessoas declaram-se pagãs na Inglaterra, o que faz deste o oitavo grupo religioso do país. A Federação Pagã da Grã-Bretanha, representante de muitas seitas místicas, estima que já existam entre 50 mil e 200 mil adeptos do paganismo por lá (8).
Sacrifícios de gatos para ficar Invisível
Existe um grande número de seitas na Espanha, porém a mais perigosa é conhecida como La secta del livre. Entre as práticas do grupo estão os contínuos sacrifícios de gatos e queima de livros na liturgia, fato que pode causar incêndio nos prédios vizinhos aos lugares de reunião. Seus adeptos fazem isso porque creem que podem tornar-se invisíveis se matam gatos um a um na quinta-feira e cortam as cabeças dos felinos na sexta-feira, em hora marcada, devendo a cara do animal estar voltada para o oriente. Colocam sementes nos olhos, boca e nariz dos gatos e deixam até que gangrenem. Quando estão bem maduras, colocam-nas num prato e as introduzem uma a uma em suas bocas, mantendo um espelho na mão esquerda. Conforme vão comendo as favas, vão contemplando a imagem desaparecer (9).
Apologética
Pelos números do IBGE, as religiões e seitas que esperam de alguma forma o apocalipse reúnem 30 milhões de adeptos no Brasil. Especialistas canadenses calculam que 20 mil novos movimentos religiosos atuam no mundo, 200 deles baseados em cartilhas extremistas que pregam suicídio e até assassinatos.
O sociólogo Lisias Nogueira Negrão,
professor da USP, estabelece a diferença entre religião e seitas.
“Igrejas são grupos estabelecidos, vinculados à sociedade”. Já “as
seitas são movimentos emergentes que apresentam restrição ou desconforto
em relação à regra teológica e apresentam contestações aos valores
sociais estabelecidos” (10).
Definição de seita por Dom Estêvão
Bettencourt: “Uma seita (vem de sectário) é uma dissidência ou um grupo
fechado que julga estar o mundo corrupto, e pretende ter a verdade como
patrimônio seu e solução para todos os problemas da humanidade. Os
membros das seitas são geralmente submetidos a um regime autoritário,
imposto por um líder “iluminado”, que lhes dificulta o senso crítico”
(11).
As seitas são grandes desafios para os estudiosos, Igreja e a sociedade.
Por detrás das seitas existe todo um
projeto ganancioso que faz das pessoas objetos e mercadorias. Cujo
objetivo é a construção de um império econômico e religioso.
É de bom alvitre e de uma abissal caridade denunciar todo o projeto sectário para o bem de todos e ordem na sociedade.
O Documento de Aparecida procede muito bem no incentivo da restauração da Apologética Cristã sobre o perigo das seitas:
“Hoje se faz necessário reabilitar a
autêntica apologética que faziam os Pais da Igreja como explicação da
fé. Mais do que nunca os discípulos e missionários de Cristo de hoje
necessitam de uma apologética renovada para que todos possam ter vida
nEle” (Nº 229).
“No fiel cumprimento de sua vocação
batismal, o discípulo deve levar em consideração os desafios que o mundo
de hoje apresenta à Igreja de Jesus, entre outros: o êxodo de fiéis
para seitas e outros grupos religiosos” (Nº 185).
“Para cumprir sua missão com
responsabilidade pessoal, os leigos necessitam de sólida formação
doutrinal, pastoral, espiritual e adequado acompanhamento para darem
testemunho de Cristo e dos valores do Reino no âmbito da vida social,
econômica, política e cultura” (Nº 212).
Conclusão:Faraós, reis, imperadores e magos quiseram e fingiram ser Deus para dominar e matar os subordinados, todavia, o único Deus verdadeiro se fez homem para libertar e dar vida a todas as criaturas.
Junto com a soberba humana, o diabo
coloca na mente dos líderes sectários que não basta ser homem e sim Deus
ou vice Deus para ficar por cima dos outros e poder convencer e até
eles mesmos desse engano mortal.
A mentira religiosa dá um retorno lucrativo para os falsos líderes maior do que qualquer outra área secular.
A omissão do ensinamento da doutrina
cristã, o relaxamento dos fiéis e a opressão do falso líder religioso,
deixam os sectários na depressão para causar neles uma explosão de
fanatismo.
O fanatismo religioso é a pior forma de violência. A sua ação maléfica destrói o corpo, a mente e a alma.
É de suma importância à denúncia sobre as seitas e a conscientização sobre seus males.
Pe. Inácio José do ValePesquisador de Seitas
Professor de História da Igreja
Especialista em Ciência Social da Religião
E-mail: pe.inaciojose.osbm@hotmail.com
Referências:
Pergunte e Responderemos, Maio de 2008, pp. 197, 230 e 232.
Pergunte e Responderemos, Dezembro de 2007, p. 545.
Extra, 03/06/2008, p. 13.
O Globo, 08/06/2008, p.36.
Graça, Julho de 2001, p.41.
Isto é, 16/04/1997, pp. 96 e 97.
Graça, Agosto de 2000, p. 76.
Graça, Edição nº 85, p.62.
Revista Fiel, Setembro de 2002, p.7.
Isto é, 16/04/1997, pp. 92 e 95.
Pergunte e Responderemos, nº 417, 1997, p.56.
BETTENCOURT, Estêvão. Igreja Católica, Denominações Cristãs e Correntes Religiosas, Aparecida, SP: Santuário, 1999.
AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz. Falsas Doutrinas, Seitas e Religiões, Lorena, SP: Cléofas, 2006.
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