sábado, 1 de fevereiro de 2014

Ensinamentos da Igreja sobre a morte


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A Gaudium et Spes, do Vaticano II diz que: “É diante da morte que o enigma da condição humana atinge o seu ponto mais alto” (GS 18). Em certo sentido, a morte corporal é natural; mas, para a fé, ela é na realidade “salário do pecado” (Rm 6,23; Gen 2,17). E, para os que morrem na graça de Cristo, é uma participação na morte do Senhor, a fim de poder participar também de sua Ressurreição (Rm 6,3-9).
A igreja ensina que o nosso sofrimento é consequência do pecado original, por isso o homem deve sofrer “a morte corporal, à qual teria sido subtraído se não tivesse pecado” (GS 18).
Como acontece com todos os seres vivos da terra, a morte aparece como fim normal da vida. A lembrança de nossa morte recorda-nos de que temos um tempo limitado para realizar nossa vida: “Lembra-te de teu Criador nos dias de tua mocidade (…) antes que o pó volte à terra de onde veio, e o sopro volte a Deus que o concedeu” (Eclo 12,2.7).
A morte é consequência do pecado. Embora o homem tivesse uma natureza mortal, Deus o destinava a não morrer, é o que nos revela o Livro da Sabedoria:
“Ora, Deus criou o homem para a imortalidade, e o fez à imagem de sua própria natureza. É por inveja do demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prova-la-ão.” (Sb 2,23).
A morte foi, portanto, contrária aos desígnos do Criador e entrou no mundo como consequência do pecado. Ela será o “último inimigo” do homem a ser vencido (1Cor 15,26). Então, desaparecerá a maravilha que será o mundo quando o Reino do Messias se implantar definitivamente, e todo pecado por abolido:
“Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes. Sobre ele repousará o Espírito do Senhor, Espírito de sabedoria e de entendimento, Espírito de prudência e de coragem, Espírito de ciência e de temor ao Senhor… Então o lobo será hóspede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos, e um menino pequeno os conduzirá; a vaca e o urso se fraternizarão, suas crias repousarão juntas, e o leão comerá palha com o boi. A criança de peito brincará junto à toca da víbora, e o menino desmamado meterá a mão na caverna da serpente. Não se fará mal nem dano em todo o meu santo monte, porque a terra estará cheia de ciência do Senhor, assim como as águas recobrem o fundo do mar” (Is 11,1-9).
A morte foi transformada por Cristo Jesus, o Filho de Deus, que sofreu Ele também a morte, própria da condição humana. Todavia, apesar do seu pavor diante dela (Mc 14,33-34), assumiu-a em um ato de submissão total e livre à vontade de seu Pai. A obediência de Jesus transformou a maldição da morte em benção:
“Assim como pela desobediência de um só homem foram todos constituídos pecadores, assim pela obediência de um só todos se tornarão justos. Sobreveio a lei para que abundasse o pecado. Mas onde abundou o pecado, superabundou a graça. Assim como o pecado reinou para a morte, assim também a graça reinaria pela justiça para a vida eterna, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 5,19-21).
Por isso, agora, graças a Cristo Jesus, o sentido da morte cristã tem um sentido novo e positivo. São Paulo chega a dizer: “Para mim, a vida é Cristo, e morrer é lucro” (Fl 1,21). “Fiel é esta palavra: se com Ele morremos, com Ele viveremos” (2Tm 2,11). Há uma novidade essencial na morte cristã: “pelo Batismo, o cristão já está sacramentalmente “morto com Cristo” para viver uma vida nova; e, se morrermos na graça de Cristo, a morte física consuma esse “morrer com Cristo” e completa, assim, nossa incorporação a Ele em seu ato redentor” (Cat. S1010).
A igreja ensina que, na morte, Deus chama o homem a si. É por isso que o cristão pode sentir, em relação à morte, um desejo semelhante ao de S. Paulo: “O meu desejo é partir e estar com Cristo” (Fl 1,23) e pode transformar sua própria morte em um ato de obediência e de amor ao Pai, cheio de méritos, como Cristo fez, e entregar o espírito com confiança nas mãos do Pai. (cf. Lc 23,46)
Com o Sacramento da Unção dos Enfermos a Igreja nos encoraja à preparação da hora da nossa morte; a pedir à Mãe de Deus que interceda por nós “na hora da nossa morte” (Ave-Maria) e a entregar-se a São José, padroeiro da boa morte.
Com base na “Comunhão dos Santos”, a Igreja recomenda os mortos à misericórdia de Deus e oferece em favor deles sufrágios, particularmente o santo sacrifício da Santa Missa e as indulgências. Se quiser conhecer melhor sobre as indulgências, leia o nosso livro “O que são as Indulgências” (www.cleofas.com.br).
A Igreja sempre rezou pela alma dos falecidos; em todas as Missas, na Oração Eucarística, ela pede de modo especial por eles.
“Reconhecendo cabalmente esta comunhão de todo o corpo místico de Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os primeiros tempos da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos defuntos(…) e ‘já que é um pensamento santo e salutar rezar pelos defuntos para que sejam perdoados de seus pecados’ (2Mc 12,46), também ofereceu sufrágios em valor deles” (LG 50).
Ensina o Catecismo que: “A nossa oração por eles pode não somente ajuda-los, mas também tornar eficaz a sua intercessão por nós” (S 1058). Isto quer dizer que as almas do Purgatório intercedem por nós.
Retirado do livro “Unção dos enfermos”- Coleção Sacramentos- Ed. Canção Nova

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