“Bem
mais do que o povo hoje tem consciência, a Igreja Católica moldou o
tipo de civilização em que vivemos e o tipo de pessoas que somos. Embora
os livros textos típicos das faculdades não digam isto, a Igreja
Católica foi a indispensável construtora da Civilização Ocidental”. Dr.
Thomas Woods
Infelizmente muitos estudantes
secundários e universitários têm uma visão deformada a respeito da
Igreja Católica, sua vida e sua História. Isto tem muito a ver com a
imagem errada que muitos professores, de várias disciplinas,
especialmente História, lhes passam. Isto gera nos estudantes uma
aversão à Igreja desde os bancos escolares. Também a mídia, muitas
vezes, cujos elementos foram formados nas mesmas universidades, é a
causa de uma visão negativa e deturpada da Igreja. Há uma má vontade
explícita contra a Igreja.
O livro “Código da Vinci”, e depois o
filme de mesmo nome, bem como inúmeras matérias fantasiosas sobre a
Igreja, sem provas históricas ou científicas, aumentaram em todo o
mundo, ainda mais, esta visão de que a Igreja Católica é uma Instituição
corrupta, perversa, que inventou a divindade de Cristo, e que sobre
este mito criou uma Instituição poderosa e dominadora, e que a custa de
sangue sempre se impôs ao mundo.
Nada mais errado e perverso. Mas, mesmo
assim, as últimas pesquisas de opinião pública mostram que a Igreja está
entre as primeiras instituições que têm a confiança do povo.
É hora de os jovens estudantes,
especialmente os católicos, conhecerem o outro lado dessa “História” que
é mal contada nas escolas. Hoje é lhes mostrado apenas as “sombras” da
vida da Igreja, mas há uma má vontade imensa que encobre as “luzes”
brilhantes de sua História de 2000 anos. Uma bem montada propaganda
laicista no mundo anti-Igreja Católica, envenena os jovens e os joga
contra a Igreja.
Foi a Igreja quem salvou e quem moldou a
nossa rica Civilização Ocidental da qual nos orgulhamos, onde se preza a
liberdade, os direitos humanos, o respeito pela mulher e por cada
pessoa. Sem o trabalho lento e paciente da Igreja durante cerca de dez
séculos, após a queda do Império Romano e a ameaça dos bárbaros, o
Ocidente não seria o mesmo.
Foi esta civilização moderna, gerada no
bojo do Cristianismo que nos deu o milagre das ciências modernas, a
saudável economia de livre mercado, a segurança das leis, a caridade
como uma virtude, o esplendor da Arte e da Música, uma filosofia
assentada na razão, a agricultura, a arquitetura, as universidades, as
Catedrais e muitos outros dons que nos fazem reconhecer em nossa
Civilização a mais bela e poderosa civilização da História. E a
responsável por tudo isto foi a Igreja Católica, diz o historiador
americano Dr. Thomas Woods, PhD de Harvard, nos EUA. Ele afirma que:
“Bem mais do que o povo hoje tem
consciência, a Igreja Católica moldou o tipo de civilização em que
vivemos e o tipo de pessoas que somos. Embora os livros textos típicos
das faculdades não digam isto, a Igreja Católica foi a indispensável
construtora da Civilização Ocidental. A Igreja Católica não só eliminou
os costumes repugnantes do mundo antigo, como o infanticídio e os
combates de gladiadores, mas, depois da queda de Roma, ela restaurou e
construiu a civilização”. [Woods, 2005, p. 7]
Em sua obra o Dr. Thomas apresenta
muitas referências de historiadores atuais que confirmam o trabalho da
Igreja na construção da Civilização Ocidental; algumas dessas citações
estão citadas em nossa Bibliografia no final deste livro para quem
desejar se aprofundar no assunto. Como não tenho acesso a todas elas,
fiz uso de várias de suas citações referenciadas na Bibliografia.
Foi a Igreja quem humanizou o Ocidente
insistindo na sociabilidade de cada pessoa humana. Mas infelizmente tudo
isto é silenciado pelos que não gostam da Igreja; por isso, é essencial
recuperar esta verdade intencionalmente escondida e abafada.
Há hoje no mundo um anti-Catolicismo
espalhado pela mídia e pelas universidades. É dito aos jovens,
mentirosamente, que a História da Igreja é uma história de ignorância,
repressão, atraso e estagnação, quando a realidade é exatamente o
contrário, como têm mostrado muitos historiadores modernos, e como
veremos neste livro.
Na verdade a Igreja soube aproveitar o
que há de bom na civilização grega e romana, não as desprezou, e soube
com os valores cristãos moldar a nossa Civilização.
É preciso saber distinguir entre a
“Pessoa” da Igreja, fundada por Cristo, divina, santa, e as “pessoas” da
Igreja que são seus filhos, santos e pecadores. Muito se exagera, por
exemplo, sobre a Inquisição e as Cruzadas; e se quer analisá-las fora do
contexto da época. Isto é um absurdo histórico; ninguém pode entender
um fato fora do seu contexto moral, social, psicológico, religioso,
etc., da época. Um texto retirado do contexto se torna pretexto; e neste
caso para se atacar, denegrir e tentar destruir a Igreja Católica, como
se ela fosse vencível neste mundo.
A maioria das pessoas reconhece a
influência da Igreja na música, na arte e na arquitetura, mas a
influência da Igreja foi muito maior do que se pensa e se conhece.
Muitos, mal informados, pensam que centenas de anos antes da época do
Renascimento (século XVI), a Idade Média, foi um tempo de ignorância e
repressão intelectual, sem brilho, como se fosse um tempo negro onde se
imperou somente a superstição e a magia, como se em nome de Jesus
Cristo, a ciência e o progresso fossem banidos. Nada mais errado. A
Idade média cristã foi, na verdade, um tempo de grande desenvolvimento
religioso, cultural e artístico, como veremos.
Nossa Civilização tem uma enorme dívida
com a Igreja pelo sistema universitário, pelo trabalho de caridade
realizado, pelo advento da lei internacional, o desenvolvimento das
ciências, das artes, da música, do direito, da economia e muito mais. A
Igreja Católica salvou e construiu a Civilização Ocidental. Com muita
rapidez os críticos da Igreja Católica levantam e expõem os erros dos
seus filhos em todos os tempos, mas, solertemente escondem as grandes
realizações da Igreja em prol da humanidade.
O Dr. Thomas Woods mostra que nos
últimos quinze anos, muitos historiadores e pesquisadores como A.C.
Crombie, David Lindberg, Edward Grant, Stanley Jaki, Thomas Goldstein,
J. L. Heilbron, Rodney Stark, Alvin Schmidt, Robert Phillips, Kenneth
Pennington, Daniel Rops, Joseph Needhem, Charles Montalembert, Joseph
Mac Donnell, Phillip Hughes, David Knowles, William Lecky, Harold Broad,
Michel Davies, Jean Gimpel e muitos outros, mostraram a grande
contribuição da Igreja para o desenvolvimento de nossa atual
Civilização.
Por exemplo, a contribuição da Igreja
para o desenvolvimento da ciência foi enorme; muitos cientistas foram
padres. Pe. Nicholas Steno, é considerado o “pai da geologia”. O “pai da
egiptologia” foi o padre Athanasius Keicher. A primeira pessoa a medir a
taxa de aceleração de um corpo em queda livre foi o Pe. Giambattista
Riccioli. Pe Rober Boscovitch é considerado o pai da moderna teoria
atômica. Os jesuítas se dedicavam ao estudo dos terremotos tal que a
sismologia veio a ser conhecida como a “ciência Jesuítica”. Trinta e
cinco crateras da lua foram nomeadas por cientistas e matemáticos
jesuítas.
J. L. Heilbron (1999), da Universidade da Califórnia em Berkeley, disse que:
“A Igreja Católica Romana deu mais
suporte financeiro e social ao estudo da astronomia por mais de seis
séculos do que qualquer outra instituição”. Woods afirma que “o
verdadeiro papel da Igreja no desenvolvimento da ciência moderna
permanece um dos mais bem guardados segredos da história moderna” [p.
5].
Foram os monges da Igreja que preservaram a herança literária do mundo Antigo após a queda de Roma diante dos bárbaros em 476.
Reginald Grégoire (1985) afirma que os
monges deram “a toda a Europa… uma rede de fábricas, centros de criação
de gado, centros de educação, fervor espiritual,… uma avançada
civilização emergiu da onda caótica dos bárbaros”. Ele afirma que: “Sem
dúvida alguma São Bento (o mais importante arquiteto do monarquismo
ocidental) foi o Pai da Europa. Os Beneditinos e seus filhos foram os
Pais da civilização Europeia”.
O desenvolvimento do conceito de “lei
internacional” é atribuída aos pensadores dos séc. XVII e XVIII, mas na
verdade surgiu no séc. XVI nas universidades espanholas católicas e foi o
Padre Francisco de Vitória, professor, quem ganhou o título de “pai da
lei internacional”. A lei ocidental é uma dádiva da Igreja; a lei
canônica foi o primeiro sistema legal na Europa, o que deu início ao
primeiro corpo coerente de leis.
Segundo Harold Berman (1974), “foi a
Igreja que primeiro ensinou ao homem ocidental um sistema moderno de
lei. A Igreja primeiro ensinou que conflitos, estatutos, casos, e
doutrina podem ser reconciliadas por análises e sínteses”. A formulação
dos direitos, que surgiu da civilização ocidental, não veio de John
Looke e Thomas Jefferson, mas muito antes, das leis canônicas da Igreja
Católica.
Alguns historiadores de economia antiga
afirmam que a moderna economia, surgiu com Adam Smith e outros teóricos
da economia do séc. XVIII, mas estudos recentes estão mostrando a
importância do pensamento econômico dos Escolásticos da Igreja,
particularmente os teólogos católicos espanhóis e séc. XV e XVI. O
grande economista Joseph Schumpeter considera que esses pensadores
católicos foram os fundadores da ciência econômica moderna.
Woods cita Lecky, um historiador do séc.
XIX, crítico contra a Igreja, que admitiu que, tanto no campo
espiritual como no compromisso da Igreja com os pobres, foi feito algo
novo no mundo ocidental e que representou um grande crescimento em
relação à Antiguidade.
Assim, a Igreja berçou a Civilização
Ocidental em todos os seus campos: arte, filosofia, física, matemática,
música, arquitetura, direito, economia, moral, ciência, letras, línguas,
etc…
Para se ter ideia da importância da
Civilização Ocidental, construída pela Igreja Católica, basta ver, por
exemplo, a noticia de 29 janeiro de 2007, publicada pela EFE que diz:
“Intocáveis da Índia poderão entrar em templos”. Ela diz que os “dalit”,
conhecidos como “intocáveis”, pessoas excluídas da sociedade indiana
por estar fora do sistema de castas, poderão finalmente entrar em um
templo de Orissa (leste da Índia) pela mesma porta que o resto da
população, após 300 anos de proibição, conforme informou o jornal
“Hindustan Times”.
Infelizmente hoje o homem
ocidental se afasta de Deus e da Igreja, perigosamente, colocando em
risco a própria civilização. O Papa Bento XVI assim definiu a situação
do mundo hoje:
“[...] no mundo ocidental de hoje
vivemos uma nova onda de iluminismo drástico, ou laicismo, como se
queira chamá-lo. Tornou-se mais difícil ter fé, pois o mundo no qual
estamos é completamente feito por nós mesmos, e nele Deus, por assim
dizer, já não comparece diretamente. Não se bebe mais diretamente da
fonte, mas sim do recipiente em que a água nos é oferecida. Os homens
reconstruíram o mundo por si mesmos, e tornou-se mais difícil encontrar
Deus neste mundo” (Entrevista em Castel Gandolfo, 5 de agosto de 2006 ).
Devemos conhecer ao menos um pouco do
trabalho maravilhoso da Igreja para salvar e construir a nossa rica
Civilização Ocidental. Isto custou o sangue, o suor e as lágrimas de
muitos filhos da Igreja. Se muitos deles não estiveram a altura do lugar
que ocuparam, a grande maioria soube amar a Jesus Cristo e a Sua
Igreja.
Prof. Felipe Aquino
(Retirado do livro: “ Uma história que não é contada”- Ed. Cléofas)
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