sexta-feira, 19 de julho de 2013

Órgão do TJ-CE limita análise de habeas corpus nos plantões

A proposta aprovada na Corte proíbe liberação de presos por excesso de prazo em fins de semana e feriados. Além disso, balanço do plantão deverá ser divulgado na Internet. Novidades ainda serão levadas ao presidente do TJ
Washington Araújo (centro) foi autor das mudanças nas regras

Em nome da tão exigida transparência do Poder Judiciário, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE) aprovou, no fim da tarde de ontem, a sugestão do desembargador Washington Araújo de modificar as regras dos plantões nos fóruns e tribunais do Estado. Pela proposta, o juiz fica proibido de conceder habeas corpus por excesso de prazo, em fins de semana e feriados. O Órgão também entendeu que um balanço das atividades do plantão deve ser publicado na Internet.

O excesso de prazo é um dos fatores que levam o juiz a conceder a liberdade do preso, e ocorre quando o prazo legal de investigação é excedido e o acusado fica mais tempo encarcerado provisoriamente do que deveria. Pela decisão do Órgão do TJ-CE, só poderá deliberar sobre a situação o juiz que já acompanha o caso, e em dias de expediente normal. No último dia 7, em Fortaleza, causou polêmica a liberação de seis acusados de tráfico de drogas por um magistrado plantonista.

A proposta do desembargador Washington Araújo também determina a divulgação no site do TJ-CE de todas as atividades, estatísticas e informações sobre processos julgados e decisões tomadas em cada plantão, como forma de dar mais transparência ao trabalho. A decisão do Órgão Especial será levada ao presidente do Tribunal, Luiz Gerardo Brígido, para que sejam expedidos os atos necessários à implantação das novidades.

Repercussão
O presidente da Associação Cearense dos Magistrados (ACM), Ricardo Barreto, avaliou a proposta com simpatia e reforçou que decisões de habeas corpus relacionadas a processos anteriores ao plantão já não são recomendáveis. “O magistrado que esta de plantão só deve resolver situações que acontecem no próprio plantão. O contrário não é razoável, principalmente quando se trata da liberação de acusados de crimes graves”, afirmou Barreto, que ainda não havia tido acesso ao teor da decisão do TJ-CE.

Questionado se as novidades poderão causar mal estar em alguns setores da classe, o presidente da ACM disse que os magistrados compreendem a necessidade de definir regras dos plantões e que “não há como se opor a uma medida que torna ainda mais transparente esse processo”.

Saiba mais

Os plantões de fim de semana e feriado são cumpridos por revezamento de juízes e desembargadores, na Capital e no Interior.

O objetivo da proposta do desembargador Washington Araújo, aprovada ontem por unanimidade dos 15 presentes, é evitar que magistrados não envolvidos com determinados casos decidam sobre a libertação dos acusados. A situação vinha causando incômodo no Tribunal de Justiça.

A resolução do Conselho do Conselho Nacional de Justiça é inespecífica quanto ao que deve ser considerado urgente e necessariamente apreciado aos sábados e domingos.

Em matéria do O POVO publicada no último dia 11, o presidente do TJ-CE disse que “tem advogado que fica só esperando a lista dos plantonistas para ver se determinado juiz ou desembargador mais flexível vai trabalhar e dar entrada numa matéria”.

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