sexta-feira, 5 de julho de 2013

Temer: reforma para 2014 é ideal

Vice afirmou que governo quer plebiscito este ano. Antes, disse que não havia mais condição temporal
Brasília. O vice-presidente Michel Temer disse ontem que o anúncio feito por ele mais cedo de que o plebiscito sobre a reforma política não valeria para as eleições de 2014 reflete a opinião de líderes da base aliada, e não um recuo do governo.

Depois do encontro com líderes da base, o vice-presidente reuniu-se também com Renan Calheiros, com quem acertou uma reunião na semana que vem para discutir os termos do decreto legislativo sobre o plebiscito FOTO: AGÊNCIA BRASIL

Por volta do meio-dia, após reunião com líderes da base aliada na Câmara, no Palácio do Jaburu (residência oficial da Vice-Presidência), Temer foi claro ao dizer que "não há mais condições" de realizar o plebiscito até outubro deste ano, prazo necessário para que as mudanças passem a valer para 2014.

No entanto, por meio de nota divulgada por volta das 17h, o vice-presidente esclareceu que a declaração não foi feita em nome do governo. "A minha declaração sobre a realização do plebiscito da reforma política relatou a opinião de alguns líderes da base governista na Câmara, em função dos prazos indicados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a consulta popular. Embora reconheça as dificuldades impostas pelo calendário, reafirmo que o governo mantém a posição de que o ideal é a realização do plebiscito em data que altere o sistema político-eleitoral já nas eleições de 2014", diz o texto do vice-presidente.

Na nota, Temer reafirma o compromisso do governo "com a reforma política que amplie a representatividade das instituições por consulta popular".

Até outubro

Para que as regras sejam aplicadas em 2014, o plebiscito sobre a reforma política e o projeto modificando as normas eleitorais têm de ser aprovadas até o dia 5 de outubro. A três meses para o fim do prazo, os parlamentares consideraram improvável fazer a consulta e aplicar as mudanças no próximo pleito.

Na próxima semana, o governo vai reunir os líderes da base no Senado para discutir a elaboração do decreto legislativo destinado a convocar a consulta popular. Os parlamentares calculam que precisarão de, pelo menos, 15 dias para concluir o decreto legislativo para convocação do plebiscito.

Depois da reunião com líderes da base, Temer reuniu-se também com o presidente do Senado, Renan Calheiros, com quem acertou uma reunião na semana que vem para discutir os termos do decreto legislativo que convocará o plebiscito para data ainda a ser definida.

A presidente Dilma Rousseff disse ontem, em Salvador, acreditar na "inteligência, sagacidade e esperteza do povo brasileiro" para responder às perguntas de um plebiscito. "Acho que o povo brasileiro sempre mostrou ao longo de toda a nossa história que suas escolhas sempre foram acertadas. Eu não sou daqueles que acredita que o povo é incapaz de entender porque as perguntas são complicadas. Não é verdade", declarou.

Oposição
A oposição, antes do recuo de Temer, acusou o governo de "fracasso" ao admitir publicamente que não terá condições de viabilizar o plebiscito para valer em 2014. Presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) disse que o plebiscito sobre a reforma política "já nasceu morto".

Ao comentar a declaração de Temer, o tucano disse que a proposta era um "engodo". "O que estamos assistindo, infelizmente para o Brasil, é o fim antecipado de um governo que não consegue dar respostas, não consegue mostrar efetivamente que tem disposição", afirmou.

Ao classificar a proposta do plebiscito de "bumerangue", Aécio disse que o "erro" do governo teve "velocidade própria" que mostrou que ela não seria viável. "A presidente da República está conhecendo a velocidade do erro. A Constituinte durou 24 horas e a proposta do plebiscito não durou duas semanas". 

Nenhum comentário:

Postar um comentário