Os males da humanidade como doenças, distúrbios psicológicos, falta de
poder aquisitivo, e outros incômodos persistentes, no decorrer dos
séculos receberam respostas diversificadas. Tais problemas infindáveis
receberam como tratamento desde atos mágicos, até o uso racional da
ciência, e do recurso à divindade. Quanto á este é bom sempre lembrar
que o Criador colocou em todas as coisas criadas as suas leis, que regem
o funcionamento de tudo.
O recurso à intervenção direta do Pai
Celeste, deve ser considerado o momento dois. Porque o momento um é
fazermos uso dos recursos naturais. Os nossos precursores na fé
expressavam isso com um princípio muito prático: "a graça supõe a
natureza". Isso é, o dom divino só vem depois de termos usado as
soluções ditadas pela inteligência. "Acheguemo-nos ao trono da graça,
para sermos socorridos em momento oportuno" (Heb 14, 16). Só Deus é
capaz de olhar para cada filho seu, como se fosse o único ser existente
no universo.
Um dos pontos que receberam tratamento melhor,
superando soluções milenares de exclusão social, é a hanseníase
(antigamente chamada de lepra). Primeiramente, todos os hansenianos, que
eram muitos, deviam viver isolados, longe das populações.
Posteriormente se criaram – como gesto de consideração – os leprosários.
Era uma segregação total, da convivência com a humanidade. Hoje nada
mais disso é preciso. Os hansenianos, que hoje são muito menos, fazem o
seu tratamento em casa, sem causar problemas a ninguém. "Ele ficou limpo
de sua lepra" (Mt 8,3).
O mesmo se diga das dificuldades
psicológicas. Para as famílias se libertarem de comportamentos
inadequados ou até hostis, os que padeciam de males psíquicos, eram
internados em hospícios, de infeliz memória. Na atualidade, com remédios
eficazes, tais pessoas podem levar uma vida normal, dentro de suas
famílias. E sem incomodar ninguém. O mesmo não se pode dizer das
conseqüências do pecado. Ele faz um mal enorme, tira a paz da alma, as
pessoas se sentem de fato culpadas perante Deus e a humanidade. O
remédio está à disposição: é o sacramento da Confissão que limpa os
corações. E quão pouca gente lança mão desse remédio salutar que Jesus
nos deixou.
DOM ALOÍSIO ROQUE OPPERMANN
SCJ ARCEBISPO DE UBERABA, MG
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