A garantia da sobrevivência, a necessidade de trabalho e até a
busca de um amor criam situações que favorecem a exploração
FOTO: EDUARDO QUEIROZ
Considerado uma problemática grave da atualidade relacionada às questões socioeconômicas, o tema da Campanha, lembrou o padre Lino Allegri, "infelizmente é mais comum do que imaginamos, por isso a importância de que aconteça uma discussão profunda sobre esse assunto".
Promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Campanha da Fraternidade deste ano traz o lema "É para a liberdade que Cristo nos libertou", baseado na passagem bíblica da Carta de São Paulo Apóstolo aos Gálatas capítulo cinco. Segundo padre Lino, o objetivo da Igreja Católica é despertar a consciência das pessoas, sobretudo dos fieis, para vários aspectos da vida que estão relacionados com a dignidade humana, sob a luz do Evangelho.
"A exploração, sob o ponto de vista do trabalho e da sexualidade, bem como o tráfico de seres humanos estão muito presentes entre nós", frisou padre Lino, adiantando que para a Igreja o respeito à vida é sagrado, por isso o que se busca é provocar reflexões e apontar propostas e soluções. Nesse sentido, lembrou que a Campanha da Fraternidade deverá propiciar levantamentos sobre "as formas de escravidão que vêm ocorrendo". Esclareceu que a CNBB escolhe, anualmente, um tema ouvindo as mais diversas sugestões das paróquias e dioceses.
Já a coordenadora do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Secretaria de Justiça do Estado (Sejus), a advogada Lívia Xerez, explicou que nos estados do País existem vários núcleos semelhantes, articulados pelo Ministério da Justiça e que atuam em rede. "O ministério já estava em contato com a CNBB para construir o material alusivo à Campanha da Fraternização que será distribuído nas paróquias", disse ela, acrescentando que "todos nós consideramos a escolha do tema uma vitória desse movimento".
Dificuldades
Lívia Xerez reconheceu ser difícil o trabalho para evitar ou reduzir a ocorrência do tráfico humano, uma vez que está relacionado à vulnerabilidade social e econômica dos prejudicados.
A garantia da sobrevivência, a necessidade de trabalho e até mesmo a busca por um amor criam situações que favorecem a exploração sexual ou o registro de trabalho escravo.
"Há, também, a extração e comercialização de órgãos", ressaltou a advogada. "A vítima viaja para outro estado ou outro país em busca de realizar um sonho, na ilusão de encontrar um amor ou um emprego, mas quando chega ao destino a realidade é outra", citou, explicando ser comum que essa pessoa não esteja em condições sequer de reagir. Adiantou que o Núcleo da Sejus está investigando três denúncias de tráfico, envolvendo cerca de 30 pessoas
No Brasil, informou, essa ocorrência é mais comum do Nordeste para o Sudeste e, em âmbito internacional, principalmente para Europa, Itália, Espanha, Holanda, Suíça e Portugal. "Mas, ainda, é grande o temor de se fazer a denúncia", observou.
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